Rodrigo Maia, o tuiteiro: na rede, presidente da Câmara começa a botar as asas de fora
Apesar de negar interesse em ocupar a Presidência, Maia começa a posicionar liderança nas redes.
SERIA POSSÍVEL RESUMIR em 140 caracteres um discurso de presidente da República? Qual a hashtag ideal para demonstrar interesse no cargo? Pelo comportamento atual do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Twitter, essas bem que poderiam ser perguntas perambulando em sua cabeça. Normalmente ausente da rede, ele resolveu turbinar as postagens nos últimos dias. Coincidência ou não, ao mesmo tempo em que vê seu nome cada vez mais cotado para o lugar de um desgastado Michel Temer. Estaria mesmo surgindo o #golpedogolpe?
A possibilidade de Maia assumir numa eventual queda de Temer o levou nesta sexta-feira (7) aos assuntos mais comentados do Twitter. O #foramaia também apareceu por lá. Enquanto isso, em sua página, o deputado aproveitou para reforçar a necessidade do país atravessar a pinguela da crise. Pediu “tranquilidade” e “prudência”.
Em sua conta no Twitter, antes dos cinco posts feitos enquanto está em viagem à Argentina, há em espaços de tempo um “vazio” de publicações. As postagens anteriores datam de uma lei que o congressista sancionou em 23 de junho, outro post em 14 do mesmo mês, e depois uma publicação apenas em maio. Definitivamente, Maia não é um twitteiro raiz.
Mas o que teria provocado essa mudança tão repentina em seu comportamento? A prisão do ex-ministro de Temer, Geddel Vieira Lima e o avançar da denúncia de corrupção contra o presidente na CCJ da Câmara foram vistos como indutores do agravamento da crise política. Com isso, Maia pode ter sido picado pela “mosca azul”, e passou a demosntrar uma liderança que pode ser interpretada como desejo em ocupar o trono presidencial.
A mudança de postura do presidente da Câmara foi registrada nessa última quinta, 06, pela colunista Mônica Bergamo. De lá pra cá, o noticiário da grande imprensa reforça a chancela que Maia poderia receber o bastão de Temer para segurar o país até as eleições presidenciais de 2018.
“Foco no controle de gastos” e “apoio às reformas” são frases estampadas nas capas das sociais do congressistas (Twitter e Facebook). Mesmo assim, Maia jura de pé junto não estar interessado no cargo.
Se o presidente da Câmara estiver mesmo disposto a se dedicar às redes, uma inspiração pode vir de seu pai, o vereador Cesar Maia (DEM). Ele já era era viciado em internet muito antes disso tudo virar modinha. Em 2005, à frente da prefeitura do Rio, criou o seu blog – que em seguida seria chamado de ex-blog.
Cesar montou uma newsletter com cerca de 30 mil cadastrados, entre eles 400 jornalistas que, muitas vezes, encontram ali pautas que acabam virando matérias. Repórteres, aliás, já sabiam que a melhor maneira para se comunicar com o chefe do Executivo do Rio era enviando um e-mail. Hoje, mesmo sendo apenas um vereador, Cesar Maia tem um número maior de seguidores no Twitter do que o filho presidente da Câmara. São 38,8 mil do pai contra 30,1 mil de Rodrigo. Cesar tem nada menos do que 24,1 mil tweets publicados. O filho, 2.619.
Especulado como substituto a Temer, Maia é também citado em diversos escândalos de corrupção. Nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht, o parlamentar recebe a alcunha de “Botafogo”, seu time, e teria recebido R$ 100 mil da empreiteira. Dois inquéritos no STF investigam Maia, suspeito de crimes de corrupção passiva e ativa, corrupção praticada contra a administração pública e lavagem de dinheiro. E então, quantos likes esse presidenciável merece?
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