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sábado, 31 de maio de 2014

Black Blocs, segundo o Estadão, parecem assumir seu caráter terrorista ao prometerem, segundo o jornal, o caos na Copa aliando-se ao PCC




Em entrevista dita "exclusiva" ao Estadão (portanto, a responsabilidade da veracidade da informação é deste joral), líderes classe média dos chamados Black Blocs dizem que estão buscando o PCC em São Paulo para "tocar o terror na Copa". Afirmam, assim, estarem em negociações com os chefes do tráfico e de grupos criminosos e marginais do PCC: "Não temos uma aliança ainda, mas eles tem poder de fogo". "O crime organizado respeita a gente porque são mentes pensantes".

Se isso for realmente verdade, é realmente representativa de uma fala equilibrada de quem pretende manifestações democráticas ou um descarado nazi-fascismo em forma explicita de crime organizado? E se não for verdade, ou ao menos não representa toda a verdade, então a mídia, do qual o Estadão faz parte, está praticando um tipo ainda mais sórdido de terrorismo. Seja um ou outro, é bom estarmos cientes do texto do citado jornal. Segue a reportagem de Lourival San'Anna tal quai saiu no Estadão:


Os black blocs que executaram as ações de grande repercussão do ano passado continuam fora do radar da polícia, e prometem transformar a Copa do Mundo “num caos”. Para isso, alguns deles esperam que o Primeiro Comando da Capital (PCC), a organização que domina os presídios paulistas e emite ordens para criminosos soltos, também entre em campo. Não se trata de uma parceria, mas de uma soma de esforços.

Com o compromisso de não identificá-los, o Estado ouviu 16 desses black blocs, em seis encontros, na última semana. À diferença dos adolescentes que os imitaram em depredações, e que acabaram arrolados em um inquérito do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), eles são adultos, seguem tática desenvolvida há décadas na Europa e nos Estados Unidos, não têm página no Facebook nem querem aparecer.



Dos 20 que formam o núcleo da rede, apenas um foi fichado, porque foi detido em uma manifestação. Movem-se na sombra do anonimato, articulam-se nacionalmente, e nunca haviam dado entrevista antes. Preocupados com sua imagem perante a opinião pública, decidiram falar, pela primeira vez. “Vamos estourar de novo agora”, promete o mais veterano deles, de 34 anos, formado em História na USP e com matrícula trancada no curso de Psicologia.

“A gente vai devolver o troco na moeda que o Estado impõe”, ameaça o ativista, que trabalha para um hospital público de São Paulo. “O caos que o Estado tem colocado na periferia, por meio da violência policial, na saúde pública, com pessoas morrendo nos hospitais, na falta de educação, na falta de dignidade no transporte, na vida humana, é o caos que a gente pretende devolver de troco para o Estado. E não na forma violenta como ele nos apresenta. Mas vamos instalar o caos, sim. Esse é um recado para o Estado.”

“A gente tem certeza de que o crime organizado, o PCC, vai causar o caos na Copa, e a gente vai puxar para o outro lado”, continua o veterano. “Não temos aliança nem somos contra o PCC. Só que eles têm poder de fogo muito maior do que o MPL (Movimento Passe Livre, que iniciou as manifestações, há um ano, com ajuda dos black blocs). Pararam São Paulo”, acrescentou, lembrando as ações do PCC na década passada.

O veterano e uma bailarina de 21 anos, que abandonou um curso em uma universidade pública para se dedicar exclusivamente à causa, contaram que membros do PCC receberam bem na Penitenciária do Tremembé (interior paulista) dois black blocs presos na manifestação de junho do ano passado do MPL. “Colocaram colchões para eles.” Igualmente, o Comando Vermelho acolheu um ativista preso no Rio.
“Os ‘torres’ respeitam o que fazemos, por causa do nosso idealismo”, explica o veterano, usando o jargão que designa os líderes do PCC. “Eles fazem por lucro e a gente, contra o sistema. Não nos arriscamos por dinheiro, mas para que a mãe deles também seja atendida pelo SUS.” O veterano prossegue: “Sou nascido e criado na ZL (zona leste). Conheço muito a cara do PCC. Somos os nerds do lado da casa deles. O crime organizado respeita a gente porque nasceu de mentes pensantes. Por isso talvez não nos coloquem na cadeia”, interpreta, intrigado com o fato de a polícia não os incomodar. “Porque vamos fazer uma revolução lá.”

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A vingança e o ódio como herança de Joaquim Barbosa

Para pensar e avaliar Joaquim Barbosa em sua súbita "aposentadoria", seguem artigos de Paulo Nogueira, Luis Nassif e Bepe Damasco





  O jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, em seu artigo O legado de Joaquim Barbosa, um antibrasileiro,  diz que "se for confirmada a aposentadoria de Joaquim Barbosa para junho, chegará ao fim uma das mais trágicas biografias do sistema jurídico brasileiro"; ele diz que "o legado de Barbosa resume-se em duas palavras absolutamente incompatíveis com a posição de juiz e, mais ainda, de presidente da mais alta corte nacional: ódio e vingança"



"Foi a negação do brasileiro, um tipo cordial, compassivo e tolerante por natureza", ressalta. "Ele foi, na vida pública brasileira, mais um caso de falso novo, de esperanças de renovação destruída, de expectativas miseravelmente frustradas", completa.


Abaixo texto na íntegra:

Se for confirmada a aposentadoria de Joaquim Barbosa para junho, chegará ao fim uma das mais trágicas biografias do sistema jurídico brasileiro.

O legado de Barbosa resume-se em duas palavras absolutamente incompatíveis com a posição de juiz e, mais ainda, de presidente da mais alta corte nacional: ódio e vingança. Foi a negação do brasileiro, um tipo cordial, compassivo e tolerante por natureza.

A posteridade dará a ele o merecido espaço, ao lado de personalidades nocivas ao país como Carlos Lacerda e Jânio Quadros.

Barbosa acabou virando herói da classe média mais reacionária do Brasil e do chamado 1%. Ao mesmo tempo, se tornou uma abominação para as parcelas mais progressistas da sociedade.

É uma excelente notícia para a Justiça. Que os jovens juízes olhem para JB e reflitam: eis o que nós não devemos fazer.

O que será dele?


Dificuldades materiais Joaquim Barbosa não haverá de ter. O 1% não falha aos seus.

Você pode imaginá-lo facilmente como um palestrante altamente requisitado, com cachês na casa de 30 000 reais por uma hora, talvez até mais. Com isso poderá passar longas temporadas em Miami.

Na política, seus passos serão necessariamente limitados. Ambições presidenciais só mediante uma descomunal dose de delírio.

Joaquim Barbosa é adorado por aquele tipo de eleitor ultraconservador que não elege presidente nenhum.

Ele foi, na vida pública brasileira, mais um caso de falso novo, de esperanças de renovação destruída, de expectativas miseravelmente frustradas.

Que o STF se refaça depois do trabalho de profunda desagregação de Joaquim Barbosa em sua curta presidência.

Nunca, desde Lacerda, alguém trouxe tamanha carga de raiva insana à sociedade a serviço do reacionarismo mais petrificado.

Que se vá – e não volte a assombrar os brasileiros.



Barbosa Protagonizou o falso moralismo que comprometeu o CNJ


Artigo de Luis Nassif, no Jornal GGN



O anúncio da aposentadoria do Ministro Joaquim Barbosa livra o sistema judicial de uma das duas piores manchas da sua história moderna.

O pedido de aposentadoria surge no momento em que Barbosa se queima com os principais atores jurídicos do país, devido à sua posição no caso do regime semi-aberto dos condenados da AP 470. E quando expõe o próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a manobras pouco republicanas. E também no dia em que é anunciada uma megamanifestação contra seu estilo ditatorial na frente do STF.

A gota d’água parece ter sido a PEC 63 – que dispõe sobre o aumento do teto salarial da magistratura.

Já havia entendimento no STF que corregedor não poderia substituir presidente do CNJ na sua ausência. Não caso da PEC 63 – que aumenta o teto dos magistrados – Barbosa retirou-se estrategicamente da sessão e colocou o corregedor Francisco Falcão na presidência. Não apenas isso: assumiu publicamente a defesa da PEC e enviou nota ao Senado argumentando que a medida seria “uma forma de garantir a permanência e estimular o crescimento profissional na carreira” (http://tinyurl.com/mf2t6jl).

O Estadão foi o primeiro a dar a notícia, no dia 21. À noite, Barbosa procurou outros veículos desmentindo a autoria da nota enviada ao Senado ou o aval à proposta do CNJ (http://tinyurl.com/m5ueezb).

Ontem, o site do CNJ publicou uma nota de Barbosa, eximindo-se da responsabilidade sobre a PEC.

O ministro ressalta que não participou da redação do documento, não estava presente na 187ª Sessão Ordinária do CNJ no momento da aprovação da nota técnica, tampouco assinou ofício de encaminhamento do material ao Congresso Nacional.

A manipulação política do CNJ
Não colou a tentativa de Barbosa de tirar o corpo do episódio. É conhecido no CNJ – e no meio jurídico de Brasília – a parceria estreita entre ele e o corregedor Francisco Falcão.

É apenas o último capítulo de um jogo político que vem comprometendo a imagem e os ventos de esperança trazidos pelo CNJ.

Para evitar surpresas como ocorreu no STF - no curto período em que Ricardo Lewandowski assumiu interinamente a presidência -, Barbosa montou aliança com Falcão. Em sua ausência, era Falcão quem assumia a presidência do órgão, embora a Constituição fosse clara que, na ausência do presidente do CNJ (e do STF) o cargo deveria ser ocupado pelo vice-presidente – no caso Ricardo Lewandowski.

Muitas das sessões presididas por Falcão, aliás, poderão ser anuladas.

Com o tempo, um terceiro elemento veio se somar ao grupo, o conselheiro Gilberto Valente, promotor do Pará indicado para o cargo pelo ex-Procurador Geral da República Roberto Gurgel.

Com o controle da máquina do CNJ, da presidência e da corregedoria, ocorreram vários abusos contra desafetos. Os presos da AP 470 não foram os únicos a experimentar o espírito de vingança de Barbosa.

Por exemplo, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer é desafeto de Falcão e se candidatará ao cargo de Corregdor Geral quando este assumir a presidência do STJ. De repente, Fischer é alvejado por uma denúncia anônima feita diretamente a Joaquim Barbosa, de suposto uso de passagens aéreas para levar a esposa em viagens internacionais. O caso torna-se um escândalo público e o conselheiro Gilberto Martins é incumbido de investigar, na condição de corregedor interino (http://tinyurl.com/qg6cjx3) .

Passa a exigir, então, o detalhamento de todas as viagens oferecidas pelo STJ a ministros, mulheres de ministros e assessores (http://tinyurl.com/l6ezw3k). A investigação é arquivada por falta de fundamentos mas, àquela altura, o nome de Fischer já estava lançado na lista de escândalos.

A contrapartida de Falcão foi abrir uma série de sindicâncias contra desembargadores do Pará, provavelmente adversários de Gilberto Martins.

Nesse jogo de sombras e manobras, Barbosa foi se enredando em alianças e abandonando uma a uma suas bandeiras moralizadoras.

Sua principal agenda era combater o “filhotismo”, os escritórios de advocacias formado por filhos de ministros.
Deixou de lado porque Falcão, ao mesmo tempo em que fazia nome investindo-se na função de justiceiro contra as mazelas do judiciário, tem um filho – o advogado Djaci Falcão Neto – que atua ostensivamente junto ao STJ (mesmo quando seu pai era Ministro) e junto ao CNJ (http://tinyurl.com/ku5kdl5), inclusive representando tribunais estaduais. Além de ser advogado da TelexFree, organização criminosa que conseguiu excepcional blindagem no país, a partir da falta de ação do Ministro da Justiça.

Por aí se entende a razão de Falcão ter engavetado parte do inquérito sobre o Tribunal de Justiça da Bahia que envolvia os contratos com o IDEP (Instituto Brasiliense de Direito Público), de Gilmar Mendes.

E, por essas estratégias do baixo mundo da política do Judiciário, compreende-se porque Barbosa e Falcão crucificaram o adversário Fischer, mas mantiveram engavetado processo disciplinar aberto contra o todo-poderoso comandante da magistratura fluminense, Luiz Sveiter, protegido da Rede Globo.


A melhor notícia do ano



artigo de Bepe Damasco, do Brasil 247



No final da manhã fria para os padrões cariocas desta quinta-feira, 29 de maio, entro na internet em busca de notícias com a certeza de topar pela milésima vez com mais manchetes sobre greves e manifestações ou problemas nos estádios e em outras obras para a Copa. Coisas de uma mídia conservadora e partidarizada que, mais uma vez, vai perdendo a queda de braço com a realidade, já que os  estádios estão prontos e grande parte das obras também. Mas não. Desta vez o destaque absoluto é para o périplo de Joaquim Barbosa pelo Congresso Nacional e Palácio do Planalto para anunciar sua aposentadoria em junho. Comemorei como pretendo comemorar um gol do Neymar na final da Copa. Afinal, não é toda hora que se recebe um notícia capaz de tornar o Brasil um país melhor.



Jornalista Kennedy Alencar sobre a era Barbosa-Mendes


Ao longo do seu protagonismo midiático, que teve início em 2007 quando o Supremo aceitou a denúncia contra os réus da Ação Penal 470, Barbosa disseminou ódio e intolerância, violou o Código Penal e o Código de Processo Penal, desprezou jurisprudências, afrontou a Constituição brasileira, cerceou o direito dos réus à ampla defesa, aplicou teorias jurídicas estapafúrdias para condenar sem provas, desprezou o depoimento de mais de 600 pessoas que negaram o mensalão (para dar crédito apenas ao denunciante), fatiou o processo da forma mais oportunista, sustentou toda a acusação sob o  falso pilar do desvio de dinheiro público, aplicou penas absurdas ( Marcos Valério cumpre pena de mais de 37 anos, enquanto o jovem que tirou a vida de 67 militantes trabalhistas, na Noruega, pegou 17 anos), enfim, é responsável pela maior farsa da história do Judiciário brasileiro. Sua falta de espírito democrático, de respeito a ideias divergentes e de um mínimo de civilidade no trato com os outros ministros proporcionaram cenas constrangedoras difíceis de esquecer.

Não satisfeito, inovou ao se transformar no primeiro presidente de Suprema Corte dublê de chefe de carceragem. No exercício dessa função canhestra e bizarra, perseguiu de maneira implacável os presos petistas. Sofrendo de cardiopatia grave, Genoíno é mandado de volta para a Papuda, enquanto José Dirceu, que cumpre pena de forma ilegal há seis meses, já que foi condenado pelo regime semiaberto e cumpre pena no regime fechado, vê negados todos os seus pedidos para trabalhar fora, sob as justificativas mais torpes e mentirosas. Acabou por suspender o direito ao trabalho de todos os outros presos da AP 470, trancafiando todo mundo de volta na Papuda. Na tentativa de dar algum verniz de legalidade a esses atos apelou para a exigência do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena para se ter direito ao trabalho externo.


Com essa medida insana, que se choca com decisões de tribunais superiores e com toda jurisprudência, ele não só se lixou para a situação dos quase 100 mil apenados que cumprem pena no semiaberto e trabalham, como deu a derradeira demonstração de que pratica uma espécie medieval de direito, na qual não há espaço para  um pingo de humanismo, mas sobram impulsos mesquinhos e vingativos. Os recursos da defesa dos presos, pedindo que o plenário do STF se posicionasse sobre o direito ao trabalho, jamais foram pautados por Barbosa na ordem do dia do Supremo. Por temer a derrota entre seus pares, ele não hesita em lançar mão de uma prerrogativa execrável e antidemocrática do regimento do STF, que permite ao presidente da Corte a definição da pauta de votações.

O fato é que, pelo conjunto da obra, Barbosa hoje é praticamente uma unanimidade negativa no mundo jurídico, diante do qual vive um isolamento irreversível. Todas as associações de magistrados já se manifestaram contra sua conduta, bem como juristas progressistas e conservadores, OAB, instâncias da Igreja Católica, movimentos sociais, intelectuais e artistas e centrais sindicais. Apenas reacionários até a medula de setores da classe média e da elite ainda aplaudem as atrocidades cometidas por Barbosa, além é claro da velha mídia monopolista, mas com defecções vindas de um ou outro articulista mais independente ou notadas através de algumas matérias críticas a Barbosa, publicadas principalmente no Estadão.

Nem vou perder muito tempo aqui com considerações sobre episódios como a compra do  apartamento de Miami, o emprego do filho por Luciano Hulck, na Globo, as diárias recebidas em viagens de férias, o convite para uma jornalista de O Globo acompanhá-lo em viagem autopromocional ao exterior, etc. Afinal, esses acontecimentos falam por si em relação ao falso moralismo de Barbosa,

Joaquim Barbosa parte sem deixar saudade em todos aqueles que têm apreço pela tolerância e pelo debate democrático, pela afabilidade e serenidade, pela generosidade e pelo respeito à dor alheia. Fica a esperança de que o mais grosseiro e despreparado de todos os juízes que já passaram pelo STF seja um dia lembrado nos bancos escolares de direito como um exemplo a não ser seguido.

Capitalismo e mecanicismo: Nossos pressupostos equivocados e a marcha à destruição, segundo Leonardo Boff


Nossos pressupostos equivocados nos podem liquidar


Texto de Leonardo Boff


Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2014/05/30/nossos-pressupostos-equivocados-nos-podem-liquidar/


Inegavelmente vivemos uma crise dos fundamentos que sustentam nossa forma de habitar e organizar o planeta Terra e de tratar os bens e serviços da natureza. Na perspectiva atual eles são totalmente equivocados, perigosos e ameaçadores do sistema-vida e do sistema-Terra. Temos que ir além.

Dois pais fundadores de nosso modo de ver o mundo, René Descartes(1596-1650) e Francis Bacon(1561-1626) são seus principais formuladores. Viam a matéria como algo totalmente passivo e inerte. A mente existia exclusivamente nos seres humanos. Estes podiam sentir e pensar enquanto os demais animais e seres agiam como máquinas, destituídas de qualquer subjetividade e propósito.

Logicamente, essa compreensão criou a ocasião para que se tratasse a Terra, a natureza e os seres vivos como coisas que podíamos dispor à bel-prazer. Na base do processo industrialista selvagem está esta compreensão que persiste ainda nos dias de hoje, mesmo dentro das universidades, ditas progressistas, mas reféns no velho paradigma.

As coisas, no entanto, não são bem assim. Tudo mudou quando A. Eistein mostrou que matéria é um campo densíssimo de interações; mais ainda, ela, de fato nem existe no sentido comum da palavra: é energia altamente condensada; basta um centrímetro cúbico de matéria, como ouvi ainda em seu último semestre de aulas na Universidade de Munique em 1967 Werner Heisenberg, um dos fundadores da física das partículas subatômicas, a mecânica quântica, dizer que se esse pouco de matéria fosse trasnsformado em pura energia poderia desestabilizar todo o nosso sistema solar.
Em 1924 Edwin Hubble (1889-1953) com seu telescópio no Monte Wilson no sul da Califórnia, descobriu que não temos apenas a nossa galáxia, a Via Láctea, mas centenas (hoje cem bilhões) delas. Notou, curiosamente, que elas estão se expandindo e se afastanto duma das outras com velocidades inimagináveis. Tal verificação levou os cientistas a imaginar que o universo observável era muito menor, um pontozinho ínfimo que depois se inflacionou e explodiu dando origem ao universo em expansão. Um eco ínfimo desta explosão pode ser ainda identificado permitindo a datação do evento, ocorrido há 13,7 bilhões de anos.

Mas uma das maiores contribuições que vem demantelando o velho olhar sobre a Terra e a natureza nos vem do prêmio Nobel de química o russo-belga Ilya Prigogine (1917-2003). Ele deixou para trás a concepção da matéria como inerte e passiva e demonstrou, experimentalmente, que elementos químicos, colocados sob certas condições, podem organizar-se a si próprios, sob complexos padrões que requerem a coordenação de trilhões de moléculas. Elas não precisam de instruções, nem os seres humanos entram em sua organização. Sequer existem códigos genéticos que guiem suas ações. A dinâmica de sua auto-organização é intrínseca, como aquela do universo e articula todas as interações.

O universo é penetrado por um dinamismo auto-criativo e auto-organizativo que estrutura as galáxias, as estrelas e os planetas. De tempos em tempos, a partir da Energia de Fundo, ocorrem emergências de novas complexidades que fazem aparecer, por exemplo, a vida e a vida consciente e humana.

Toda essa dinâmica cósmica tem seus tempos próprios, tempo das galáxias, das estrelas, da Terra, dos distintos ecossistemas com seus representantes, cada um também com o seu próprio tempo, das flores, das borboletas etc. Especialmente os orgnismos vivos têm seus tempos biológicos próprios, um para os micro-organismos, outro para as florestas, outro para os animais, outro para os oceanos, por fim, outro para cada ser humano. Completado seu tempo, ele parte.

Que fizemos nós modernamente para gestar a crise atual? Inventamos o tempo mecânico e sempre igual dos relógios. Ele comanda a vida e todo o processo produtivo, não tomando em conta os demais tempos. Submete o tempo da natureza ao tempo tecnológico (certa árvore demora 40 anos para crescer, e a motoserra a derruba em dois minutos). Não alimentamos nenhum respeito para os tempos de cada coisa. Assim não lhe damos tempo de se refazer de nossas devastações: poluimos os ares, envenenamos os solos e quimicalizamos quase todos os nossos alimentos. A máquica vale mais que o ser humano.

Ao não concedermos um sábado, biblicamente falando, para a Terra descansar, a extenuamos, a mutilamos e a deixamos adoecer quase mortalmente, destruindo as condições de nosssa própria subsistência.

Neste momento estamos vivendo num tempo em que a própria Terra está tomando consciência de sua enfermidade. O aquecimento global sinaliza que ela vai entrar num outro tempo. Se continuarmos a feri-la e não a ajudarmos a se estabilizar num outro tempo, podemos começar a contar as décadas que inaugurarão a tribulação da desolação. Por causa de nossos equívocos não conscientizados e formulados há séculos, não os corrigimos e que  teimosamente os reafirmamos.

Com Mark Hathaway escrevi O Tao da libertação, premiado nos USA em 2010 com a medalha de ouro em nova ciência e cosmologia.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Ricardo Melo, colunista da Folha de São Paulo, discute a burrice dos protestos contra a Copa




Diante do processo midiático-político de manipulação de informações, seria inevitável que vários assumissem o papel instrumentalmente calculado pela velha elite de um midiático revoltado, apesar dos 13 anos do Brasil sem apelar ao FMI, dos avanços nos indices de emprego, de desenvolvimento sical... Os "revoltados" agem a partir de um quadro teleguiado, experimentando a na pizza do mensalão tucano, substituindo a água que falta com pó de helicoptero em pleno metrô paulista... Mas vejamos uma análise sobre todo o imbróglio encomendado presente na corrente "Não vai ter Copa":

Extraído da Folha de São Paulo, 26/05/2014:


A Copa, o X-Tudo e a lista da Forbes


Ricardo Melo


Os movimentos criados em torno de bandeiras como "não vai ter Copa" são, antes de tudo, um atestado de burrice. No Brasil, é mais ou menos como apostar em alguma audiência para um Dia Nacional contra a Feijoada ou o Paulinho da Força organizar uma manifestação contra a venda da tequila no Primeiro de Maio.

Um exemplo disso aconteceu neste sábado (23) na capital paulista. Um desses atos, organizados sabe-se lá por quem, reuniu cerca de 350 manifestantes a pretexto de protestar contra a Copa. Confrontados com a própria insignificância, líderes da "mobilização" passaram a teorizar. "A conjuntura há duas semanas era diferente. A luta contra a Copa mudou de qualidade quando a sociedade organizada iniciou um movimento", afirmou um representante do grupo Território Livre, seja lá o que a declaração quis dizer. Ao fundo, soavam como cântico lemas como "Greve Geral, piquete e ocupação, contra Fifa, a PM e o patrão"; à frente, um bando segurava uma faixa pregando uma "Copa de greves".

A pregação do "X-Tudo" é, novamente, uma tentativa típica de rebeldes sem causas, mas com muitas consequências. Uma delas é lançar trabalhadores contra trabalhadores. Na mesma onda misturam-se provocadores, gente bem intencionada e lideranças espertas. Os eventos em São Paulo são eloquentes.



As paralisações de transportes afetaram a maioria da população. Nelas, havia motoristas e cobradores que recebem uma miséria e têm o direito a melhores condições de vida. Empregados de uma das viações pediam, por exemplo, respeito ao horário de almoço e o fim do desconto do salário nos dias de falta por doença. Reivindicações que, em pleno século 21, remontam a tempos do capitalismo selvagem. Mas havia também uma parcela bastante articulada muito mais interessada em ver o circo pegar fogo.

Como lembrado à exaustão, tais categorias exibem dirigentes com um histórico de banditismo e subserviência patronal indignos dos milhares de trabalhadores que dizem representar. Lideranças parasitárias do imposto sindical aproveitam-se da dispersão profissional da área em que atuam -funcionários de empresas de transportes, por natureza, trabalham isolados, diferentemente do que ocorre numa fábrica- para exercer a manipulação e infiltrar asseclas de objetivos obscuros, às vezes nem tanto.

Isso nada tem a ver com a Copa. Reportagem da Folha prestou um serviço inestimável ao mostrar que os gastos públicos com o torneio são ínfimos se comparados às demais despesas oficiais. Pelos cálculos do jornal, o governo está investindo cerca de R$ 26 bilhões na competição, total que na verdade é menor considerando que haverá reembolso de uma fatia do dinheiro. Pode-se ir mais longe no capítulo proporções.

Segundo lista da revista americana Forbes, as quinze famílias mais abastadas do Brasil concentram uma fortuna de R$ 270 bilhões de reais, cerca de 5% do PIB nacional. Ao final da Copa, aliás, estarão ainda mais ricas, pois muitas delas fazem parte de grupos de mídia beneficiários do torneio.

Nada disso anula o fato de que, num território com as enormes carências do Brasil, sempre que o Tesouro deixa de gastar com o básico da sobrevivência, há uma sensação de desperdício. Também é reprovável embarcar num clima de pão e circo e varrer para baixo do tapete as irregularidades na construção de estádios e de outras obras -males que contagiam a vida pública nacional e devem ser investigados sem nenhuma complacência.

Mas daí a tentar criar um clima de não vai ter Copa vai uma distância muito grande. Brasileiro gosta de futebol, assim como detesta roubalheira. Colocar tudo no mesmo saco só faz sentido na cabeça de senhores e oportunistas que conhecem massas apenas quando servidas em cantinas de luxo.

Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de 'Opinião', editor da 'Primeira Página', editor-adjunto de 'Mundo', secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do 'TV Folha', entre outras funções. Também foi chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), editor-chefe do 'Diário de S. Paulo', do 'Jornal da Band' e do 'Jornal da Globo'. Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil 'Liberdade e Luta' ('Libelu'), de orientação trotskista.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Os coxinhas "esclarecidos" e a Copa


Incrível como a percepção das pessoas fica condicionada com as lentes da propaganda vinculada aos interesses econômicos de uma minoria, da mídia, ecoando a ideologia em que se indentificam, transformando situações que, aos olhos dos mesmos críticos, soam  ou parecem mais positivos desde que sejam efetuados por outras nações.... 


Em situações assim, é muito fácil ter uma percepção seletiva ou mesmo distorciva, apesar das informações de fontes confiáveis que desmentem "achismo" e "informes" catastrofistas, mas que são utilizados para minar politicamente pessoas, grupos ou setores da sociedade entendidos como problemas à velha tatica das elites de manterem o mesmo roteiro de exploração tradicional, vinculado igualmente aos interesses externos que visem ao mesmo intuito.


Estes textos a seguir visam incentivar a reflexão e demonstrar, como uma voz perdida no deserto da imbecilidade reacionária, a sordidez da ação de movimentos como "Não vai ter Copa", neste contexto....

Carlos Antonio Fragoso Guimarães



"A imprensa está agora batendo repetidamente na tecla de que no próximo ano as contas públicas não vão se sustentar e que vai haver um "boom" na economia.
Óbvio que nada disso vai ocorrer. Esse discurso da imprensa nada mais é do que uma forma de já ir preparando o terreno para se justificar certas medidas de austeridade que serão tomadas por um possível governo tucano.
Como já adiantou o provável futuro ministro da economia de Aécio, Armínio Fraga, o salário mínimo está "muito alto", e provavelmente eles tentarão sustentar a ideia de que será necessário fazer "alguns cortes" para se manter as contas públicas funcionando.
Seguindo essa linha, provavelmente virão outras medidas de austeridade, até mesmo um possível desmantelamento da Petrobrás para se abrir caminho a uma possível privatização, ou o início dela.
O terreno já está sendo preparado, e se o PSDB vencer essas eleições, veremos imensos retrocessos pela frente."


Hugo Lapa 

"Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". (Nelson Rodrigues)

Protesto de Espetáculo



Texto de Xico Sá, Folha de São Paulo

Amigo ranzinza, amigo nem aí, simplesmente este abestalhado cronista não tem como fingir: ama o futebol e protesta desde quando vocês estavam nos bagos dos vossos queridos pais. Poxa, vos peço, encarecidamente, deixem ter Copa, por favor, imploro, sei que vocês são minoria absoluta, mas também sei que é fácil fazer com dois pneus queimados os efeitos especiais de um "Apocalipse Now", o horror, o horror, do diretor Francis Ford Coppola, sei que vocês têm a bela arrogância juvenil que eu ainda guardo no meu peito murcho que só serve para amparar a dama no pós-sexo, nada mais.

Sei que vocês estão à reboque dos movimentos sociais, bravos sem-teto, que protestam a vida toda, como aqueles homens das peças do Brecht, os que lutam a vida inteira, mas, por favor, vamos deixar começar o jogo. Pelo menos meio tempo de Brasil e Croácia. Aí sim, se o Brasil jogar aquela bolinha suspeita e meia boca... Caio imediatamente para dentro do movimento.

(clique aqui para ver)

Sei que vocês, sem saber, estão favorecendo os locautes, quando a greve, no dicionário, muda de sentido: patrões dão corda para que funcionários parem. Donde os patrões que dependem de ligação direta com Estados e municípios, tipo o coronelismo metropolitano dos ônibus, ampliam seus lucros para continuar vos tratando como gado nos vagões e busões vagarosos.

Por favor, vocês viram como combati o bom combate em treta pública com o messiê colonizador Jérôme (Fifa), não me tenham, ainda, como um traidor, um Calabar da pátria em chuteiras. Por favor, deixem que a bola role. Aí conversamos. Por que vocês ficaram calados uma vida e agora querem desovar tudo? Sim, é legítimo, porém um oportunismo paga pau diante dos gringos.

Agora me senti um legítimo brizolista. Nacionalíssimo. Sem obrigatoriamente falar das perdas internacionais. A Copa é um contrário. A hora de os brasileiros pegarem os bestas que vêm de fora para a feira futebolística.


Ah, os jornais ingleses estão preocupados com a violência, ah, a mídia estrangeira. Só rindo. E nós, Pedro Bó, que, com ou sem Copa, estamos para sempre na área? Aí sim. É o que vale. Ou você acha, Jeca Tatu, que a Copa iria resolver os nossos problemas definitivamente?

Com ou sem Mundial da Fifa continuaremos, paradoxalmente, o mesmo povo, a mesma gente, o mesmo banco, o mesmo jardim. Que a pátria dos pneus queimados siga com ânimo depois da Copa, mas que não fique só na subserviência midiática do protesto de espetáculo. Oportunismo demais, na boa, pode virar um tremendo gol contra.
Não quero acreditar que vosmicê pensava que a Copa resolveria nossos males. Por favor. Nem tratemos disso, né? Agora só chamando meu amigo Darcy Ribeiro, idealizador dos Cieps, que dizia: aos trancos e barrancos, seguimos nós.



Custo da Copa equivale a um mês de gastos com educação


GUSTAVO PATU
DIMMI AMORA
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

23/05/2014  02h00

Mesmo mais altos hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam parcela diminuta dos orçamentos públicos.

Alvos frequentes das manifestações de rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais.

O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões.

Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente um mês de gastos públicos com a área.


A comparação deve ser relativizada porque haverá retorno, no futuro, de financiamentos. O Corinthians, por exemplo, terá de devolver os recursos que custearam o Itaquerão. Além disso, os gastos da Copa começaram a ser feitos há sete anos –concentrados nos últimos três.

Isso não quer dizer que as cifras sejam corriqueiras: num país em que os governos privilegiam a área social e têm pouca sobra para investir, são raros os projetos que mobilizam tantos recursos.
(...)

A Brincadeira da Mídia para com a opinião Pública


Luis Nassif 

Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/a-brincadeira-da-midia-com-a-opiniao-publica

É inacreditável o nível de autossuficiência atingido pelos grupos de mídia, na fase mais crítica da sua história.

Meses e meses batendo nos gastos da Copa, ajudando a criar essa barafunda informacional, de misturar investimentos em estádios com gastos orçamentários, criticando os "elefantes brancos", anotando cada detalhe incompleto de obras que ainda não estavam prontas, ignorando o enorme investimento na imagem do país.

De repente, como num passe de mágica, fazem uma pausa e, em conjunto, passam a enxergar as virtudes da Copa - maior evento publicitário do ano para eles.


O Estadão solta enorme matéria sobre "a Copa das Copas", lembra o óbvio - vai ser o evento de maior visibilidade para o Brasil, em sua história. 14 mil jornalistas levando a imagem do país para todos os cantos, o maior público de televisão para um evento.

A Folha dá o óbvio incompleto: a informação de que os gastos com a Copa representam um naco dos gastos com educação. Não ousou explicar que são recursos dierentes, que financiamentos não podem ser confundidos com gastos orçamentários, que gastos com obras são permanentes. Mas vá lá!

O que é impressionante é supor que se pode brincar dessa maneira com a opinião de seus leitores, levá-las para onde quiser, ao sabor da manchete do momento, da estratégia de ocasião. Será que não há uma cabeça estratégica para explicar que essa desconsideração para com o leitor é veneno na veia da credibilidade?

Dia desses o Ministro Aldo Rabello ao que parece assimilou as críticas contra sua ausência dos debates da Copa e deu uma boa entrevista a TV Brasil, com números e argumentos sólidos.

A explicação para a anomia do governo com o tema foi chocante. O marqueteiro do Palácio desaconselhou qualquer campanha de esclarecimento porque, segundo ele, as pessoas não estavam associando Copa com governo e a campanha poderia estabelecer essa associação.






domingo, 25 de maio de 2014

Thomas Piketty, a falácia do neoliberalismo e o pavor dos abastados, segundo Leonardo Boff




O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas


Leonardo Boff

Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Tranasformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula O capital no século XXI (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os USA.
         A tese de base que sustenta é: a desigualdade não é acidental mas o traço característico do capitalismo. Se a desigualdade persisitir e aumentar, a ordem democrática estará fortemente ameaçada. Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceceber que é uma democracia mais formal que real.
         Esta tese sempre sustentada pelos melhores analistas sociais e repetida muitas vezes pelo autor destas linhas, se confirma: democracia e capitalismo não convivem. E se ela se instaura dentro da ordem capitalista, assume formas distorcidas e até traços de farça. Onde ela entra, estabelece imediatamente relações de desigualdade que, no dialeto da ética, significa relações de exploração e de injustiça. A democracia tem por pressuposto básico a igualdade de direitos dos cidadãos e o combate aos privilégios. Quando a desigualdade é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.
         Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais, o que é atestado também por um dos maiores especialistas em desiguldade Richard Wilkinson. Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Eric Hobsbown, numa de suas últimas intervenções antes de sua morte, diz claramente que a economia política ocidental do neoliberalismo “subordinou propositalmenet o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inequalitário”.       
         Em termos globais, citemos o corajoso documento da Oxfam intermón, enviado aos opulentos empresários e banqueiros reunidos em Davos nos janeiro deste ano como conclusão de seu “Relatório Governar para as Elites, Sequestro democrático e Desigualdade econômica”: 85 ricos têm dinheiro igual a 3,57 bihões de pobres do mundo.
         O disurso ideológico aventado por esses plutocratas é que tal riqueza é fruto de ativos, de heranças e da meritocracia; as fortunas são conquistas merecidas, como recompensa pelos bons serviços prestados. Ofendem-se quando são apontados como o 1% de ricos contra os 99% dos demais cidadãos, pois se imaginam os grandes geradores de emprego.
         Os prêmios Nobeis J. Stiglitz e P. Krugman tem mostrado que o dinheiro que receberam do Governo para salvarem seus bancos e empresas mal foram empregados na geração de empregos. Entraram logo na ciranda financeira mundial que rende sempre muito mais sem precisar trabalhar. E ainda há 21 trilhões de dólares nos paraísos fiscais de 91 mil pessoas.
         Como é possível estabelecer relações mínimas de equidade, de participação, de cooperação e de real democracia quando se revelam estas excrecências humanas que se fazem surdas aos gritos que sobem da Terra e cegas sobre as chagas de milhões de co-semelhantes?
         Voltemos à situação da desigualdade no Brasil. Orienta-nos o nosso melhor especialista na área, Márcio Pochmann (veja também Atlas da exclusão social – os ricos no Brasil, Cortez, 2004): 20 mil famílias vivem da aplicação de suas riquezas no circuito da financeirização, portanto, ganham através da especulação. Continua Poschmann: os 10% mais ricos da população impõem, historicamente, a ditadura da concentração, pois chegam a responder por quase 75% de toda riqueza nacional. Enquanto os 90% mais pobres ficam com apenas 25%”(Le Monde Diplomatique, outubro 2007).
         Segundo dados de organismos econômicos da ONU de 2005, o Brasil era o oitavo país mais desigual do mundo. Mas graças às políticas sociais dos últimos dois governos, diga-se honrosamente, o índice de Geni (que mede as desigualdades) passou de 0,58 para 0,52. Em outras palavras, a desigualdade que continua enorme, caiu 17%.
         Piketty não vê caminho mais curto para diminuir as desigualdades do que a severa intervenção do Estado e da texação progressiva da riqueza, até 80%, o que apavora os super-ricos. Sábias são as palavras de Eric Hobsbown: “O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”.
         E como um gran finale a frase de Robert F. Kennedy:”o PIB inclui tudo; exceto o que faz a vida valer a pena.”

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2014/05/25/o-pavor-dos-abastados-a-desigualdade-e-a-taxacao-das-riqueza/

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Leonardo Boff sobre o quanto de barbárie em época de ressurgimento do fascismo de direita existe em nós



Segue texto de Leonardo Boff, publicado no Brasil de Fato:


Perversidades sempre existiram na humanidade, mas hoje com a proliferação dos meios de comunicação, algumas ganham relevância e suscitam especial indignação. O caso mais clamoroso, nos inícios de maio de 2014, foi o linchamento da inocente Fabiane Maria de Jesus em Guarujá no litoral paulista. Confundida com uma sequestradora de crianças para efeito de magia negra, foi literalmente estraçalhada e linchada por uma turba de indignados.

Tal fato constitui um desafio para a compreensão, pois vivemos em sociedades ditas civilizadas e dentro delas ocorrem práticas que nos remetem aos tempos de barbárie, quando ainda não havia contrato social nem regras coletivas para garantir uma convivência minimamente humana.

Há uma tradição teórica que tentou dilucidar tal fato. Em 1895 Gustave Le Bon escreveu, quiçá por primeiro, um livro sobre a “Psicologia das massas”. Sua tese é que uma multidão, dominada pelo inconsciente, pode formar uma “alma coletiva” e passa a praticar atos perversos que, a “alma individual”, normalmente jamais praticaria.

O norte-americano H. L. Melcken ainda em 1918 escreveu “A Turba” um estudo judicioso sobre o fato e mostra a identificação do grupo com um lider violento ou com uma ideologia de exclusão que ganha então um corpo própro e, sem controle, deixa irromper o bárbaro que que ainda se aninha no ser humano. Freud em 1921 retomou a questão com o seu “Psicologia das massas e a análise do eu”. Os impulsos de morte, subsistentes no ser humano, dadas certas situações coletivas, diz ele, escapam ao controle do superego (consciência, regras sociais) e aproveitam o espaço liberado para se manifestar em sua virulência. O indivíduo se sente amparado e animado pela multidão para dar vazão à violência escondida dentro dele.

A análise mais instigante foi feita pela filósofa Hannah Arendt. Em 1961 acompanhou em Jerusalém todo o processo de julgamento do criminoso nazista Adolf Eichamann por crimes contra humanidade. Arendt escreveu em 1963 um livro que irritou a muitos: ”Eichmann em Jerusalém:um relato sobre a banalização do mal”. Ela cunhou a expressão “a banalização do mal”. Mostrou como a identificação com a figura do “Führer” e  as ordens dadas de cima podem levar às piores barbaridades com a consciência mais tranquila do mundo. Mas não só em Eichmann se expressa a barbárie.

Também naqueles judeus que extravassavam seu ódio a ele, exigindo os piores castigos, como expressão também de um mal interno.

Que concluimos disso tudo? Que um conceito realista do ser humano deve incluir também sua desumanidade. Somos sapentes e dementes. Em outras palavras: a barbárie, o crime, o assassinato pertencem ao âmbito do humano. Demos um dia, há milhares de anos, o salto da animalidade para a humanidade, do inconsciente para o consciente, do impulso destrutivo para a civilização. Mas esse salto ainda não se completou totalmente.

Carregamos dentro de nós, latente mas sempre atuante, o impulso de morte. A religião, a moral, a educação, o trabalho civilizatório foram os meios que desenvolvemos para pôr sob controle esses demônios que nos habitam. Mas essas instâncias não detém aquela força que possa submeter tais impulsos às regras de uma civilização que procura resolver os problemas humanos com acordos e não com o recurso da violência.

Cumpre reconhecer que vigora em nós ainda muita barbárie. Não diria animalidade, pois os animais se regem por impulsos instintivos de preservação da vida e da espécie. Em nós esses impulsos perduram mas temos condições de conscientizá-los, canalizá-los para tarefas dignas, através de sublimações não destrutivas, como Freud e recentemente, o filósofo René Girard com seu “desejo mimético” positivo tanto insistiram.

Mas ambos se dão conta do caráter misterioso e desafiante da persistência desse lado sombrio (pulsão de morte em dialética com a pulsão de vida) que dramatiza a condição humana e pode levar a fatos irracionais e criminosos como o linchamento de uma pessoa inocente.

Todos pensamos nos linchadores. Mas quais seriam os sentimentos de Fabiane Maria de Jesus, sabendo-se inocente e sendo vítima da sanha da multidão que faz “justiça” com suas próprias mãos? A questão principal não é o Estado ausente e fraco ou o sentimento de impunidade. Tudo isso conta. Mas não esclarece o fato da barbaridade. Ela está em nós. E a toda hora no mundo ela ressurge com expressões inomináveis de violência, algumas reveladas pela Comissão da Verdade que analisa as torturas e as abominações praticadas por tranquilos agentes do Estado de terror, implantado no Brasil.

O ser humano é uma equação ainda não resolvida: cloaca de perversidade para usar uma expressão de Pascal e ao mesmo tempo  irradiação de bondade de uma Irmã Dulce na Bahia que aliviava os padecimentos dos mais miseráveis. Ambas realidades cabem dentro desse ser misterioso – o ser humano – que sem deixar de ser humano ainda pode ser desumano.

Temos que completar ainda o salto da barbárie para a plena humanidade. A situação violenta do mundo atual, também contra a Mãe Terra nos deixa apreensivos sobre a possibilidade de um desfecho feliz deste salto. Só mesmo um Deus nos poderá humanizar. Ele tentou mas acabou na cruz. Um dos significados da ressurreição é nos dar a esperança que ainda é possível. Mas para isso precisamos crer e esperar.

sábado, 17 de maio de 2014

A mídia parcial, a sua destilação de ódio golpista e o desabafo de uma brasileira




Nunca antes na História deste pais surreal a direita esteve torcendo tanto para que sua imagem invertida, a esquerda super-radical, saia às ruas, como neste ano. Assim eles nem precisam participar do protesto, torcendo para que estes se tornem violentos. Assim, vão sentir-se novamente próximos do poder e podem tranquilamente fazer suas compras nos seus Shoppings esterelizados, sem rolerzinhos.


Segue, abaixo, o desabafo de Beth Caló, sobre o explícito cerco da mídia, com o empresariado, contra a ainda existente inteligiência vigente no Brasil:




CHEGA!

Beth Caló

Com todo mundo jogando contra não sai gol. O desrespeito ao cidadão, ao leitor e ao eleitor tornaram-se insuportáveis. A manipulação é vergonhosa. Temos direito aos fatos, à verdade. Não interessa se somos do PT, PSDB, PSOL... Não interessa! Temos o direito de decidir por nós mesmos o que é bom e o que é ruim. Em quem queremos votar. E por quê. A manipulação passou de qualquer limite aceitável.

Há descontentamento com o poder público? Sim, claro que há. Críticas a serem feitas? Óbvio que sim! Mas com a grande imprensa fechando o cerco com o único objetivo de impedir que o PT se reeleja, não dá. É subestimar nossa inteligência. É tratar a população e o eleitor feito gado, massa de manobra. Chega! Existe gente protestando e existe gente fazendo terrorismo. Parando e quebrando as cidades todos os dias. Alguém já tentou fazer uma estimativa dos prejuízos? Há quase um ano parte do comércio para dia sim, dia não, carros e centenas de ônibus são incendiados, lojas, bancos depredados... Luta democrática? Hahã. Me engana que eu gosto.

Elite + direita burra + pseudoanarquistas de quinta + desocupados encenam seu script repetitivo e repetitivamente ganham espaço na mídia, que pretende mostrar: esse país está desgovernado. Vou falar pela enésima vez: não sou militante do PT. Mas reconheço que as políticas sociais desse governo tiraram muita gente da miséria, da fome. A minha vida pessoal não mudou em nada com esse governo. Talvez, até, tenha piorado, não sei. Mas quando chego num aeroporto e vejo que, na sala de espera, está o porteiro do meu prédio, quando encontro uma ex-empregada doméstica comprando micro-ondas na mesma loja de departamentos onde faço compra, fico feliz. Feliz mesmo. Penso que ter saído às ruas para lutar pela democracia, nos anos 70, e ter dado a cara pra bater, valeu a pena.

Precisamos avançar? Sim, claro, precisamos. Mas como é que se faz para ter acesso à informações confiáveis? Onde está a reportagem investigativa que já deveria ter encontrado - e denunciado - há muito tempo quem está botando "lenha na fogueira" dos movimentos sociais, das manifestações pacíficas-e-ordeiras-só-perturbadas-por-uma-minoria-de-vândalos?

Gente da oposição, please, tome sua linha. Bota a cabeça pra pensar. Mais respeito. Esse governo foi eleito legitimamente por todos nós. Não está contente? Mostre seu descontentamento nas eleições ou em manifestações de gente adulta, politizada. Chega de referir-se ao atual governo como PTralhas. Chega. Foi difícil restabelecer a democracia nesse país. Muita gente morreu, muita gente desapareceu, muita gente foi torturada. Chega. Temos de caminhar para o aperfeiçoamento democrático e não o contrário.

É desconcertante, acachapante assistir ao que está acontecendo. Talvez seja hora de alguns colegas pedirem demissão dos veículos onde trabalham. Medida extrema, eu sei. Mas às vezes não há outra saída para mantermos nossa dignidade pessoal. Respeito próprio. E respeito pelo outro. Chega!

Pronto. Desabafei.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Bob Fernandes discute porque só o "Mensalão" do PT foi parar no STF, enquanto os dos tucanos não, assim como a Compra da Reeleição por FHC, a privatiaria da Telebrás, etc.



Segue o video onde o analista político Bob Fernandes discute porque apenas o "Mensalão" do PT chegou ao Supremo enquanto escândalos muito piores foram poupados, especialmente pela mídia:



Bob Fernandes: Só o "Mensalão" acabou na justiça



Segue a transcrição do comentário de Bob Fernandes:





Há quem diga ser uma farsa o julgamento do chamado "mensalão". Não, não é uma farsa. É fruto de fatos. Ou era mesada, o tal "mensalão", ou era caixa dois. Mas não há como dizer que há uma farsa. E quem fez, que pague o que fez. A farsa existe, mas não está nestes fatos.

Farsa é, 14 anos depois, admitir a compra de votos para aprovar a reeleição em 98 -Fernando Henrique-, mas dizer que não sabe quem comprou. Isso enquanto aponta o dedo e o verbo para as compras agora em julgamento. A compra de votos existiu em 97. Mas não deu em CPI, não deu em nada.


Farsa é fazer de conta que em 98 não existiram as fitas e os fatos da privatização da Telebras. É fazer de conta que a cúpula do governo não foi gravada em tramóias escandalosas num negócio de R$ 22 bilhões. Aquilo derrubou um pedaço do governo tucano. Mas não deu em CPI. Ninguém foi preso. Não deu em nada.


Farsa é esquecer que nos anos PC Farias se falava em corrupção na casa do bilhão. Isso no governo Collor; eleito com decisivo apoio da mídia. À época, a polícia federal indiciou 400 empresas e 110 grandes empresários. A justiça e a mídia esqueceram o inquérito de 100 mil páginas, com os corruptos e os corruptores. Tudo prescreveu. Fora o PC Farias, ninguém pagou. Isso foi uma farsa.


Farsa foi, é o silêncio estrondoso diante do livro "A Privataria Tucana". Livro que, em 115 páginas de documentos de uma CPI e investigação em paraísos fiscais, expõe bastidores da privatização da telefonia. Farsa é buscar desqualificar o autor e fazer de conta que os documentos não existem ou "são velhos". Como se novas fossem as denúncias agora repisadas nas manchetes na busca de condenações a qualquer custo.


Farsa é continuar se investigando os investigadores e se esquecer dos fatos que levaram à operação Satiagraha. Operação desmontada a partir da farsa de uma fita que não existiu. Fita fantasma que numa ponta tinha Demóstenes Torres e a turma do Cachoeira. E que, na outra ponta da conversa que ninguém ouviu, teve o ministro Gilmar Mendes.


Farsa é, anos depois de enterrada a Satiagraha, o silêncio em relação a US$ 550 milhões de dólares. Sim, por não terem origem comprovada, US$ 550 milhões continuam retidos pelo governo dos EUA e da Inglaterra. E o que se ouve, se lê ou se investiga? Nada. Tudo segue enterrado. Em silêncio.


O julgamento do chamado "mensalão" não é uma farsa. Farsa é isolá-lo desses outros fatos todos e torná-lo único. Farsa é politizá-lo ainda mais. Farsesco é magnificá-lo, chamá-lo de "maior julgamento da história do Brasil".


Farsa não porque esse não seja o maior julgamento. Farsa porque se esquecem de dizer que esse é o "maior" porque não existiram outros julgamentos. Por isso, esse é o "maior". Existiram, isso sempre, alianças ideológicas, empresariais, na luta pelo Poder. Farsa porque ao final prevaleceu, sempre, o estrondoso silêncio

domingo, 11 de maio de 2014

Bob Fernandes sobre Gilmar Mendes, que nada fez contra a compra da emenda da reeleição quando servia a FHC, e tanto fez por Daniel Dantas, Roger Abdelmassih e outros ricos elitistas poderosos...


Segue vídeo do comentarista político Bob Fernandes, da TV Gazeta, sobre as falastronices e hipocrisias de Gilmar Mendes:




O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, diz que o país vive "um apagão de gestão". E que "é preciso atenção devida" aos escândalos na Petrobras.

A Petrobras será alvo de CPI, vem sendo investigada pela Polícia Federal, Tribunal de Contas, Controladoria Geral da União e Ministério Público. E está todos os dias nas manchetes, sob atenção total da Mídia.

Mais atenção, quase impossível. Atenção talvez seja preciso em relação a Gilmar Mendes, suas ações, história e motivos.

O ministro é inteligente e sabe o que é fazer política. No Palácio, como jurista, ele serviu aos governos Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Que atitude… o que disse Gilmar Mendes quanto à compra de votos para aprovação da emenda da reeleição sob a presidência de Fernando Henrique?

Da mesma forma em relação às fitas do BNDES e a privatização do Sistema Telebras, que não foram objeto de qualquer CPI. Nem à época e nem depois.

Gilmar concedeu dois habeas corpus a Daniel Dantas na "Operação Satiagraha", em julho de 2008. É seu direito e parte da sua função.

Não é sua função "chamar às falas" um presidente da República, como anunciou ter feito naquele 2008.

O ministro foi ao presidente Lula cobrar escuta telefônica que teria sido feita contra ele pela ABIN.

A história era ridícula. "Escândalo" com um grampo telefônico que ninguém ouviu. 
Grampo de ficção, que deixava bem na conversa Gilmar e seu parceiro naquela história, o ex-senador Demóstenes Torres.

Aquele que foi esteio moral do DEM antes de ser cassado na esteira do caso Cachoeira & Delta. 

No chamado "mensalão do PT", Gilmar Mendes, ministro do Supremo, prejulgou. Deu o veredicto, de "quadrilha", antes do julgamento começar.

No caso Daniel Dantas, Gilmar protestou contra o "Estado policial", simbolizado pelos grampos da PF.

Grampos estão sendo vazados no caso Petrobras. E o que se ouve do mesmo ministro?…
Silêncio no Tribunal.

O ministro faria bem ao Supremo e ao país se atendesse à sua verdadeira vocação.

Como outros no Supremo Tribunal, Gilmar Mendes deveria despir a toga e ir às urnas, disputar uma eleição, um mandato.

Veja também: Quem desmoralizou o STF foi o próprio STF