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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Capitalismo versus Pachamama, por Ana Cláudia Laurindo

 Pachamama é muito mais do que uma alegoria poética no reconhecimento da maternidade natural da terra. Nada se mostrou tão nocivo à Pachamama quanto o modo de vida capitalista.


Do site Repórter Nordeste, o artigo de Ana Cláudia Laurindo

O Brasil quase não comunga com os países vizinho, e certamente, perde algumas referências que poderiam fortalecer a América Latina, não levando em conta apenas o caráter econômico, mas a política ecológica dos povos originários.

Em 1º de agosto as celebrações do Dia de Pachamama são convites aos útero da terra, de onde tudo veio, de onde nós viemos enquanto filiação terrenal e para onde voltaremos inevitavelmente.

Pachamama é muito mais do que uma alegoria poética no reconhecimento da maternidade natural da terra. É um vínculo nutriz, que retroalimenta a vida e neste seu dia, recebe a gratidão dos povos andinos em forma de alimento também.

Nada se mostrou tão nocivo à Pachamama quanto o modo de vida capitalista.

A noção de mãe da vida é transformada em exploração dos bens da vida, da riqueza da terra e das águas, dos corpos viventes neste mundo.

Capitalismo é extração predatória e abusiva de todos os recursos de Pachamama.

Nem a subjetividade humana escapa da vilania do sistema.

Enquanto a terra oferta e recupera, renova e torna a ofertar, a cultura capitalista expropria e se apropria, segurando a fome e a sede, como instrumentos de mando e contenção da natureza criadora dos seres.

Retornar aos braços de Pachamama como filiação perdida ou honrar a ancestralidade com o oferecimento das energias corporais, mentais e criadoras no altar da vida, será o passo a ser dado.

Por mais que o capitalismo esbanje poder e força, a energia vital de Pachamama será um regaço de acolhida, pois na terra todo corpo dorme e acorda um dia.

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