O fuzil que mata espíritos espíritas. Texto de Ana Cláudia Laurindo

 

Talvez já tenhamos falado bastante sobre a incompatibilidade de se afirmar seguidor de Jesus e companheiro de Allan Kardec segurando a bandeira bolsonarista, pois se daquele lado se fala de amor e compaixão, deste outro se prega a violência em todas as suas expressões, o anti-amor.

Foto: mídia ninja

Do Repórter Nordeste:

Há quem imagine que tudo o que precisava ser dito sobre o bolsonarismo no meio espírita já tenha esgotado; há quem acredite que nada mais pode ser elencado no intuito da análise, da reflexão e consequentemente, do aprendizado. Mas não é verdade. Pois quando menos se espera, um grupo de espíritas fardados como imaginam vestir os habitantes de Nosso Lar faz um vídeo sorridente em apoio viril a um dos piores presidentes que este país já teve, o atual.

Talvez já tenhamos falado bastante sobre a incompatibilidade de se afirmar seguidor de Jesus e companheiro de Allan Kardec segurando a bandeira bolsonarista, pois se daquele lado se fala de amor e compaixão, deste outro se prega a violência em todas as suas expressões, o anti-amor.

Espírita bolsonarista é espírita desinformado?

Não necessariamente.

Por esta razão seguimos em estudos, tendo como base nossa teoria sobre a evolução política e não religiosa dos espíritos.

Desde os longínquos tempos históricos, de modo ostensivo nos processos de imposição da fé católica na Europa, do controle protestante na América do Norte e colonização das Américas do Sul e Central, a religião tem sido mote para a decadência dos espíritos encarnados, através de ações legitimadas pela política da força, equidistante do amor.

Assim vamos desvendando mistérios dessa fé que leva à morte dos espíritos através do assassinato de corpos e pensamentos diversos, quando transforma o outro em território de conquista a qualquer custo.

Eis o fio condutor: sempre a busca de reafirmação de algum tipo de poder, de verdade, de missão.

Jesus por certo não entra neste conluio bestial, mas sua transformação em rei tem servido para justificar tais crimes. E ainda hoje o fazem.

Onde ligar tais fatos ao vídeo dos espíritas apoiadores de Bolsonaro? Fica simples de fazer, quando compreendemos que eles defendem um tipo de sociedade tirânica, tendo a frente um líder que tenta obrigar o país a trocar a luta por feijão que alimenta corpos, pelo fuzil que serve  apenas para destruir corpos.

Esse é Bolsonaro, o candidato a ditador que joga o Brasil na vala da indigência social dia após dia, com larga lista de responsabilização em desencarne coletivo na pandemia não contida, enlouquecimento de algozes e vítimas do rastro cruel de desgraças que produz com aplicações de políticas desumanas, como por exemplo, o desmonte do Sistema Único de Saúde e incentivo ao crescimento da miséria, proliferando desemprego e fome em uma terra carente de proteções.

Os espíritas de fenotipo branco que aparecem no vídeo defendendo a criatura espúria que envergonha o Brasil exibem o caráter religioso das ditas casas de caridade, que em nome de um amor punitivista e seletivo, amaciam a carne explorada e acreditam com isso salvar suas almas dependentes, mas em verdade, apenas servem ao poder dominante e idolatram os filhos do deus mercado.

Desse modo, e pelas linhas meticulosas de um estudo paciente, vamos desfiando palavras firmes porém não-violentas, para explicar que o inimigo da fé não é o sexo, mas a política dominante, conservadora, que distorce a representação de Deus e eleva o ego dos que se acreditam puros, seja em raça, classe ou nível cultural religiosista.

Sim, a evolução dos espíritos é política!

E se no Brasil os espíritas apoiam Bolsonaro, é porque o meio está há anos-luz de compreender o amor, já que este direcionamento espiritual sublime sequer pode ser percebido por Bolsonaro, o destruidor de lumes, o braço das trevas nesta terra de ignorância cultivada, e por isso, digna de comiseração.

Que a misericórdia de Deus nos alcance para que não nos falte o alimento nesta hora de miséria exposta.