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terça-feira, 7 de julho de 2020

Dallagnol achava “conveniente” pedir ajuda direta ao FBI, passando por cima da lei


Mensagens de Telegram mostram disposição da força-tarefa de Curitiba em atropelar a lei na cooperação internacional com os EUA


Os procuradores Vladimir Aras e Deltan Dallagnol
Jornal GGN Mensagens de Telegram divulgadas pela Agência Pública na noite de terça (30) mostram que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, coordenada pelo procurador da República Deltan Dallagnol, estava disposta a atropelar as leis e fazer uma parceria irregular com agentes dos Estados Unidos, para evitar que o Ministério da Justiça e o Ministério das Relações Exteriores sob o governo Dilma Roussef participassem da cooperação.
Em 2016, Dallagnol admitiu essa pré-disposição em cometer a irregularidade ao procurador Vladimir Aras, da Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República.
Na troca de mensagens, Dallagnol disse que nem ele e nem agentes da Polícia Federal achavam “conveniente” que um pedido de prisão que ainda seria decretado pelo então juiz Sergio Moro passasse por qualquer órgão do Executivo antes de chegar ao FBI ou ao Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, cuja singla em inglês é DHS.
Dallagnol preferia “tratar direto com os americanos” sobre assuntos da Lava Jato do que “seguir as vias formais”. Aras afirmou que não se tratava de conveniência, mas de legalidade.
Não se sabe como a história acabou, mas a determinação de Dallagnol em seguir com seu plano à revelia da lei é explícita. Procurada, a força-tarefa de Curitiba disse à Pública que o diálogo informal com norte-americanos é desejável.
Nas mensagens a Dallagnol, Aras tenta demovê-lo da irregularidade, explicando qual deve ser o caminho correto da cooperação internacional. Já o procurador de Curitiba queria enviar o e-mail sobre o pedido de prisão ainda não elaborado por Moro diretamente para os estadunidenses, sem passar pela autoridade central brasileira que, no caso, é o Ministério da Justiça.
Vladimir Aras, da PGR, tenta orientar Deltan Dallagnol pelo caminho regular da cooperação com os EUA. Reprodução: Agência Pública

Deltan Dallagnol rejeita recomendação de Vladimir Aras. Reprodução: Agência Pública
Vladimir responde que “A questão não é de conveniência. É de legalidade, Delta. O tratado tem força de lei federal ordinária e atribui ao MJ a intermediação”.
Há anos, advogados que atuam na Lava Jato vem questionando a legalidade da cooperação internacional entre a força-tarefa de Curitiba e agentes dos Estados Unidos. Mas sempre que questionada pela imprensa, a força-tarefa afirma que agiu dentro dos trâmites legais.
Em 2019, o GGN lançou em primeira mão uma série inédita, de 5 vídeos no Youtube, sobre a influência dos Estados Unidos na Lava Jato. O projeto foi financiado coletivamente pelos leitores. Clique aqui para conferir a playlist no Youtube.

GGN PREPARA DOSSIÊ SOBRE SERGIO MORO.
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