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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Contra o fascismo: Paz Social, Prosperidade e Democracia, por Ion de Andrade


"Como a maioria da população brasileira rejeita a violência e a entende inclusive como pecado, o ataque carrega um incontornável significado simbólico: o candidato não é a vítima inocente do ataque de um louco, mas alguém que parece ter sido castigado por ser um ardoroso defensor do seu uso para a eliminação dos seus opositores"



Contra o fascismo: Paz Social, Prosperidade e Democracia
por Ion de Andrade, no Jornal GGN
O desenrolar dos fatos
  1. O golpe vem sendo derrotado em todas as frentes. A neutralização de Lula não ocorreu e as forças progressistas têm a maioria dos votos nas pesquisas.
  2. O candidato da extrema direita, como uma tábua de salvação, se tornou a última alternativa dos golpistas. Todos os demais candidatos do campo do golpe se inviabilizaram;
  3. Esse candidato, porém, tem um teto eleitoral de difícil superação e nas projeções de segundo turno não consegue reunir a maioria dos votos. Ele figura portanto, se o processo eleitoral for respeitado, como o virtual derrotado nas próximas eleições, qualquer que seja o seu opositor;
  4. Para dar ao candidato alguma chance eleitoral a grande mídia preparou-se para um apoio ostensivo. Quando a estratégia parecia estar montada, esse candidato sofre um ataque a faca desferido por um desequilibrado mental, devendo afastar-se da campanha;
  5. Ocorre, e é mais uma infelicidade para ele, que para dar suporte ao discurso de ódio aos opositores (tônica da sua campanha), a sua imagem teve que ser assimilada à de um guerreiro invulnerável, um “justiceiro invencível”. Porém, atentemos para isso, a sua agora patente vulnerabilidade e o êxito do ataque são politicamente devastadores e demolem de uma vez (1) a sua imagem que se mostra falsa e (2) a alma da sua campanha, a violência, que se mostra completamente cega e incontrolável;
  6. Como a maioria da população brasileira rejeita a violência e a entende inclusive como pecado, o ataque carrega um incontornável significado simbólico: o candidato não é a vítima inocente do ataque de um louco, mas alguém que parece ter sido castigado por ser um ardoroso defensor do seu uso para a eliminação dos seus opositores;
  7. Trata-se portanto de uma bomba semiótica com implicações éticas, religiosas e políticas que dificilmente poderá beneficiá-lo. Em outras palavras, no imaginário simbólico, que instiga o homem à busca de um significado último e escatológico para tudo, se o ataque não pode ser atribuído ao PT, PDT ou  PSOL, que claramente não estão envolvidos, então o que significa esse ataque?

Essa derrocada de imagem e de propostas que são aniquiladoras para a extrema direita, e isso será visto em breve, traz também novos riscos de retaliação contra a esquerda, com o fito de manter viva a narrativa da contenda ideológica...  
No campo progressista, entretanto, apesar da expressão generalizada nas redes sociais de uma legítima indignação a tudo que vem dando conteúdo ao golpismo, nenhum candidato jamais apregoou a violência como forma de resolver os graves problemas que afligem o país. Os progressistas estão, portanto, bem posicionados para passar à etapa seguinte do discurso, que poderá ser a do xeque mate sobre a extrema direita.

Discurso e Xeque Mate
  1. A extrema direita precisa, para sobreviver, da polarização com a esquerda. Não a ofereçamos;
  2. O discurso da esquerda deve estar concentrado no seu projeto de sociedade;
  3. Ao mesmo tempo esse discurso deve estar atento à conjuntura, oferecendo respostas para os desafios postos pelo momento;
  4. A ideia de Paz Social que significa a determinação para a solução pacífica dos conflitos e divergências deve ser fortemente posta em relevo;
  5. A Prosperidade Econômica e a inclusão social dos mais pobres é também um fator diferencial importante frente a uma extrema direita que já assumiu de público que o trabalhador deverá escolher entre emprego e direitos, o que é sinônimo de trabalho escravo;
  6. O aprofundamento da Democracia Política deve ser apontado como o caminho para a construção de uma sociedade plural e respeitosa dos direitos e garantias individuais.
  7. Vale ressaltar que a convocação de uma Constituinte Livre e Soberana para a discussão da Reforma Política permite aos setores moderados não polarizados pela extrema direita, mas não incluídos no campo da esquerda, o horizonte da disputa de hegemonia no fórum constitucionalmente previsto no Estado de direito para o aperfeiçoamento institucional, (a Constituinte) dando fôlego e tempo para a distensão e ampliando a base eleitoral em favor da democracia;
  8. Esse discurso deve ser assimilado não só pelos candidatos, mas também pela militância. Não nos deixemos levar pela adrenalina que a polarização nos oferece e que é vital para manter a proposta da extrema direita em evidência;
  9. Façamos as pessoas dos nossos círculos de familiares, colegas e amigos que estiverem influenciadas pelo fascismo refletirem e tenhamos paciência. Façamos esse último esforço, tentemos mais uma vez o diálogo. Vamos, sem polarizar, estimular as discussões onde pudermos. Estimulemos a percepção das incoerências internas das propostas: É mesmo a violência a melhor política? É mesmo vantajoso escolher entre emprego e direitos? É mesmo vantajoso o fim da democracia e a implantação de um Estado de exceção?
  10. Com firmeza e serenidade, trabalho e foco entraremos nessa reta final da campanha em condições muito vantajosas, pois a proposta da violência foi derrotada em praça pública. Não nos assombremos.

Como escreveu Sun Tzu na Arte da Guerra, “a força mais ética é a que ganha a guerra”.

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