Sociólogo português analisa: ultradireita fracassa no combate ao vírus, em toda parte. Países não tragados pela lógica liberal obtêm os melhores resultados. Bolsonaro aproveita-se para intensificar ultracapitalismo. Destituí-lo é a primeira luta
Publicado 25/03/2020 às 17:56 - Atualizado 25/03/2020 às 17:58
Companheiros e companheiras,
Falo-vos de Portugal, da minha aldeia, no isolamento involuntário em que me encontro, para vos dar duas mensagens muito rápidas.
A primeira é que essa grande crise humanitária que estamos a viver está a revelar duas coisas. Em primeiro lugar, a total falência dos governos da direita e da extrema-direita para salvar vidas num momento de crise tão grave. Porque põem os seus interesses econômicos acima dos interesses da vida. Exemplos: Inglaterra, Estados Unidos, Índia e Brasil.
Mostra também outra coisa: independentemente do regime, os países menos atingidos pela lógica neoliberal do capitalismo selvagem e bárbaro disposto a sacrificar vidas para salvar os seus lucros, resolvem melhor os problemas da crise que todos os outros. Cingapura, Taiwan e China.
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Mas o Brasil é um caso especial. Porque o Brasil não tem um problema de Saúde Pública, tem dois. A pandemia e o presidente. Jair Bolsonaro é obviamente um homem transtornado mentalmente. Um louco que deve obviamente sair do poder o mais rapidamente possível. Mas sua loucura não é indiscriminável. A sua loucura volta-se sempre para aquilo que os interesses econômicos das elites brasileiras, que o puseram no poder, querem continuar a perseguir. É aproveitar essa crise para destruir toda a lógica da proteção do trabalho e dos trabalhadores no Brasil. Toda a lógica social, de políticas sociais, aproveitando a crise para criar um estado completo de capitalismo totalmente selvagem. É isso que ele está a fazer.
Mas é verdade que há lutas importantes e urgentes. A luta importante é evitar que essa política siga adiante. A luta urgente é impedir Bolsonaro de continuar no poder. São as duas crises que estão relacionadas. A pandemia é importante, obviamente, e é a mais importante de todas. Mas a mais urgente é que Bolsonaro deixe de ser presidente do Brasil.
E depois, as forças de esquerda, que têm estado perturbadoramente silenciosas neste caso, apesar dos panelaços, devem saber que outra luta depois começa. Uma luta muito forte, porque o próximo presidente, nesse caso o Mourão, certamente vai querer continuar a seguir as políticas de proteção dos interesses econômicos da burguesia que puseram, em primeiro lugar, Bolsonaro no poder. E aí tem que haver uma luta, obviamente.
Tem dois problemas, depois. Há um problema econômico, que é Paulo Guedes, e há um problema político, que é Sérgio Moro. São as lutas que é preciso travar a seguir. Mas a luta mais urgente é essa. E urge a todos os brasileiros e brasileiras realizarem o quanto antes, sejam de esquerda ou de direita (os governadores são um bom exemplo), é preciso sacar este homem do poder. E toda a sua família, e toda a corja da máfia miliciana que está à volta dele e que quer destruir o Brasil.
É essa a missão de agora.
Um grande abraço solidário, aqui de Portugal.
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