11/01/2014
Querido irmão, bispo de Roma e pastor primaz da unidade,
Papa Francisco,
Nós, cristãos e cristãs, leigos das
comunidades eclesiais de base, agentes de pastoral, religiosos/as,
diáconos, padres e bispos, assim como irmãos de Igrejas evangélicas e de
outras tradições religiosas, sendo que também tivemos conosco nesse encontro
representantes de povos indígenas, quilombolas e ainda irmãos e irmãs,
vindos de outros países da América Latina e Caribe, assim como de outros
continentes.
Todos nós que participamos do 13º Encontro Intereclesial
das comunidades eclesiais de base queremos expressar ao senhor nosso
agradecimento pela bela e profunda carta que nos enviou e foi lida no
início desse encontro. Sua carta nos chegou como uma luz a iluminar o
caminho, reacendendo em nós a esperança numa Igreja, Povo de Deus.
Aproveitamos a oportunidade para nos unir ao seu esforço por renovar as
Igrejas da comunhão católico-romana, de acordo com a teologia e a
espiritualidade do Concílio Vaticano II, relidas e atualizadas pelas
necessidades do mundo atual e pela urgência de que nós, cristãos,
escutemos “o que o Espírito diz hoje às Igrejas” (Cf. Ap 2, 7).
Percebemos que a maioria da humanidade acolhe com gratidão o seu
testemunho de homem de profunda simplicidade e que se revela discípulo
de Jesus na linha do evangelho. Nós lhe agradecemos por fazer do
ministério papal uma profecia contra a economia de exclusão, que hoje
domina o mundo e defender os migrantes e clandestinos pobres da África e
de outros continentes. Igualmente lhe agradecemos por reconhecer o
papel da mulher na caminhada eclesial e esperamos que essa reflexão seja
aprofundada.
Aqui em Juazeiro do Norte, CE, diocese de Crato, as comunidades
eclesiais de base reafirmam sua vocação, no jeito de ser Igreja das
primeiras comunidades e também no espírito das missões populares e das
casas de caridade do Padre Ibiapina, do padre Cícero Romão Batista, do
leigo José Lourenço, assim como de tantas mulheres santas como Maria
Araújo, irmãos e irmãs que nos precederam nesse caminho de sermos Igreja
dos pobres e com os pobres, CEBs romeiras do campo e da cidade, na
comunhão com a Mãe Terra e toda a natureza.
Aqui, acolhemos e nos
solidarizamos com os povos indígenas, ameaçados no seu direito à posse
de suas terras ancestrais e todos os dias vítimas de violência e até de
assassinato. Também nos impressionou o relato de extermínio de jovens
pobres e negros, em várias regiões do nosso país. E nos solidarizamos
com a luta e resistência dos quilombolas e do povo lavrador, ameaçados
pelos grandes projetos do Capitalismo depredador do ambiente e injusto
para com a maioria da humanidade.
Entre suas palavras e gestos, algo que nos toca muito de perto é o fato
do senhor se apresentar como bispo de Roma e primaz da unidade das
Igrejas. Essa atitude básica permitirá retomar o reconhecimento que o
Concílio Vaticano II fez da plena eclesialidade das Igrejas locais e
encontrar a profunda verdade que esse nosso encontro quer expressar, ao
se chamar “intereclesial” de Cebs: um encontro de igrejas locais,
reunidas a partir das comunidades eclesiais de base e desse modo da
Igreja ser. Conte conosco nesse caminho e que Deus o ilumine e o
fortaleça sempre.
Despedimo-nos, nos comprometemos de sempre orar pelo senhor e por todas
as suas intenções. Pedimos sua bênção apostólica e nos colocamos à sua
disposição para vivermos juntos a justiça e a profecia a serviço da
vida. Na festa do Batismo de Jesus de 2014.
13 Encontro Intereclesial das CEBs, Juazeiro do Norte, Ceará, 11 de
janeiro de 2014.
Secretariado do 13ª Intereclesial.
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