quinta-feira, 5 de maio de 2022

BOB FERNANDES: Racismo, banditismo político, militares no Poder. Esquerda x Direita? Não, é Civilização x o Horror

 


Do Canal do analista político Bob Fernandes:

Cidadão, Roger Machado disse, sem meias palavras: Bolsonaro autorizou o racismo. Fúria de racistas, nazistas e fascistas contra o técnico do Grêmio. A disputa no Brasil não é apenas entre Esquerda e Direita, é da civilização contra o Horror, a Barbárie. Vejam:



Hoje comecemos por um cidadão exemplar.

E que, por isso mesmo, provocou ódio e ranger de dentes nos últimos dias.

Esse cidadão é Roger Machado, técnico do Grêmio, onde foi ídolo e multicampeão como jogador, na lateral esquerda.

Com todas as palavras, à agência francesa de notícias AFP, Roger Machado disse:

- Os indivíduos (racistas) que estavam escondidos se sentem autorizados a se manifestar segundo as posturas e pontos de vista do líder da nação... são convergentes.

Roger se refere, por exemplo, a ofensas a ele, mulher e filhas no jogo em Ponta Grossa, no Paraná, contra o Operário, na semana passada.

Ouçamos o que disse em resposta a Roger Machado o presidente do Operário de Ponta Grossa, Álvaro Góes.

- Acho muito difícil que isso tenha acontecido porque ali é uma aglomeração de pessoas mais elitizadas que estão dentro da arquibancada. São pessoas de um nível de cultura mais elevado.

Álvaro Góes ainda não entendeu o que é o racismo estrutural do Brasil.

E por onde, até por onde ou principalmente onde ele está espalhado.

Roger Machado só errou ao se referir ao presidente Bolsonaro como “líder da nação”.

Errou porque Bolsonaro não é líder de uma nação. E sequer é líder.

Ele é o boneco de ventríloquo do verdadeiro poder: o poder dos militares.

Os militares são o Poder.

Um agrupamento de Poder que no parlamento está associado a bandos aglomerados naquilo chamado Centrão.

Agrupamento que, nesse momento da história, trabalha com bilhões e bilhões de reais… secretos.

Embutidos num orçamento em que não se sabe qual o destino e quem são os destinatários.

Só são conhecidos os objetivos: vencer a eleição deste ano de 2022 a qualquer custo.

E assim evitar, também, o que o próprio Bolsonaro teme e já disse publicamente...

- Que, se for a esquerda [eleita em 2022], eu e uma porrada de vocês aqui tem que sair do Brasil. Porque vamo ser preso.

As investigações por muitos crimes. Com muitos terminando presos. Na cadeia.

Por isso o banditismo escancarado. Seja nos confins da selva amazônica, seja em Brasília.

Seja nos cercos, assassinatos e estupros contra indígenas...

Seja nos Palácios, parlamento ou mirando o STF.

Bolsonaro e cúmplices não lideram uma Nação.

Lideram porções do Brasil mais retrógrado, mais atrasado.

O que lideram, percebido a médio e longo prazos, coloca em enorme risco qualquer projeto de Nação.

Ainda que se finja não ver e não saber...

Como chamar de “Nação” um território onde 19 milhões de homens, mulheres e crianças vivem, neste momento, a fome?

Onde 125 milhões enfrentam, exatamente neste tempo agora, “insegurança alimentar”, sem saber se terão o que comer no mês?

O que essa gente lidera não é uma nação, ainda que insistam em tentar roubar bandeira, cores e hino. Como vimos no último domingo.

Lideram algo que junta desde desinformados, ingênuos, ou otários, a milícias, oportunistas, corruptos e bandidos.

Lideram fanáticos da extrema direita.

Sejam fascistas, nazistas ou racistas como estes e estas agora expelindo ódio contra Roger Machado.

Ou contra um filme agora em cartaz, “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos.

O técnico do Grêmio Porto-Alegrense disse ainda:

- Temos que resistir porque a intenção é que retrocedamos, e isso não podemos permitir.

Roger Machado entende não ser mais possível seguir calado ou falando nas entrelinhas.

É preciso dizer tudo muito claramente. Os que atacam Roger Machado são racistas.

E isso se não forem, ao mesmo tempo, nazistas, fascistas.

Quando buscam desqualificar Roger por ser ele casado com uma mulher branca, nada mais é preciso dizer.

Isso já é uma confissão. Do racismo, ignorância, estupidez, da secular, feroz cultura escravocrata.

Só falta, diante do que enxergam como acintoso, clamarem pela volta dos Pelourinhos e da chibata.

Roger Machado, o cidadão, lidera o Projeto Canela Preta.

Que financia a publicação e divulgação de livros de autores negros e indígenas.

Isso em parceria com a mulher e mãe de seus filhos, Camile Pasqualotto.

Os principais temas desse projeto do selo “Diálogo da Diáspora” são racismo, cultura e poesia.

A Nação de Bolsonaro, semelhantes e assemelhados, uma gente que tem Olavo-boca-de-latrina-como pensador não engole um negro, um preto como Roger Machado espalhando literatura para os que não têm ou para os que pouco têm.

Engole menos ainda Roger Machado dizendo aos racistas e fascistas o que eles são.

Não é possível mais ficar calado ou seguir falando apenas nas entrelinhas. Esse é o desabafo de Roger Machado.

Grafite, ex-jogador do São Paulo, na Alemanha e na seleção brasileira, agora comentarista no SportTV, concorda com Roger.

Responsabiliza também Bolsonaro e denuncia o racismo estrutural do Brasil. E do futebol brasileiro.

A quase totalidade dos seus jogadores, que ascenderam, nasceu e cresceu nas quebradas.

Eles, suas famílias, seus próximos viveram a pobreza, a miséria.

Perderam amigos e parentes para a violência do mundo dos que pouco ou nada têm.

Em especial os que agora têm, e de sobra, até quando seguirão fazendo arminha?

Posando com aqueles sorrisos inadequados, para não dizer “sorrisos idiotas” de quem nem sabem o que está acontecendo, ao lado do poder e poderosos.

Até quando amnésia e silêncio covarde diante da própria história, a deles e de seus semelhantes?

Tudo que é importante deve ser dito e disputado.

Mas sem cair no jogo das plantações diárias que desviam ou conduzem as atenções.

A pauta de costumes é importantíssima, mas tem armadilhas. E é preciso, senão evitá-las, contorná-las.

Ótimo ter Anitta e Pabllo Vittar por exemplo ao lado, mesmo porque estão ao lado.

Porque significam, encarnam uma presença orgânica em qualquer processo civilizatório num momento como este da história do Brasil.

Mas, quando no universo político-eleitoral, que seja com inteligência.

Porque o que há de pior trabalha da pior forma possível. No vale-tudo, com fake news, na mentira.

Nos lembremos sempre: essa gente é horrorosa.

Façamos um ligeiro rol. Como com pré-maquinas se fazia, um rol de roupas sujas.

Vamos ao rol.

Damares, Sergio Camargo, Ricardo Salles, Heleno o Pequeno, Arthur Lira, Mário Geladas Frias e bando...

MBL de Kim, Allan dos Santos, Mamãe Falei, Holiday...

Os ressentidos irmãos Weintraub ora se fingindo de oposição, Robertão Jefferson, a pastoral do MEC...

A fúria fake e embolorada do “Clube Militar” acobertando, sempre acobertando a mamataria militar...

As cúpulas sacando, ao mesmo tempo, o discurso da Pátria, o discurso patriótico e os salários milionários, de marechais.

Daniel Cro-Magnon Silveira se portando como bandido em nome da causa...

A cada dia, isca nova para desviar atenções do que realmente importa.

A começar pelo genocídio, criminosas 665 mil mortes, entre milhares que poderiam ter sido evitadas.

O Brasil com 3% da população mundial e 11% das mortes pela Covid no mundo.

Vítimas da negação e da inação criminosas do governo, do um ano de atraso na compra de vacinas.

A tutela militar, o Poder real, nas sombras faz o jogo de desqualificar o sistema de apuração de votos.

Sabem, estão cansados de saber que o sistema é absolutamente confiável, mas seguem na Farsa.

Buscam, com o boneco Bolsonaro atiçando suas hordas, desgastar, trazer desconfiança, em busca de mais Poder.

Desviam as atenções do que realmente importa.

A inflação, 1,73%, a maior dos últimos 27 anos em abril, 12,03% no acumulado.

Recordes: 77% das famílias com dívidas, 28% com contas atrasadas.

Esqueçam, não rebatam o 01, 02, 03, 04 e o 00. Denunciam, exibam a fome nas ruas, praças, calçadas.

O Viagra, a prótese peniana importam porque mexem, não apenas com o, digamos, moral militar, mas também com o imaginário popular.

É muito claro o que significa tudo aquilo.

Mas mais, muito mais importam o silêncio e a cumplicidade dos militares com o triplicar de armas compradas.

É preciso dizer claramente, sem nada nas entrelinhas: estão armando forças paramilitares, atocaiadas em clubes de tiro nada inocentes.

Não por acaso, o número de mortes por causas violentas cresceu 81% em janeiro deste ano.

Perguntem o porquê a qualquer promotor ou policial decente e prestem atenção na resposta...

Mortes por motivo fútil e banal, em casa, no trânsito, no boteco.

E governo e militares, de maneira irresponsável, não enxergam o que pode vir a ser um país em crise e armado?

Um país que já tem milícias e facções de posse formal ou informal de territórios.

Não sabem o que foi a Colômbia até há pouco? O que se tornou o México com alquimia semelhante?

Miséria, narcos e a aliança milícias & poder político & militar?

Não conseguem enxergar ou querem isso mesmo em nome da manutenção do Poder?

Não sentiram o cheiro das queimadas, da devastação na Amazônia e no Pantanal?

Não estão ouvindo o barulho no mundo a respeito do país se tornando pária?

Não sabem que o desmatamento em terras indígenas cresceu 138%?

Não sabem que crianças e adolescente estão sendo assassinados? Que já são quase 7 mil por ano?

Não ouvem o lamento, a dor de crianças indígenas sendo estupradas e mortas?

Não sabe o general Braga Netto, pré-vice de Bolsonaro, das manhas e artimanhas das famílias Bolsonaro?

Ex-interventor no Rio, ele desconhece o patrimônio imobiliário das famílias e como foi construído?

Não sabe como, já relatou o MPRJ, como isso, esse patrimônio, foi construído? E com ajuda e sociedade com quem?

Ignoram destino e porquê dos bilhões do orçamento secreto?

Seja entre quem for, não é uma disputa entre direita e esquerda ou vice-versa.

É uma disputa, decisiva disputa entre o mínimo de civilização e civilidade e o máximo da barbárie e do horror.

Não se enganem: só é, só será uma “escolha difícil” para os que, descalços ou de fraque e cartola, barriga no tanque ou Chanel e joias, já escolherem o que são, o que querem ser na Vida.


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