Para o autor do artigo do Die Zeit, a única coisa que falta nessa história da política brasileira é uma moral. "Claro que se pode afirmar categoricamente – como fazem alguns manifestantes por esses dias – que todos os políticos suspeitos de corrupção deveriam ser varridos para fora. Mas aí não sobraria quase ninguém em Brasília. A única possível exceção seria justamente Dilma Rousseff."
Jornal GGN - Em reportagem publicada nesta semana, o jornal alemão Die Zeit diz que a atual crise política brasileira é melhor que a série House of Cards, produzida pelo serviço de streaming Netflix e que trata da política nos Estados Unidos. Segundo o correspondente Thomas Fischermann, os acontecimentos dos últimos meses são "cheios de aventuras" e são fora do normal até mesmo para os padrões brasileiros.
A reportagem fala que a oposição tenta, desde as eleições de 2014, derrubar a presidente Dilma e incriminá-la no escândalo da Petrobras. "Nem mesmo as determinadas equipes de promotores nem a imprensa investigativa (frequentemente ligada à oposição, pois financiada por oligarcas) conseguiu comprovar algo de concreto", afirma Fischermann. Ele comenta também as ações da Justiça contra o ex-presidente Lula e até lembra da polêmica do "Mark e Hegel" no pedido de prisão formulada por promotores do Ministério Público de São Paulo. Leia mais abaixo:
Da Deutsche Welle
Por que alguém se interessa pela série americana se existem as notícias da política brasileira, questiona o semanário "Die Zeit". "Nessa história cheia de aventuras só falta mesmo uma moral", afirma.
Reportagem publicada esta semana pelo jornal alemão Die Zeit compara a atual crise política brasileira com as intrigas da série americana House of Cards, onde o inescrupuloso político Frank Underwood faz de tudo para acumular e manter poder, chegando até a presidência dos EUA.
"Por estes dias, é difícil entender por que ainda há pessoas que se interessam por House of Cards. Elas não acompanham as notícias da política brasileira?", pergunta o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Thomas Fischermann.
"Há um promotor que quer meter na cadeia um ex-presidente, cuja metade de sua equipe já está atrás das grades. Um presidente parlamentar que teria colocado milhões em propinas em contas na Suíça, mas que, mesmo assim, continua no cargo e, com acusações de corrupção, quer afastar outros políticos do poder. E há protestos nas ruas, nos quais pessoas pedem o retorno da ditadura militar. Elas dizem: num sistema político falido como esse, qual a diferença?", diz a reportagem.
Em seguida, Fischermann lembra que, recentemente, a revista americana Americas Quarterly comparou a crise política brasileira com a popular série do serviço de streaming Netflix – e concluiu que a política brasileira é bem mais interessante. Desde então, mais coisas aconteceram, escreve o jornalista. Segundo ele, os acontecimentos "cheios de aventuras" dos últimos dias são fora do normal até mesmo para os padrões brasileiros.
A reportagem afirma que a oposição tenta, desde a eleição de outubro de 2014, derrubar Dilma e tentou incriminá-la no escândalo da Petrobras. "Só que, para decepção deles, Dilma não tinha nada que ver com isso", escreve o correspondente.
"Nem mesmo as determinadas equipes de promotores nem a imprensa investigativa (frequentemente ligada à oposição, pois financiada por oligarcas) conseguiu comprovar algo de concreto. E isso não se deu por falta de afinco", afirma.
Em seguida é relatado o andamento do processo de impeachment, o "bloqueio total do parlamento pela oposição" e as recentes ações da Justiça contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem lembra até a polêmica nas redes sociais por causa da equivocada referência a "Marx e Hegel" no pedido de prisão preventiva de Lula.
Para o autor, a única coisa que falta nessa história da política brasileira é uma moral. "Claro que se pode afirmar categoricamente – como fazem alguns manifestantes por esses dias – que todos os políticos suspeitos de corrupção deveriam ser varridos para fora. Mas aí não sobraria quase ninguém em Brasília. A única possível exceção seria justamente Dilma Rousseff."
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