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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A história trágica do massacre contra o reitor Cancellier a partir do método de estado de exceção da Lava Jato, por Eduardo Ramos

 

Processos sociais, judiciários, punitivistas, perversos e farsescos como esse são como os desastres de avião: têm várias causas e, normalmente, vários agentes públicos e privados que concorrem para o massacre da vítima.

A história trágica do massacre contra o reitor Cancellier, como fruto das decisões equivocadas de diversas autoridades

por Eduardo Ramos

(sobre o “Xadrez do caso Cancellier e da marcha não interrompida para a ditadura”, do Nassif para o GGN)

Primeiramente, Nassif, parabéns pelo documentário, que tenho certeza, já nasce histórico e fonte de pesquisas para as gerações atual e vindouras. E parabéns, igualmente, por ter ESCOLHIDO fazer desse caso algo de certo modo permanente na linha editorial do GGN, porque muitos parecem não compreender a dimensão da gravidade desse evento, um processo kafkaniano que levou um homem digno e inocente à decisão drástica do suicídio.

Processos sociais, judiciários, punitivistas, perversos e farsescos como esse, são como os desastres de avião: têm várias causas e, normalmente, vários agentes públicos e privados que, por ações e/ou omissões terríveis concorrem para o massacre da vítima.

O primeiro fato a se deplorar, portanto, é que NENHUM DOS ENVOLVIDOS teve o cuidado obrigatório, pessoal ou profissional, de analisar a acusação, as “provas” havidas, o contexto, o passado do reitor Cancellier, os motivos para as denúncias e quem era seu principal acusador, os motivos por trás da virulência de todas as ações e o estilo da delegada Erika Marena, principal artífice disso que chamamos de uma tragédia infame que marcará os nomes dos principais envolvidos na História.

É estarrecedor que promotor, juíza, colegas da delegada Érika, uma voz, qualquer voz humana, não interrompesse a insanidade, o circo espalhafatoso criado literalmente do nada, por um homem  invejoso e ressentido, o corregedor Rodolfo Hickel, cujas denúncias teriam sido abortadas pela raiz à menor investigação criteriosa, não tivesse encontrado alguém – a delegada Erika Marena – disposto a lhe dar “crédito”. E é aí que entramos na essência desse artigo.

Analisando o hábito, a “ciência de como fazer”, a capacidade intelectual e técnica que possui um experiente delegado da Polícia Federal quando se trata de INVESTIGAR uma denúncia e os suspeitos envolvidos, evidenciam-se os tremendos equívocos e a fome, a sede, a VOLÚPIA com que a delegada Erika Marena se atirou sobre os “crimes” denunciados pelo corregedor Rodolfo Hickel, aparentemente (tudo leva a crer nessa hipótese), sem uma investigação criteriosa sobre a veracidade dos fatos relatados. Como descreve o artigo do Nassif, foi montada uma força tarefa envolvendo CENTO E VINTE policiais federais, o que absurdamente inusual em se tratando de uma denúncia inicial, local, sem quaisquer indícios de alguma espécie de “máfia nacional” operando crimes sistematicamente. Cabe a pergunta: o que estaria movendo a delegada Erika Marena a montar todo esse aparato, todo esse espetáculo midiático?   Teria sido uma “crise de abstinência” de seus momentos de fama e celebridade conquistados na Lava Jato uns poucos meses antes de sua transferência para Santa Catarina?  Maquiavel já nos alerta há séculos: “O poder corrompe!” – e uma das formas que atinge o ser humano nessa corrupção de sua alma é o narcisismo desenfreado quando a pessoa comum é alçada à celebridade. Não podemos negligenciar essa hipótese.

A juíza, provavelmente aceitou de modo submisso, bem como o promotor, por se tratar de uma delegada-celebridade, nesse triste país de pantomimas cruéis, ditatoriais e farsescas que nos tornamos na esteira da Lava Jato, da Globo endeusando juízes, delegados e promotores para que cumprissem seus objetivos de poder, dinheiro e políticos.

O Reitor Cancellier foi levado à morte, entre outras coisas, pela indiferença e omissões dos agentes públicos e privados envolvidos, pela sordidez da grande mídia que aceitou o “pacote” como veio desses agentes – destruindo assim a reputação de um inocente! – e, acima de tudo, foi levado à morte pela perversidade sem limite de um ressentido corregedor e o ego pequeno e carente de uma delegada que precisava mais uma vez dos holofotes da mídia.

Abaixo, como um lembrete vergonhoso e eterno, os nomes e os cargos dos principais envolvidos na covardia, a fonte é o artigo citado, do Luis Nassif.

“Primeiro, vamos apresentar os atores finais desta trama macabra, as autoridades diretamente envolvidas com a morte de Cancellier.

Corregedor Rodolfo Hickel – com histórico de violência e de desequilíbrio, foi indicado corregedor da UFSC por uma reitora que saía, visando atazanar o sucessor. Produziu um relatório repleto de inverdades que serviu de ponto de partida para a prisão de Cancellier.

Delegada Erika Marena – atuante na Lava Jato, apresentada como heroína em série da Netflix, chegou a Santa Catarina sem holofotes. Criou o escândalo da UFSC para uma operação com 120 policiais de todo o país.

Procurador André Bertuol – do Ministério Público Federal. Endossou todas as arbitrariedades e prosseguiu na perseguição a Cancellier mesmo depois de morto, processando o filho.

Juíza Janaina Cassol – juíza substituta que endossou todas as arbitrariedades da PF e do MPF.

Procurador Marcos Aydos – denunciou professores da UFSC pelo simples fato de, na cerimônia em homenagem a Cancellier, não terem impedido faixas de protesto contra a delegada Erika”.

(eduardo ramos)

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