Historiador italiano diz, em entrevista, que a vergonha determina o vínculo de cidadãos com seus países com mais força do que o amor
Jornal GGN – A vergonha se tornou um vínculo social e político que apresenta mais força do que o amor nas relações entre os cidadãos e os países, o que é agravado diante de governos como os de Silvio Berlusconi na Itália e Jair Bolsonaro no Brasil, ou mesmo com a crise decorrente da pandemia do novo coronavírus.
A afirmação é do historiador italiano Carlo Ginzburg , em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, onde discorre sobre o ensaio “Vínculo da Vergonha”, publicado há 10 anos e que integra a nova edição da revista Serrote, que será lançada nesta segunda-feira (06/07) com download gratuito.
“Há muitos anos, percebi de repente que o país a que pertencemos não é, como quer a retórica mais corrente, o país que amamos, e sim aquele do qual nos envergonhamos. A vergonha pode ser um vínculo mais forte que o amor”, escreve Ginzburg no início do ensaio.
“Pela primeira vez na história, grande parte do gênero humano é capaz de acompanhar a propagação de uma pandemia em escala mundial em um tempo quase real — e de ser exposta à manipulação em larga escala dos dados espalhados pela maioria dos governos”, diz o historiador. “Tudo isso provavelmente está gerando um sentimento de proximidade sem precedentes e enganosa. Observar a pandemia de uma distância crítica será uma conquista difícil”.
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