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terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Viagem, filme crítico e espiritualista dos irmãos Wachowski, com direção de Tom Tyker



Carlos Antonio Fragoso Guimarães




Em dezembro (ao que parece), a Warner Bros estará lançado o filme "Cloud Atlas" que, no Brasil, terá o título de "A Viagem". A produção é dos irmãos Wachowski (os mesmos de "Matrix" ). A direção, do alemão Tom Tyker (de "Corra, Lola, corra"). Por questões mercantis, contudo, a estréia do filme pode ficar para janeiro de 2013, já que superproduções como O Hobbit, de Peter Jackson, e "As Aventuras de Pi", de Ang Lee, estarão estreando na época do Natal.


Baseado no romance Cloud Atlas, de  David Mitchell, a história conta  a vida, em flashes e de forma entrelaçada - num desenvolvimento atípico dentro das produções ordinárias de Hollywood -, de seis pessoas que vivem, em épocas diferentes, vidas que são expressões dramáticas e cômicas da luta humana para adquirir e manter uma noção mais crítica, humana e justa do mundo, no que, impreterivelmente, acabam por ser perseguidas  - os perseguidores, pertencentes à classe dominante que explora a maioria dominada, também retornam em outras vidas e outras roupagens. Existe uma sugestão no filme de que os personagens, em distintas épocas, são animados pelas mesmas almas que tornam a encarnar e vivenciar situações semelhantes (e não sem razão, a peça musical composta no filme por um compositor emocionalmente conturbado, chama-se "Eterno Retorno"). As histórias desses personagens formam uma tapeçaria complexa, cujos fios vão do século 19 até um futuro possível e um tanto indeterminado. 

O filme retoma a mesma crítica social já presente em produções dos irmãos Wachowski, como Matrix e V de Vingança, especialmente ao fato de que as classes dominantes impedem qualquer desenvolvimento de um pensamento crítico desta mesma sociedade, onde todas as idéias de  justiça, igualdade e expansão da realidade cruel do sistema são vistas como perigosas heresias a serem duramente combatidas, denunciado até mesmo a tecnologia e o mecanicismo como meios de alienação e sedução das pessoas e ainda toca em questões como vida após a morte, justiça, evolução, reencarnação, afetividade, preconceito racial e sexual e a ligação sutil, sistêmica, entre nossos atos e escolhas junto a nós mesmos, ao mundo e às pessoas. Contudo, o filme não é tão fácil de digerir pelas pessoas que estão acostumadas com as produções de ação superficial que povoam as salas de cinema nos últimos trinta anos e é necessário uma abertura e atenção para entender o enredo do filme,  que, contudo, traz todos os ingredientes de uma história  filosoficamente instigante.

No elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon, Ben Whishaw, Hugo Weaving, Jim Sturgess e Jim Broadbent

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