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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Os coxinhas "esclarecidos" e a Copa


Incrível como a percepção das pessoas fica condicionada com as lentes da propaganda vinculada aos interesses econômicos de uma minoria, da mídia, ecoando a ideologia em que se indentificam, transformando situações que, aos olhos dos mesmos críticos, soam  ou parecem mais positivos desde que sejam efetuados por outras nações.... 


Em situações assim, é muito fácil ter uma percepção seletiva ou mesmo distorciva, apesar das informações de fontes confiáveis que desmentem "achismo" e "informes" catastrofistas, mas que são utilizados para minar politicamente pessoas, grupos ou setores da sociedade entendidos como problemas à velha tatica das elites de manterem o mesmo roteiro de exploração tradicional, vinculado igualmente aos interesses externos que visem ao mesmo intuito.


Estes textos a seguir visam incentivar a reflexão e demonstrar, como uma voz perdida no deserto da imbecilidade reacionária, a sordidez da ação de movimentos como "Não vai ter Copa", neste contexto....

Carlos Antonio Fragoso Guimarães



"A imprensa está agora batendo repetidamente na tecla de que no próximo ano as contas públicas não vão se sustentar e que vai haver um "boom" na economia.
Óbvio que nada disso vai ocorrer. Esse discurso da imprensa nada mais é do que uma forma de já ir preparando o terreno para se justificar certas medidas de austeridade que serão tomadas por um possível governo tucano.
Como já adiantou o provável futuro ministro da economia de Aécio, Armínio Fraga, o salário mínimo está "muito alto", e provavelmente eles tentarão sustentar a ideia de que será necessário fazer "alguns cortes" para se manter as contas públicas funcionando.
Seguindo essa linha, provavelmente virão outras medidas de austeridade, até mesmo um possível desmantelamento da Petrobrás para se abrir caminho a uma possível privatização, ou o início dela.
O terreno já está sendo preparado, e se o PSDB vencer essas eleições, veremos imensos retrocessos pela frente."


Hugo Lapa 

"Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". (Nelson Rodrigues)

Protesto de Espetáculo



Texto de Xico Sá, Folha de São Paulo

Amigo ranzinza, amigo nem aí, simplesmente este abestalhado cronista não tem como fingir: ama o futebol e protesta desde quando vocês estavam nos bagos dos vossos queridos pais. Poxa, vos peço, encarecidamente, deixem ter Copa, por favor, imploro, sei que vocês são minoria absoluta, mas também sei que é fácil fazer com dois pneus queimados os efeitos especiais de um "Apocalipse Now", o horror, o horror, do diretor Francis Ford Coppola, sei que vocês têm a bela arrogância juvenil que eu ainda guardo no meu peito murcho que só serve para amparar a dama no pós-sexo, nada mais.

Sei que vocês estão à reboque dos movimentos sociais, bravos sem-teto, que protestam a vida toda, como aqueles homens das peças do Brecht, os que lutam a vida inteira, mas, por favor, vamos deixar começar o jogo. Pelo menos meio tempo de Brasil e Croácia. Aí sim, se o Brasil jogar aquela bolinha suspeita e meia boca... Caio imediatamente para dentro do movimento.

(clique aqui para ver)

Sei que vocês, sem saber, estão favorecendo os locautes, quando a greve, no dicionário, muda de sentido: patrões dão corda para que funcionários parem. Donde os patrões que dependem de ligação direta com Estados e municípios, tipo o coronelismo metropolitano dos ônibus, ampliam seus lucros para continuar vos tratando como gado nos vagões e busões vagarosos.

Por favor, vocês viram como combati o bom combate em treta pública com o messiê colonizador Jérôme (Fifa), não me tenham, ainda, como um traidor, um Calabar da pátria em chuteiras. Por favor, deixem que a bola role. Aí conversamos. Por que vocês ficaram calados uma vida e agora querem desovar tudo? Sim, é legítimo, porém um oportunismo paga pau diante dos gringos.

Agora me senti um legítimo brizolista. Nacionalíssimo. Sem obrigatoriamente falar das perdas internacionais. A Copa é um contrário. A hora de os brasileiros pegarem os bestas que vêm de fora para a feira futebolística.


Ah, os jornais ingleses estão preocupados com a violência, ah, a mídia estrangeira. Só rindo. E nós, Pedro Bó, que, com ou sem Copa, estamos para sempre na área? Aí sim. É o que vale. Ou você acha, Jeca Tatu, que a Copa iria resolver os nossos problemas definitivamente?

Com ou sem Mundial da Fifa continuaremos, paradoxalmente, o mesmo povo, a mesma gente, o mesmo banco, o mesmo jardim. Que a pátria dos pneus queimados siga com ânimo depois da Copa, mas que não fique só na subserviência midiática do protesto de espetáculo. Oportunismo demais, na boa, pode virar um tremendo gol contra.
Não quero acreditar que vosmicê pensava que a Copa resolveria nossos males. Por favor. Nem tratemos disso, né? Agora só chamando meu amigo Darcy Ribeiro, idealizador dos Cieps, que dizia: aos trancos e barrancos, seguimos nós.



Custo da Copa equivale a um mês de gastos com educação


GUSTAVO PATU
DIMMI AMORA
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

23/05/2014  02h00

Mesmo mais altos hoje do que o previsto inicialmente, os investimentos para a Copa representam parcela diminuta dos orçamentos públicos.

Alvos frequentes das manifestações de rua, os gastos e os empréstimos do governo federal, dos Estados e das prefeituras com a Copa somam R$ 25,8 bilhões, segundo as previsões oficiais.

O valor equivale a, por exemplo, 9% das despesas públicas anuais em educação, de R$ 280 bilhões.

Em outras palavras, é o suficiente para custear aproximadamente um mês de gastos públicos com a área.


A comparação deve ser relativizada porque haverá retorno, no futuro, de financiamentos. O Corinthians, por exemplo, terá de devolver os recursos que custearam o Itaquerão. Além disso, os gastos da Copa começaram a ser feitos há sete anos –concentrados nos últimos três.

Isso não quer dizer que as cifras sejam corriqueiras: num país em que os governos privilegiam a área social e têm pouca sobra para investir, são raros os projetos que mobilizam tantos recursos.
(...)

A Brincadeira da Mídia para com a opinião Pública


Luis Nassif 

Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/a-brincadeira-da-midia-com-a-opiniao-publica

É inacreditável o nível de autossuficiência atingido pelos grupos de mídia, na fase mais crítica da sua história.

Meses e meses batendo nos gastos da Copa, ajudando a criar essa barafunda informacional, de misturar investimentos em estádios com gastos orçamentários, criticando os "elefantes brancos", anotando cada detalhe incompleto de obras que ainda não estavam prontas, ignorando o enorme investimento na imagem do país.

De repente, como num passe de mágica, fazem uma pausa e, em conjunto, passam a enxergar as virtudes da Copa - maior evento publicitário do ano para eles.


O Estadão solta enorme matéria sobre "a Copa das Copas", lembra o óbvio - vai ser o evento de maior visibilidade para o Brasil, em sua história. 14 mil jornalistas levando a imagem do país para todos os cantos, o maior público de televisão para um evento.

A Folha dá o óbvio incompleto: a informação de que os gastos com a Copa representam um naco dos gastos com educação. Não ousou explicar que são recursos dierentes, que financiamentos não podem ser confundidos com gastos orçamentários, que gastos com obras são permanentes. Mas vá lá!

O que é impressionante é supor que se pode brincar dessa maneira com a opinião de seus leitores, levá-las para onde quiser, ao sabor da manchete do momento, da estratégia de ocasião. Será que não há uma cabeça estratégica para explicar que essa desconsideração para com o leitor é veneno na veia da credibilidade?

Dia desses o Ministro Aldo Rabello ao que parece assimilou as críticas contra sua ausência dos debates da Copa e deu uma boa entrevista a TV Brasil, com números e argumentos sólidos.

A explicação para a anomia do governo com o tema foi chocante. O marqueteiro do Palácio desaconselhou qualquer campanha de esclarecimento porque, segundo ele, as pessoas não estavam associando Copa com governo e a campanha poderia estabelecer essa associação.






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