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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

A discussão que interessa sobre a Venezuela, por Luís Nassif

 

"Críticos e admiradores, olhai os Estados Unidos e sua geopolítica. Não se julgam países por suas virtudes ou defeitos, mas por seu papel na estratégia geopolítica nacional. Não fosse por isso, não teriam apoiado os massacres de Netanyahu"

Do Jornal GGN:


Se a Venezuela cair nas mãos da ultradireita, haverá uma ampliação do terremoto Milei. E um fortalecimento da ultradireita em todo continente

Luis Carlos Díaz – Flickr


Há uma discussão infindável e inócua sobre a Venezuela, especialmente nos grupos de esquerda. Ficam discutindo sobre vícios e virtudes do governo Maduro, quando o buraco é muito mais embaixo: qual o papel da Venezuela na estratégia geopolítica do Brasil para o continente.

Críticos e admiradores, olhai os Estados Unidos e sua geopolítica. Não se julgam países por suas virtudes ou defeitos, mas por seu papel na estratégia geopolítica nacional. Não fosse por isso, não teriam apoiado os massacres de Netanyahu – um psicopata que é defendido, no Brasil, pela Conib e pela Federação Israelita de São Paulo, com o mesmo empenho com que setores liberais da Alemanha Nazista defenderam o início de Hitler. E há muito tempo teriam levantado o boicote à Cuba e à própria Venezuela.

O que está em jogo é a posição do Brasil na América do Sul, no BRICS e no realinhamento geopolítico com a China. Se a Venezuela cair nas mãos da ultradireita, haverá uma ampliação do terremoto Milei. E um fortalecimento da ultradireita em todo continente, inclusive no Brasil. É simples assim.

Mas que isso, fica sancionado o poder de retaliação dos Estados Unidos, que mantém a economia da Venezuela sob mais de 90 sanções. Antes desse boicote, a Venezuela acumulava o maior superávit da balança comercial brasileira.

O que está em jogo é isso, não os defeitos e virtudes de Maduro, um autocrata da pior espécie. Não há lógica em defender ou criticar virtudes e defeitos de Maduro, que não pode servir de exemplo para nenhum partido da esquerda democrática. Muito menos sancionar o golpe que a ultradireita vem tentando há anos.

Quando defende o processo eleitoral, mas não defende Maduro, Lula está agindo como age um Departamento de Estado. Interessa ao Brasil que a Venezuela não seja entregue à ultradireita. Simples assim.

Parafraseando um dito caipira, entre “nho ruim” e “nhô pior”, que se fique com “nhô ruim”.


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