Páginas

sábado, 14 de março de 2020

Bebianno morre, após se sentir ameaçado com informações de Bolsonaro por um ano


O ex-ministro de Jair Bolsonaro narrava, reiteradamente, seus receios de ser morto. E disse ter materiais guardados contra o atual mandatário

Gustavo Bebianno era braço direito de Bolsonaro em campanha eleitoral - Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Jornal GGN Morto neste sábado, Gustavo Bebianno disse ter medo de falar tudo o que sabia sobre Jair Bolsonaro, um mês após ser demitido da Secretaria Geral da Presidência, no ano passado, e chegou a escreveu uma carta aberta caso fosse encontrado morto.
Havia passado apenas 4 dias desde que havia sido demitido do governo de Jair Bolsonaro, quando a coluna Radar, da Veja, publicou: “Bebianno escreve cartas a conhecidos: ‘Se algo acontecer comigo, abram’“.
Na nota da revista, o ex-ministro do governo é descrito como “homem prevenido”, e que já a poucos dias da demissão, recebia ameaças de morte, o que o motivou a escrever duas cartas a pessoas conhecidas. O conteúdo dessas correspondências trazia “os nomes de quem estaria interessado em lhe causar algum mal”, apontava a coluna.
Também em fevereiro do ano passado, a revista IstoÉ trazia como capa os supostos segredos mantidos por Bebianno sobre o governo Bolsonaro. Na edição, a revista dizia que tinha obtido “o conteúdo das principais bombas que o ex-ministro Gustavo Bebianno ainda pode detonar”.
Entre “as bombas de Bebianno” – o título da publicação -, as confidências do ex-ministro a amigos indicavam que a sua esposa, advogada Renata Bebianno, era a responsável pela prestação de contas da candidatura de Jair Bolsonaro à Justiça Eleitoral, e ele dizia que os recibos poderiam “ser usados a qualquer tempo”.
Ainda mantinha em segredo “uma lista com os nomes de todos os candidatos do PSL para os quais destinou os R$ 9,2 milhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha”, sugerindo outros ilícitos eleitorais cometidos pelo partido.
Bebianno também foi quem contratou o advogado Antônio Pitombo na defesa do hoje presidente da República, quando ele respondia a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação ao estupro contra a então deputada Maria do Rosário (PT-RS). O arquivamento do caso permitiu limpar a ficha de Bolsonaro para ele concorrer às eleições.
Neste processo, Bebianno indicou haver articulações ilícitas, como por exemplo a participação novamente de sua esposa, Renata, que já havia atuado no escritório de Sérgio Bermudes.
Contudo, sem apresentar mais detalhes ou provas das acusações feitas dias após ser demitido do governo, as declarações de Bebianno foram abafadas, apesar de que seu receio de ser morto não diminuiu.
Em dezembro do último ano, questionado em entrevista à Jovem Pan (abaixo) se ele temia pela sua segurança, Bebianno voltou a responder: “obviamente eu me sinto, sim, ameaçado”. Nas declarações à rádio, o ex-ministro revelou que tinha materiais que comprometem o atual presidente, guardados no exterior.
“O presidente Bolsonaro é uma pessoa que tem muitos laços com policiais no Rio de Janeiro, policiais bons e ruins, e eu me sinto, sim, vulnerável e sob risco constante. Se o presidente acha que eu tenho medo dele, ele está muito enganado. Eu vou ficar aqui, vou encarar a situação de frente”, havia dito.
“Eu tenho um material, sim, inclusive fora do Brasil. Porque eles podem achar que fazendo comigo alguma coisa aqui no Brasil, uma coisa tão terrível, que fosse capaz de assustar quem estivesse ao meu redor e, portanto, inibir a divulgação de algum material, eu tenho muita coisa sim, inclusive fora do Brasil. Então eu não tenho medo. Morrer para mim faz parte da vida, não tem nenhum problema para mim em relação a isso”, completou na ocasião.
Um ano após ser demitido e pouco mais de dois meses desde aquela declaração, Bebianno voltou a confessar que se sentia ameaçado pelas informações que tinha sobre Jair Bolsonaro. Desta vez no Roda Viva, da TV Cultura, durante um dos intervalos do programa, o ex-ministro confessou ainda ter medo.
Em diversas perguntas feitas por jornalistas, como a sobre a tentativa do governo de criar uma agência de inteligência, paralela à Abin, e o envolvimento da família Bolsonaro no caso da rachadinha e do ex-policial militar Fabrício Queiroz, ele evitou dar nomes ou se prolongar nas respostas.
Durante um dos intervalos, a colunista do Uol, Constança Rezende, afirmou que “Gustavo Bebianno relatou ter medo de falar tudo o que sabe sobre os atos que envolvem o presidente Jair Bolsonaro”. “Ao ser pressionado por jornalistas, fora do ar, respondeu: ‘Está vendo aquele ali (apontando para o seu filho)? É o meu único segurança’, disse”, descreveu a jornalista.
Gustavo Bebianno morreu na manhã deste sábado (14), segundo o presidente estadual do PSDB, vítima de um infarto fulminante, aos seus 56 anos. Ele era pré-candidato a prefeito no Rio pelo PSDB.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor

Assine e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá... Aqui há um espaço para seus comentários, se assim o desejar. Postagens com agressões gratuitas ou infundados ataques não serão mais aceitas.