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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Como uma idosa libertada pelo Hamas abalou Israel e a hipocrisia de Netanyahu no 18º dia de guerra em Gaza

 

Do Jornal GGN:

Yocheved Lifshitz expõe ao mundo que Hamas dá tratamento humanitário aos sequestrados, enquanto Israel bombardeia civis em Gaza


A imprensa mundial parou nesta terça-feira (24) para ouvir a história de Yocheved Lifshitz. Aos 85 anos, a mulher foi a quarta refém libertada pelo Hamas em meio à guerra contra Israel. Ela deixou o cativeiro ao lado de outro idosa e chamou atenção por estender a mão a um de seus algozes e proferir a palavra “shalom”, que em hebraico significa “paz”. Os jornalistas logo quiseram saber o motivo que levou Yocheved a realizar aquele gesto inusitado.

A coletiva de imprensa em que Yocheved Lifshitz explicou o aperto de mão e revelou detalhes de como é a prisão criada pelo Hamas nos túneis subterrâneos de Gaza abalou o governo de Israel no 18º dia de guerra. Yocheved expôs ao mundo que o Hamas dá tratamento humanitário aos reféns que foram capturados no dia 7 de outubro. Enquanto isso, Israel está bombardeando civis inocentes nas ruas de Gaza, dizimando a população palestina com ataques aéreos ininterruptos que superam todas as últimas cinco guerras de sua história recente.

Na imprensa de Israel, pipocaram análises sobre quão desastrosa foi a coletiva de imprensa com Yocheved. O jornal The Times of Israel chamou a entrevista de “propaganda do Hamas” e culpou até o hospital de Tel Aviv por ter deixado a refém recém libertada falar sem ter sido orientada previamente.

Por outro lado, Rami Khoury, jornalista árabe cristão, disse ao Democracy Now que Yocheved conseguiu desnudar a hipocrisia de Israel e de seus aliados do ocidente. Primeiro porque mostrou o verdadeiro espírito de uma seguidora do judaísmo, uma religião que prega paz, harmonia e compaixão. Khoury disse não acreditar que Yocheved tenha “orquestrado” sua fala com Hamas ou quem quer que seja, mas sim falado do coração, com ética e verdade, sobre as condições da prisão em que foi mantida.

A idosa relatou que os reféns têm recebido água, colchões para dormir, alimentos, medicamentos, visitas médicas a cada 2 ou 3 dias. Os túneis são como “teias de aranha”, úmidos, mas mantidos em boas condições de limpeza. Yocheved pôde observar que tal organização levou algum tempo, o que significa que Hamas já havia planejado o ataque com sequestros com bastante antecedência.

Isso levou a outro ponto alto da entrevista de Yocheved: ela atacou Israel pela inexplicável falha de segurança que permitiu ao Hamas invadir o sul do País e tirar a vida de 1.400 pessoas, e sequestrar outras 220. A idosa relatou que há várias semanas, o povo ao sul de Israel vinha colhendo indícios de que um ataque seria iminente, mas as autoridades não reforçaram a segurança.

Rami Khoury explicou que a região onde kibutzim foram atacados pelo Hamas é mais isolada e, historicamente, é o local onde viveram palestinos que foram massacrados por Israel em décadas passadas. Segundo o jornalista, é uma área nebulosa porque o Hamas considera que é ocupada pelas forças militares de Israel, e não somente por civis.

Na imprensa ocidental, as declarações de Yocheved que ocuparam as manchetes destacavam o “inferno” que foi ter estado presa por mais de duas semanas. Os reféns estão no centro da disputa de narrativas em torno do conflito no Oriente Médio, com Israel e Estados Unidos afirmando que não haverá cessar-fogo contra a população de Gaza enquanto o Hamas não libertar todos os sequestrados.

Segundo autoridades palestinas, Israel já matou mais de 5.000 mil pessoas em Gaza, sendo que mais de 2.000 eram crianças.

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