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quinta-feira, 1 de março de 2012

A estranha lógica do Capital na Crise Financeira: Bancos especuladores valem mais que vidas



Carlos Antonio Fragoso Guimarães

  Enquanto pais de famílias se desesperam por perderem seus empregos, estudantes se vêm sem futuro e todo o mundo começa a ter certeza de que o capitalismo sem regras e sem controle é um mal, a infame Revista Veja condena a educação humanista, já que o ensino de Filosofia e de Sociologia, bem como de Psicologia no segundo grau seria uma "doutrinação de esquerda". Críticas idênticas são feitas aos excelentes documentários de Michael Moore (de Fahrenheit 11 de setembro e de Capitalismo, uma História de Amor), de Jennifer Abott e Mark Achbar (de A Corporação) e de Charles Ferguson (de Inside Job, Trabalho Interno). A mesma sórdida Revista Veja, representante da Direita paulista mais reacionária e suas instituições, como a Febraban e a Fiesp, chama de estúpidos os movimentos sociais (que a mídia convencional, em geral, faz questão de desprezar) contra o cassino global dos mercados financeiros especulativos, como o movimento Ocupem Wall Street, e diz que os Gregos (e de regra, seguindo a mesma "lógica" os Portugueses, Espanhóis, Irlandeses, etc.) estão sofrendo as consequencias de suas dívidas e têm mais é de dar o sangue para que o funcionamento do Capitalismo continue exatamente do jeito que está....

  Enquanto o Natal de muitos europeus e norte-americanos foi cheio de apreensão por um futuro incerto, quatro dias antes do dia 25 dedezembro (que já foi do Cristo mas que hoje pertence ao comercial Papai Noel) os bancos europeus receberam um presente extraordinário: 489 Bilhões de euros (ou o equivalente a 1,23 TRILHÕES de Reais), dinheiro do POVO emprestados pelo Banco Central Europeu a juros de 1% AO ANO, recursos estes que não podem ser transferidos diretamente do BCE para os governos e as pessoas, mas que o podem ser pelos bancos beneficiados a juros de mais de 7% AO MÊS! Ou seja, os Bancos - não esquecendo que foram estes, através da jogatina financeira e de estímulo ao endividamento que iniciaram a crise, e nos EUA - podem ter todas as benesses para sobreviver e ainda lucrar, enquanto as pessoas físicas, as pessoas que pagam os impostos e FAZEM A HISTÓRIA, essas não podem. Aliás, se algumas morrerem seria até bom para diminuir a pressão popular contra o capitalismo neoliberal defendido pela Veja. Se na crise de 1929 os responsáveis pelo desastre costumavam se atirar dos prédios, hoje eles sarcasticamente atiram seus empregados e as famílias destes sem pestanejar...

  Interessante essa lógica parcial encampada e tantas vezes endossada pela Revista Veja.... Com uma parcela muito menor desta montanha de dinheiro, seria possível diminuir grandemente a devastação ambiental, incentivar a educação ou mesmo erradicar a fome. Mas Veja-se a escolha das elites financeiras: explorar a tudo e a todos, não importando mais de onde estejam as bocas e os corações (antes, o Terceiro Mundo é quem fornecia as vítimas para o Deus Mercado, hoje, mesmo países "desenvolvidos" fornecem pessoas à Kali financeira de bom grado) e a capacidade do pensar diferente vai-se esvaindo, assim como a capacidade de governança nas democracias vai se restringindo aos poderes e interesses de natureza financeira e midiática, onde os bancos, as bolsas e a televisão ditam as regras e percepções da realidade, cujo núcleo central se resume em um novo dogma materialista: Explorai a todos e acumulai como poucos, esta é toda a Lei e os profetas!

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