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terça-feira, 5 de novembro de 2024

A tragédia do capitalismo sem o estado para o controlar, por Luís Nassif

 

Nova etapa do capitalismo será um retorno aos primórdios da civilização industrial e o único setor público a crescer será a segurança pública.




GGN. - O tema de um mundo distópico dominado pelo grande capital, no qual as classes pobres enfrentam obstáculos invencíveis para chegar a uma outra dimensão – para conseguir cuidados médicos – está prestes a se tornar realidade.

Em 2013, foi lançado “Elysium”, dirigido por Neil Blomkamp, filme onde os ricos vivem em uma estação espacial luxuosa, com acesso a todos recursos médicos e tecnológicos, enquanto os pobres permanecem na terra, em condições miseráveis.

Bem antes, em 1927, foi lançado “Metrópolis”, de Fritz Lang, um clássico do cinema que retrata uma cidade futurista dividida entre uma elite que vive em arranha-céus luxuosos e trabalhadores que vivem em condições miseráveis no subsolo.

A eleição de Donald Trump poderá permitir a Elon Musk colocar em prática sua “Comissão de Eficiência do Governo” e transformar a ficação em realidade.

Os negócios de Musk


A grande especialidade de Musk são os negócios com o governo. No ano passado, a SpaceX, empresa de tecnologia aeroespacial e digital de Musk, tinha contratos com dezesseis agências diferentes, desde a NASA e o Departamento de Defesa até o Departamento do Interior. 

As empresas de Musk já receberam US$ 3 bilhões em quase cem contratos diferentes, apenas no ano passado, a tiveram acesso a US$ 15,4 bilhões de financiamento governamental na última década.

Ao mesmo tempo, suas empresas respondem por uma série de incidentes da má conduta, no campo trabalhista e do consumidor. É alvo de pelo menos vinte investigações, segundo levantamento feito pelo The New York Times.

Dias atrás, Musk anunciou que haveria, com seu trabalho, de assessoria a Trump, um mal-estar profundo e imediato e, depois, o país ingressaria em uma nova era. As afirmações trouxeram de imediato a suspeita de que as loucuras de Javier Milei, na Argentina, podem ser um laboratório para a nova etapa da financeirização, na qual o Estado simplesmente seria abolido e todas as atividades assumidas pelos grandes grupos empresariais.

A lógica de Milei é, inicialmente, uma desconstrução total, jogando a população em um buraco profundo. Depois, cada melhoria incremental, pós-terremoto, serviria para angariar apoio e “acostumar” a população à nova ordem.

Segue a lógica da financeirização e da criação das big techs e da etapa atual da financeirização, avançando sobre todos os serviços públicos – como demonstra Tarcísio de Freitas em São Paulo.

A nova etapa do capitalismo será um retorno aos primórdios da civilização industrial, no qual o único setor público a crescer será o da segurança pública. Não haverá limites para a exploração da mão-de-obra. 

O mundo ocidental está às vésperas da maior hecatombe social da história.

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