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terça-feira, 4 de abril de 2023

Ana Cláudia Laurindo escreve sobre o sórdido golpe militar de 64 e os quase 60 anos do derramamento de sangue irmão

 

    As práticas de corrupção no regime que durou 21 anos marcaram o perfil do conservadorismo político, que segue mantendo entre si a “permissão” para fazer o que quiser com bens públicos, deturpando o sentido da República entre pequenos e fortalecidos conluios de poderosos institucionais, sempre que a história lhes favorece.



Quase 60 anos do derramamento de sangue irmão

Texto de Ana Cláudia LaurindoMestra em Educação Brasileira na Linha História e Política, Cientista Social, cidadã, amante e defensora do direito de viver. Originalmente publicado no site Repórter Nordeste


Quase sexagenária a data que marca o início do golpe militar no Brasil e ainda é tão desconhecida, descaracterizada e banalizada entre as gerações de brasileiros. 59 anos da implantação de uma ditadura sanguinária, construída com traição, perseguição, tortura e assassinatos.

Meu bom pai acreditava que foi o período mais ordeiro que o país viveu, reproduzindo em sua boa fé a mentira utilizada para esconder as atrocidades de um regime assassino, afeito ao derramamento de sangue irmão.

As práticas de corrupção no regime que durou 21 anos marcaram o perfil do conservadorismo político, que segue mantendo entre si a “permissão” para fazer o que quiser com bens públicos, deturpando o sentido da República entre pequenos e fortalecidos conluios de poderosos institucionais, sempre que a história lhes favorece.

As vítimas da ditadura militar possuíam características genuinamente positivas, progressistas, libertárias, idealizadoras de um país que poderia ter dado certo.

A criminalização deste perfil humano foi uma das estratégias dos militares, mantidas pela direita e agora agudizadas pela extrema direita.

Intelectuais, políticos de esquerda, artistas, professores, estudantes militantes e qualquer indivíduo com senso de coletividade aflorado, foram proibidos de existir publicamente no país.

Perseguição, tortura e morte só poderiam ser evitadas com o exílio.

Muitas famílias foram rasgadas em carne viva, mas suas dores foram censuradas e reprimidas, dando um ar de paz, que na verdade, era medo.

O sonho do último presidente, aquele que perdeu para Luiz Inácio em 2022, era ressuscitar esse clima de cemitério político no Brasil, mas seu maior êxito foi um genocídio no período da pandemia. Conseguiu lotar cemitérios com corpos de inocentes, mas estará para sempre associado ao crime coletivo, e o sonho de implantar uma ditadura segue sendo combatido, com cada vez menos chance de concretização.

A Lei 10.559/2002 criou a Comissão da Anistia, órgão que investiga fatos relativos à perseguição, tortura, desaparecimento e morte de brasileiros no período da ditadura militar. No governo de Jair Bolsonaro 95% dos pedidos de reparação analisados por esta comissão foram negados.

Sob a batuta de Lula na presidência, a Comissão da Anistia volta a respirar e atuar com vigor.

Estas páginas manchadas de sangue brasileiro nunca mais deverão ser reescritas.

Que toda perspectiva de ditadura seja fortemente combatida!

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