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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Espíritas assinam manifesto contra Jair Bolsonaro - e o que ele representa - nas eleições 2022

 O manifesto elenca as razões importantes para espíritas não votarem no atual presidente da República

Foto: Divulgação

Centenas de espíritas assinaram um manifesto sobre a eleição presidencial 2022 contra Jair Bolsonaro. A carta, escrita pela Ágora Espírita, Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e Espíritas à Esquerda, elenca as razões para espíritas não votarem no atual presidente da República.

Até a atualização desta quarta-feira (14), 480 espíritas assinaram o documento. Leia na íntegra:

Manifesto Espírita sobre a eleição presidencial em 1º turno

Nós, espíritas, abaixo assinados, vimos ao público em geral e às comunidades espíritas em particular para nos posicionarmos sobre a eleição presidencial de 2 de outubro de 2022 afirmando que os espíritas NÃO devem votar no atual presidente da República. E tal posicionamento se dá em função de:

a) o espiritismo possuir caráter essencialmente progressista, conforme textos de Kardec, como se lê, por exemplo, em “A gênese”, nos itens 10, cap. IV; 56, cap. XVII; e 24, 25, 28 e 30, cap. XVIII. E esse caráter progressista, colocado como lei no cap. VIII da parte III de “O livro dos espíritos” (LE), está ligado ao respeito e ao fomento das ciências, incluindo as ciências sociais, a à educação como base de nossas relações;

b) que “numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome”, como afirma a resposta à questão 930 de “O livro dos espíritos”, mostrando-nos que a justiça social é parte indissociável das propostas espíritas, pois “Deus fez o homem para viver em sociedade” (LE766) e que “todos devem concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente” (LE767).

c) que o primeiro de todos os direitos naturais é o de viver, como nos diz a resposta à questão 880 de “O livro dos espíritos”, e que tal direito é oposto à disseminação de armas e à falta de cuidados com a saúde da população;

d) que o compromisso com a vida se estende necessariamente aos seres que compartilham conosco o planeta que nos acolhe, sendo, portanto, essenciais o cuidado e a manutenção de todos os biomas naturais para a preservação da fauna e da flora;

e) que o espírito imortal não tem sexo, gênero, etnia ou nacionalidade e que, portanto, torna-se premente a superação da discriminação social que aflige grande parte da população, como o racismo, a LGBTfobia, o machismo, o capacitismo e todas as demais formas de discriminação e preconceito;

f) que a “justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais” (LE875) e que “o forte deve trabalhar para o fraco. […] É a lei de caridade” (LE685), não sendo possível, portanto, pactuar com a contínua e opressiva cassação de direitos básicos de trabalhadoras e trabalhadores; e

g) que, como a laicidade do estado é um pilar das sociedades contemporâneas, as pautas sociais discutidas nos parlamentos e na própria sociedade devem-se pautar exclusivamente pela ciência e pelo interesse social, excluindo-se quaisquer interferências de credo nesse debate.

Diante dessas premissas fundamentais do espiritismo e do fato de o atual presidente não se alinhar a NENHUM desses princípios, entendemos que o avanço da sociedade brasileira só será possível mediante a superação desse trágico momento social em que vivemos no Brasil e que isso passa necessariamente pela NÃO reeleição desse grupo ora no poder, pois o amor ao próximo e a justiça social estão justamente no seu lado oposto.

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