Do editor Murilo, do blog Conversa Afiada:
O Papa pediu para ler o livro de Leonardo Boff.
É um papa que prefere ler livros ao invés de "queimá-los".
confirmado pelo Jornal de Notícias:
O livro em questão é "Igreja: Carisma e Poder", no qual Boff contesta a estrutura hierárquica da Igreja. À época, a obra gerou forte crítica do Vaticano que, como punição, o depôs de suas funções ligadas ao ensino religioso e o obrigou a um ano de silencioso obsequioso.
confirmado pelo Jornal de Notícias:
O papa Francisco manifestou interesse em ler o livro do teólogo Leonardo Boff, principal expoente da Teologia da Libertação no Brasil, que o opôs à Cúria do Vaticano na década de 1980, noticia, esta terça-feira, a imprensa brasileira."Ele quer receber o meu livro, mandou essa mensagem por uma amiga. Já entreguei a obra ao arcebispo do Rio de Janeiro e espero que o papa receba", afirmou o próprio Boff, citado pelo diário "O Globo".
O livro em questão é "Igreja: Carisma e Poder", no qual Boff contesta a estrutura hierárquica da Igreja. À época, a obra gerou forte crítica do Vaticano que, como punição, o depôs de suas funções ligadas ao ensino religioso e o obrigou a um ano de silencioso obsequioso.
O processo que levou à sua condenação foi realizado pela Congregação para a Defesa da Fé, então sob a direção de Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento XVI.A pena foi suspensa em 1986. Porém, seis anos mais tarde, diante de uma nova ameaça de punição feita pelas autoridades de Roma, Boff renunciou às suas atividades de padre e desligou-se da Ordem Franciscana.
O papa está de visita ao Brasil, onde preside à Jornada Mundial da Juventude, um evento para o qual são esperados perto de dois milhões de fiéis.
O texto a seguir, cim as colocações de Leonardo Boff, foi extraído do português Público:
LEONARDO BOFF: “FRANCISCO É UM LIBERTADOR SEM USAR A EXPRESSÃO TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO”
“Esta visita será importante para o mundo inteiro”, diz Boff por telefone, desde a serra. “Vai permitir ver a linha política, teológica. Ele vem num momento de grande inquietação da juventude. Já declarou em Roma que os políticos devem escutar a voz da rua e que os protestos são legítimos.”
Resta ver como isso se confirmará: “Ele fará dois tipos de discursos. Um dirigido aos políticos, cobrando transparência, atenção à rua, abertura à participação popular. Outro dirigido aos jovens, com um apelo à vitalidade, para ajudar à transformação: não que sejam melhores cristãos, mas que sejam melhores pessoas. Fará uma crítica dura à violência dos vândalos, mas a tónica será positiva.”
E não centrada no reforço da igreja. “O foco é a desigualdade, a fome, evitar uma possível catástrofe mundial. Como a igreja pode ajudar a humanidade a superar a sua crise.” Uma visão diferente da anterior, diz. “Os dois últimos Papas viam a igreja como uma fortaleza sendo atacado por todos os lados, mas era uma fortaleza em ruínas, cheia de pedófilos, padres, bispos, três cardeais. E corrupção financeira, com os escândalos do Banco do Vaticano utilizado pelas máfias. Quando Bento XVI recebeu o relatório com tudo isso, disse: não tenho força psíquica nem física. E abdicou.”
O seu sucessor “é um Papa do Terceiro Mundo, da América Latina, e a igreja aqui fez opções muito importantes pelos pobres desde os anos 50″. Daí veio a Teologia da Libertação, movimento que o Vaticano veio a condenar como sendo pró-marxista.
“Francisco é um libertador sem usar a expressão Teologia da Libertação. É um Papa para reforçar as pastorais sociais, dos sem-tecto, das mulheres, dos indígenas, do ambiente. Ele vem desse tipo de igreja, que não é romana, europeia e vai continuar a linha dessa igreja. O discurso dele é o que fazemos há muitos anos. Ele próprio diz que é um peronista, da teologia da cultura popular. Faz críticas duras ao sistema capitalista global, que está a martirizar países como a Grécia e Portugal. Ele vai fazer polémica contra isso, reconciliando a comunidade teológica.”
Conheceram-se em 1970. O actual Papa era então o padre Bergoglio. E Boff, franciscano, dá grande importância ao facto dele, sendo jesuíta, ter escolhido chamar-se Francisco. “Não é um nome, é um projecto de igreja. Ele escutou esse apelo franciscano: vai e restaura a minha igreja arruinada. É um jesuíta sagaz com espírito franciscano, que pode fazer intervenções duras. Tem uma bondade, um desapego pessoal, e mão firme.”
Fundamental para enfrentar “uma Cúria com mais de 1000 anos e 1000 mecanismos”, sublinha. “Então ele escolheu oito cardeais do mundo inteiro. Será o primeiro governo colegial para dirigir a igreja. Juntos vão fazer a reforma.”
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