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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Bob Fernandes: Robertão é Bolsonaro e vice-versa. Presidente encena traição ao aliado depois dos tiros e granadas

 

Do Canal do analista político Bob Fernandes:


O dono e seus donos deram a senha, os fascistas estão soltos.

Há uma semana da eleição, atirando, xingando e babando ódio nas ruas.

Na sexta-feira, em Belo Horizonte, no restaurante de um hotel, Marina Silva foi chamada de “vagabunda” e “traidora”.

Marina prestou queixa na polícia.

Domingo. Covardemente, pelas costas, o tipo Diogo Resende socou Rogério de Paula, cinegrafista que trabalha para a Globo.

Que, mesmo “estável”, nesta segunda-feira, seguia na UTI.

Domingo à noite, Macaíba, região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte.

Outro tipo, esse de moto, deu três tiros contra uma carreata pró-Lula.

A governadora Fátima Bezerra foi rapidamente retirada do evento.

Tiros e granadas do extremista de direita Robertão Jefferson que feriram agentes da PF têm responsável político inequívoco.

Jair Messias Bolsonaro, boneco de ventríloquo dos militares no Poder.

As imagens que as amigas e os amigos verão a seguir foram exibidas neste canal há dois anos e meio.

Voltemos no tempo antes de chegarmos aos tiros e granadas de Robertão Jefferson neste domingo de agora.

Retornemos a 30 de abril de 2020.

Quando mostramos neste canal imagens e discursos feitos entre dois domingos: o 19 e o 26 de abril de 2020.

No domingo 26 de abril de 2020, no Palácio da Alvorada, de camiseta laranja e chinelos marrom, Bolsonaro retransmitiu uma live.

Live em seu canal no Facebook, assistida naqueles dias por mais de 3 milhões de seguidores.

Na live, entre outros participantes, o extremista de direita Robertão Jefferson cometeu crimes.

E Bolsonaro retransmitiu Robertão e seus crimes.

Neste domingo de agora, outro personagem de 2020 metido, outra vez, no terror.

Comecemos pelo que vimos e ouvimos há 48 horas. No domingo.

Dito em vídeo pelo deputado e pastor, ou vice-versa, Otoni de Paula.

Segundo ele, Bolsonaro tomou uma decisão depois dos tiros, granadas e a ordem de prisão contra Robertão.

Decisão de mandar as Forças Armadas protegerem Robertão Jefferson.

Até o meio da tarde do domingo, Bolsonaro havia publicado dois tuítes.

Um, informando que devido “ao lamentável episódio”, havia enviado seu ministro da Justiça ao Rio de Janeiro.

Por quê? Pra conversar com quem deu tiros e jogou granadas em agentes da PF?

O desfecho se daria em meio a uma conversa vergonhosamente amistosa entre o extremista de direita Robertão Jefferson e um agente da Polícia Federal.

Agente da PF e o cidadão que atirou na PF. Secundados pelo - definição da senadora Soraya Thronicke - “Padre de Festa Junina”, Kelmon.

Mas ouçamos o que, mais cedo neste domingo, informava o pastor e deputado, ou vice-versa, Otoni de Paula.

- Parabéns, presidente Bolsonaro, por sua atitude de proteção à pátria, de proteção a Roberto Jefferson.

“Ah, mas esse Otoni não fala pelo presidente”.

É mesmo? Então vejamos e ouçamos conselhos dados por Otoni de Paula a Bolsonaro há dois anos e meio.

À época, Otoni transmitiu a conversa a seguir numa live para mais de um milhão de pessoas.

E não foi desmentido pelo presidente.

E teve bem mais naquele domingo de abril de 2020. Vejamos novamente Otoni e seus “conselhos” de então.

Entendam como, por que e por quem o “criminoso” extremista de direita Robertão Jefferson está dando tiros e jogando granadas a uma semana da eleição.

(Otoni de Paula em vídeo)

- À Suprema Corte. Esquece o Exército, tá? Esquece o Exército. Esquece o Exército, AI-5. Esquece isso. Vai ter guerra civil.

E então, há dois anos e meio, outro parça do presidente.

Na página “Admiradores do pastor Mala Faia”, em 2020, foi retransmitido esse mesmo vídeo.

Para mais de um milhão de seguidores.

É assim que essa máquina de mentiras e ódios opera.

Foi contra essa máquina de mentiras e ódio que, tardiamente, o TSE tomou uma decisão que atiçou os atos criminosos de Robertão neste domingo.

O TSE impôs à emissora de rádio e televisão Jovem Pan direitos de resposta para Lula.

E “abstenção excepcionalíssima” de novos ataques até a eleição, se usando os mesmos temas.

Quem berrou “Censura!” contra a decisão”?

Exatamente os que berram pelo AI-5 e uma nova ditadura plena.

Os que costumeiramente ofendem e agridem jornalistas. E não apenas.

Fascistas protestando contra censura, você vê no Brasil de farsantes e hipócritas.

No sábado, por unanimidade, o TSE concedeu o direito de resposta.

116 respostas, no mesmo bloco, mesmo horário e mesma emissora, Jovem Pan.

Isso corresponde a 24 inserções de 30 segundos, cada uma delas.

A Pan foi condenada pela repetição de declarações consideradas distorcidas e ofensivas contra Lula.

Declarações de alguns dos seus comentaristas, a partir de mentiras veiculadas no horário eleitoral ou comerciais da campanha de Bolsonaro.

Declarações forçando a vinculação e preferência por bandidos.

Ou mentiras de que Lula pediu a FHC para libertar sequestradores do empresário Abílio Diniz.

Isso não é jornalismo. É mentira, é cafajestada. E fatura.

Erros acontecem também no jornalismo, dados são confundidos ou exagerados.

Mas Bolsonaro falseia, distorce, mente, como tem mostrado há anos o site Aos Fatos.

E os seus porta-vozes ampliam e repercutem as mentiras e ofensas.

O presidente mente inclusive durante os debates, com o país inteiro assistindo.

Domingo mesmo, no seu Twitter, Bolsonaro escreveu sobre...

- ...a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do Ministério Público.

Mentira. E quem o desmentiu foi Eloisa Machado.

Doutora em Política Constitucional e professora da Fundação Getúlio Vargas, que rebateu em sua página no Twitter. Disse:

- É mentira. Ação penal contra Jefferson foi proposta pela Procuradoria-Geral da República!

A propósito, a mesma doutora Eloísa Machado, revelou no domingo:

- Passei a tarde do sábado dando entrevistas e explicando por que as decisões do TSE não são censura, são óbvias e baseadas na lei, comuns na lei eleitoral desde sempre.

Sim, mas qual teria sido a revelação da doutora Eloísa Machado?

A de que não foi publicada nenhuma das explicações que ela deu a jornalistas.

Mentiras e ofensas reproduzidas, país inteiro, para milhões e milhões de pessoas desequilibram uma eleição.

Definem uma eleição. Mais ainda quando é uma eleição taco a taco, voto a voto.

Vimos o derrame de mamadeiras de piroca e fake news na eleição de 2018. Deu nisso aí.

Legislação eleitoral. Lei 4.737, artigo 323.

Lá está dito.

É proibido divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha eleitoral, fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer influência perante o eleitorado.

Pena: de dois meses a um ano de prisão. Ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

Parágrafo único. Crime esse, se cometido pela imprensa, rádio, TV, internet, tem a pena agravada.

Na sexta-feira, o extremista de direita Robertão Jefferson partiu para o ataque contra a ministra Carmen Lúcia.

Não exibiremos em vídeo aqui a grotesca fala. Chamando a ministra de “Bruxa” e dizendo, por exemplo, isso:

- Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas que viram para o cara e dizem: ‘Benzinho, no rabinho é a primeira vez’.

Isso dito para uma senhora de 67 anos e, ainda por cima, ministra do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral.

E a fascistaria ainda fica buscando desculpas.

No domingo, de posse da senha já há anos, essa construção chamada fascismo mostrou seus dentes, sua ignorância e seus ódios.

Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, agentes da PF foram prender Robertão.

Em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro.

Robertão estava em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

E já vinha desrespeitando o que determina a lei: dava entrevistas, usava internet, fazia reuniões políticas.

As gravíssimas ofensas a Carmen Lúcia e, por consequência, ao STF se deram na sexta-feira..

No domingo, o extremista de direita Robertão Jefferson recebeu a PF com tiros de fuzil e granadas.

Feriu com estilhaços das granadas os policiais federais Karina Miranda e Marcelo Vilela.

Por longas 8 horas, Robertão debochou da PF, do TSE e do STF. Só se entregou à noite.

Grotesco e revelador, o espetáculo encenado entre os tiros e granadas e a prisão.

Para quem tenha um mínimo de inteligência ou bom senso, o espetáculo absurdo deixou nus Bolsonaro e os seus.

E, percebamos, sob silêncio absoluto, estrondoso dos militares. Todos sabendo da profunda ligação entre Bolsonaro e Robertão, grande parceiro do presidente há anos.

Apenas imaginem, por exemplo militares, se tiros e granadas fossem de um aliado, mesmo distante, muito distante, de Lula.

Ou de qualquer candidato da dita esquerda.

Bolsonaro, sempre mentindo, disse no domingo: “Não tenho fotos com Robertão”. Tem. Várias.

E tem e teve muito mais. E ainda obscuro.

O presidente da República despachou para o Rio de Janeiro Anderson Torres, seu ministro da Justiça.

Que é delegado da mesma PF vitimada por tiros e granadas.

Para que o ministro da Justiça no Rio? Num ato, num gesto absolutamente inabitual.

Para mensagens? Para acertar, combinar as coisas?

Quem acabou como mediador, ao menos o visível, o oficial, nesse circo de horrores foi, imaginem só, o Padre Kelmon.

Isso já bastaria para expor Bolsonaro definitivamente.

Kelmon foi linha auxiliar, boneco de ventríloquo de Bolsonaro no debate na Band.

O Brasil assistiu ao indecente troca-troca.

Kelmon, o vice que substituiu o preso Robertão como candidato a presidente, no debate serviu de capacho para o Bolsonaro.

Que mensagem Kelmon teria enviado a Robertão neste domingo de agora? Em nome de quem?

No entrecho com tiros e prisão, o bolsonaristão pirou.

Nas redes sociais, durante a tarde, seguidores, e ditos jornalistas, na coleira, defendendo Robertão.

Nesse episódio, Bolsonaro começou repudiando as ofensas a Carmen Lúcia enquanto, ao mesmo tempo, repudiou a prisão do parceiro Robertão.

E mentindo sobre a ausência da PGR no caso.

Os fiéis o seguiram nas redes sociais. Ora delirando, ora mentindo.

Otoni de Paula, deputado e pastor, ou vice-versa, gravou aquele vídeo informando...

Em defesa de Robertão, Bolsonaro acionaria as Forças Armadas.

Fiéis mais fiéis ficaram molhadinhos com a citação... Forças Armadas. Só pensam naquilo.

Por fim, já à noite, tudo acertado, Bolsonaro gravou vídeo.

Referindo-se à “prisão do criminoso Robertão Jefferson”.

Traiu o parceiraço de campanha, como creem alguns?

Nesta segunda-feira, mentiroso, cínico, publicamente ao menos Bolsonaro renegou Robertão.

E, confiante na ignorância, estupidez ou canalhice, tentou vincular seu feroz aliado Robertão a... Lula.

Bolsonaro traiu mesmo o aliado Robertão ou isso foi parte do combinado com os emissários? Ou isso é parte do acerto, da farsa dominical?

Farsa que, por longas horas, desviou atenções de algo muito mais grave para a população.

Na quinta-feira foi revelado.

Num eventual futuro governo Bolsonaro, o salário mínimo não será corrigido pela inflação.

Pobres, classes médias baixas e aposentados pagariam pela farra do governo Bolsonaro com dinheiro público.

O vale-tudo para vencer as eleições.

Em busca da reeleição, torrados estimados R$160 bilhões num “pacote de bondades”.

Sem contar as dezenas de bilhões do escandaloso, corrupto e corruptor Orçamento Secreto.

Em algum lugar, alguém já disse.

O que chamam de antipetismo ou anti-esquerdismo feroz dessa gente se alimenta de um medo.

Medo que os filhos dos seus empregados um dia já não trabalhem mais como empregados dos seus filhos.


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