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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Bob Fernandes: Moro pede desculpas, mas não se arrepende. É o deixar a lei de lado em nome da lei.







Na podridão do Sistema Político-Partidário-Empresarial, avassalador o impacto da Lava Jato.

Mais do que os demais, o juiz Moro encarna a Lava Jato. Nesta segunda-feira, 27, assistimos a uma confissão:

-Não me arrependo de forma nenhuma...


Moro disse isso sobre as gravações e vazamento das conversas entre Lula e Dilma em 16 março de 2016.

Um dia depois daqueles grampos e vazamento Moro reconheceu irregularidade nas gravações. Relatou:

-Determinei a interrupção da interceptação às 11 hs 12...

Mas seguiram gravando.

Só uma hora e seis minutos depois, às 12 hs18, as operadoras foram avisadas pela Polícia Federal.

Às 13 hs 32 foi feita uma segunda gravação. Mais de duas horas depois do tempo legal determinado por Moro para interrupção.

Disso, Moro se defendeu: "Como havia justa causa e autorização legal, não vislumbro maiores problemas...".

Ministros do Supremo Tribunal vislumbraram enorme problema. Marco Aurélio de Mello foi duríssimo e claro:

-Isso é crime. Está na lei (...) Moro simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado.

Teori Zavaski, então relator da Lava Jato, bateu:

-Papel do juiz é o de resolver, não criar conflitos. Imparcialidade pressupõe discrição, prudência, serenidade (...) e não se deixar contaminar pelos holofotes.

Treze dias depois das gravações e vazamento, o juiz se desculpou.

Moro, que hoje diz não ter se arrependido "de forma nenhuma", então pediu "respeitosas escusas" ao Supremo.

Nesse caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgou representação contra Moro. Por 13 a 1 decidiu em favor de Moro concluindo:

-A Lava Jato traz "problemas inéditos" e exige "soluções inéditas".

Esse mesmo TRF-4 julgará Lula na Segunda Instância. Confirmada a sentença de Moro, Lula ficará inelegível.

Carlos Eduardo Thompson Flores preside o TRF-4. E ele já opinou. Disse que, embora "não conheça as provas", a sentença de Moro foi "irretocável".

Nesta terça-feira, 28, a Folha informou: "Tribunal que vai julgar Lula acelera trâmite de ações".

Isso não deveria ser a respeito apenas de Lula. Porque é muito maior. E deixar a lei de lado em nome da lei teve, tem e terá consequências. Como já vimos e como veremos.

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