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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Fala de Leonardo Boff no Comício pela Democracia e contra o fascismo realizado na Cinelândia - Lapa, Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 2018





Minhas palavras serão breves. Cito duas frases, uma de Gandhi que é o Betinho da Índia e outra do Betinho que é o Gandhi do Brasil.
Diz Gandhi, o Betinho da Índia: “a política é um gesto amoroso para com o povo; é o cuidado do bem de todos”.
“Entrei na política POR AMOR à vida dos fracos; morei com os pobres, recebi párias como hóspedes, lutei para que tivessem direitos políticos iguais aos nossos, DESAFIEI reis, esqueci-me das vezes que estive preso”.
Diz Betinho, o Gandhi do Brasil:
De sua boca ouvimos e de seu exemplo aprendemos “que a crise central não está na economia política da exclusão, nem na corrupção da política, nem na derrocada moral da humanidade e do Brasil”.
“A CRISE FUNDAMENTAL RESIDE NA FALTA DE SENSIBILIDADE DOS HUMANOS PARA COM OUTROS SERES HUMANOS”.
Boa parte da oligarquia dos  endinheirados e de outros tantos compatriotas perderam qualquer sensibilidade face aos milhões de sofredores de nosso pais. Tiveram uma espécie de lobotomia que impede sentir o outro como outro, inclui-lo e respeitá-lo, lobotomia que incapacita nosso coração de sentir o pulsar de outro coração e nos faz cruéis e sem piedade diante do padecimento humano e ainda perderam sensibilidade pelas veias abertas da Mãe Terra, devastada e crucificada.
Uma grande parte da classe dos endinheirados, descendentes da Casa Grande e que hoje vivem de rentismo e da sonegação são os grandes corruptos. Só no último ano, segundo os Procuradores da Fazenda Nacional, foram sonegados diretamente ou pelo benefício da insenção fiscal, cerca de 450 bilhões de reais. Ninguém fala nem condena essa maxi-corrupção.
Se esses bilhões fossem cobrados não se precisaria fazer a Reforma da Previdência.    
Agora falo como teólogo: dizem as Escrituras Sagradas, a Bíblia que foi roubada de Fernando Haddad: “Se alguém disser: amo a Deus e odeia seu irmão é um mentiroso”. E mais ainda:“quem odeia seu irmão e sua irmã, é um assassino”(1Jo 4,20 e 1Jo 3,15).
Sabemos hoje quem mais odeia os que têm uma condição sexual própria, os LGBT, as minorias indígenas e quilombolas, seus opositores que deverão ir para a cadeia ou para o exílio. Que exalta a violência, tem como ídolo um grande torturador, o coronel Ustra e afirma que a polícia tem que matar e que o erro dos militares de 64 foi torturar pois deveriam fuzilar a começar pelo ex-presidente FHC. Esse não se mostra como aquele do qual as Escrituras afirmam?
O Deus desse senhor, não tem nada a ver com o Deus de Jesus Cristo que dizia “bem-aventurados os pobres e ai de vós ricos”, que pregava o amor incondicional, anunciava o Deus do amor aos pobres e da ternura aos humildes.
Repito a advertência que grandes intelectuais alemães nos enviaram, eles que conheceram o terror do nazifascismo:

“UMA POLÍTICA DE EXALTAÇÃO DA VIOLÊNCIA PODE CAUSAR UMA CATÁSTROfE DE DIMENSÕES INCALCULÁVEIS”

E eu acrescento: não podemos engrossar o cortejo daqueles que nos querem levar para o abismo.

Termino com as palavras de São Francisco em sua Oração pela Paz:”onde há discórdia que eu leve a união, onde há ódio que eu leve o amor”.
Viva a Democracia a ser preservada contra qualquer intento de arbítrio. Viva o Brasil coeso, justo, fraterno e democrático.
Leonardo Boff, filósofo, teólogo, ecologista e escritor

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