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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Mais nove vidas perdidas (em nome da "ordem" na ótica dos e para mais aquinhoados)… Por Dora Incontri




Periferias de hoje / São os navios negreiros / São senzalas da cidade, / Onde morrem brasileiros / Desde a mais tenra idade.

Mais nove vidas perdidas…, por Dora Incontri

Mais nove vidas ceifadas
Vidas moças, pisoteadas,
Vidas negras, extirpadas.
Que importa? É periferia…
E quem os proteger deveria
Que faz a selvageria!

Até quando o morticínio
O tétrico extermínio
Que se chama genocídio
De jovens e de crianças
Que indo à escola
Ou se divertindo
Caem sob o domínio
De milicos e polícias
De fardados, de milícias?

Até quando se perpetua
A escravidão descarada
A violência em plena rua
A indiferença deslavada
Ante a morte de brasileiros
Que não são cidadãos de fato
Que não são gente por inteiro
Para os fascistas armados?

Até quando a nossa bandeira
Será manchada de sangue
Vermelha de vergonha
Pisoteada e exangue,
Injustiçada e tristonha?
Vermelha não por partidos
Vermelha porque ensanguentada
Desde quando o poeta clamava
Contra os navios assassinos
Que trazia acorrentada
Uma gente escravizada…

Periferias de hoje 
São os navios negreiros
São senzalas da cidade,
Onde morrem brasileiros
Desde a mais tenra idade.


Até quando, meu Deus?
Até quando que os filhos teus
Terão seus corpos trucidados
E os filhos dos filhos arrancados?


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