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terça-feira, 30 de abril de 2013

Leonardo Boff e a Libert-Ação


Libert-ação: ação que liberta a liberdade cativa

29/04/2013

Liberdade é mais que uma faculdade do ser humano  de poder escolher ou exercer o livre arbítrio. A liberdade pertence à essência do ser humano. Mesmo sem poder escolher, o escravo não deixa de ser, em sua essência, um ser livre. Pode resistir, negar e até se rebelar e aceitar ser morto. Essa liberdade ninguém lhe pode tirar.
Entre muitas definições, penso que esta é, para mim, a mais correta: liberdade é capacidade de  auto-determinação.
Todos nascem dentro de um conjunto de determinações: de etnia, de classe social, num mundo já socialmente construído e sempre por construir. É a nossa determinação. Ninguém é livre de alguma dependência. Ela pode ser uma opressão como o trabalho escravo ou o baixo salário. Ao lutar contra, exerce  um tipo de liberdade: liberdade de questionar, de resistir desta situação. É a luta por sua in-dependência e  autonomia.   Ele se auto-determina: assume a determinação mas para superá-la e ser livre de, livre dela.
Mas existe ainda um outro sentido de liberdade como  auto-determinação: é aquela força interior e própria (auto) que lhe permite ser livre para: para construir sua própria vida, para ajudar a transformar as condições de trabalho e para criar outro tipo de sociedade onde seja menos difícil ser livre de e para. Aqui se mostra a singularidade do ser humano,  ser histórico, construtor de si mesmo, para além das determinações que o cercam. A liberdade é uma libert-ação, vale dizer, uma ação autônoma que cria a liberdade que estava cativa ou ausente.
Estes dois tipos de liberdade ganham uma expressão pessoal, social e global.
Em nível pessoal a liberdade é o dom mais precioso que temos depois da vida: poder se expressar, ir e vir, construir sua visão das coisas, organizar a vida como gosta, o trabalho e a família e eleger seus representantes políticos. A opressão maior  é ser privado desta liberdade.
Em nível social ela mostra bem as duas faces: liberdade como independência  e como autonomia. Os países da América Latina e do Caribe ficaram independentes dos colonizadores. Mas isso não significou ainda autonomia  e libertação. Ficaram dependentes das elites nacionais que mantiveram as relações de dominação. Com a resistência, protestação e organização dos oprimidos, gestou-se um processo de libertação que, vitorioso, deu autonomia às classes populares, uma liberdade para  organizarem outro tipo de política que beneficiasse os que sempre foram excluídos. Isso ocorreu na América Latina a partir do fim das ditaduras militares que representavam os interesses das elites nacionais articuladas com as internacionais. Está em curso um processo de libert-ação para, que não se concluiu ainda mas que fez avançar a democracia nascida de baixo, republicana e de cunho popular.
Hoje precisamos também de uma dupla libertação: da globalização econômico-financeira que explora mundialmente a natureza e os países periféricos, dominada por um grupo de grandes corporações, mais fortes que a maioria dos Estados. E uma libertação para uma governança global desta globalização que enfrente os problemas globais como o aquecimento, a escassez de água e a fome de milhões e milhões. Ou haverá uma governança colegiada global ou há o risco de uma bifurcação na humanidade, entre os que comem e os que não comem ou padecem grandes necessidades.
Por fim,  hoje se impõe urgentemente um tipo especial de liberadade de e de liberdade para. Vivemos a era geológica do antropoceno. Isto significa: o grande risco para todos  não é um meteoro rasante, mas a atividade irresponsável e ecoassassina por parte dos seres humanos (ántropos). O sistema de produção imperante capitalista, está devastando a Terra e criou as condições de destruir toda a nossa civilização. Ou mudamos ou vamos ao encontro de um abismo. Precisamos de uma liberdade deste sistema ecocida e biocida que tudo põe em risco para acumular e consumir mais e mais.
Precisamos também de uma liberdade para: para ensairmos alternativas que garantam a produção do necessário e do decente pra nós e para toda a comunidade de vida. Isso está sendo buscado e ensaiado pelo bien vivir das culturas andinas, pela ecoagricultura, pela agricultura familiar orgânica, pelo índice de felicidade da sociedade e outras formas que respeitam os ciclos da vida. Queremos  uma biocivilização.
Como cristãos precisamos também libertar a fé cristã de visões fundamentalistas, de estruturas eclesiásticas autoritárias e machistas para chegarmos a uma liberdade para as mulheres serem sacerdotes, para os leigos poderem decidir junto com o clero os destinos de sua comunidade, para os que tem outra opção sexual. Precisamos de uma Igreja que, junto com outros caminhos espirituais, ajude a educar a humanidade para o respeito dos limites da Terra e para a veneração da Mãe Terra que tudo nos dá.
Esperamos que o Papa Francisco honre a herança de São Francisco de Asssis que viveu uma grande liberdade das tradições e para novas formas de relação para com a natureza e com os pobres.
A luta pela liberdade nunca termina, porque ela nunca é dada mas conquistada por um processo de libert-ação sem fim.

domingo, 21 de abril de 2013

Um Deus existente há de ser superior aos humanos





        Se existe algum tipo de Ser superior, como Deus, esse Ser deve ser superior a mim. Não sou suficientemente desprezível e perverso para condenar alguém ao castigo eterno, sabendo como é difícil as coisas certas nesta vida, e eu não esperaria isso de Deus.

        Não suporto as pessoas cujas concepção de Deus é tão mesquinha que o transformam em uma versão ampliada de um tirano inseguro e egoísta que governa pela força e precisa ser louvado o tempo todo para atenuar sua insegurança.  Quanto  sofrimento psicológico inútil foi criado por essas ideias! Tudo bem, já houve muitos reis e déspotas que foram assim e, infelizmente, tantos pais que também foram assim, mas não vamos confundi-los com a ideia de um Ser verdadeiramente superior.

 
         Charles T. Tart, psicólogo norte americano

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Caetano Veloso responde às mentiras e delírios de Feliciano


Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Em artigo publicado em O Globo, no último domingo, dia 14, intitulado "Ainda Feliciano?", Caetano Veloso responde às acusações mentirosas e, ao mesmo tempo analisa esplendidamente, as ações conturbadas, mas arrogantes, do famoso político-pastor. Cita no texto, de cara, as mentiras, em formato de show gospel, que o citado lança sobre seus desafetos ou sobre quem, na ótica distorcida dele, representam pessoas anti-cristãs:

 "Há um vídeo no YouTube em que Feliciano, esbravejando de modo descontrolado, diz-se com Deus contra o diabo e, para provar isso, mente e mente mais. As pessoas religiosas deveriam observar o quanto ele está dominado pela soberba. Faz pouco, ele se sentiu no direito de julgar os vivos e os mortos explicando por meio de uma teologia grotesca a morte dos garotos dos Mamonas e sagrando-se justiçador de John Lennon", escreve o compositor e articulista baiano.

Em seguida Veloso se pergunta como um tão auto intitulado expert  da Bíblia esquece os dez mandamentos e pode levantar falso testemunho e mentir descaradamente "sobre fatos conhecidos", referindo-se à acusação estúpida de Feliciano de que a música "Sozinho", de Peninha e gravada por Caetano após ouvi-la por Tim Maia e Sandra de Sá, só fez sucesso porque, segundo o pastor iluminado, o cantor teria sido beneficiado pelos trabalhos "maléficos" - para ele - dos cultos afro-brasileiros na pessoa de Mãe Menininha do Gantois... que havia falecido mais de dez anos antes de Veloso sequer pensar em gravar a canção!

Sem perder a lógica e o bom senso, Caetano não perde a chance de desmontar a estrutura ilógica e arrogante de Feliciano:

 "Será que minha calma observação, aqui neste espaço, de que sua persona pública é inadequada ao cargo para o qual foi escolhido o ameaça tão fortemente? Eu diria a pastores, padres, rabinos ou irmãos - sem falar em pais de santo e médiuns espíritas, que são diretamente agredidos por ele - que atentassem para o comportamento de Feliciano: como pode falar em nome de Deus quem mente com tão evidente consciência de que está mentindo?"

Apesar de agnóstico, Caetano, como ele mesmo diz, está apreciando cada vez mais a religião (em suas diversas manifestações), como fica claro neste outro trecho de seu longo artigo: "Decepciono muitos amigos por não ser religioso. Mas respeito cada vez mais as religiões."

O articulista conclui pedindo aos crentes de todas as religiões que usem da lógica e do fundamento mesmo de suas fés: o amor e a compreensão:

"Os homens crentes devem tomar atitude mais séria em relação a episódios como esse. O que menos desejo  é ver o Brasil dividido por uma polaridade idiota, em que, de um lado, se unem os que querem avanços nos costumes, e de outro, os que necessitam fundamentos de fé, ambos gritando mais do que o conveniente e alguns, como Feliciano, saindo dos limites do respeito humano (...) Se Feliciano precisa, para afirmar sua postura, criar uma caricatura calunioso dos baianos e da Bahia, algo é muito frágil em sua fé. A maré montante do evangelismo não dá direito à soberba irrefreada. O boneco tem pés de barro. E cairá. Eu creio na justiça e na verdade. Esses valores atribuídos a Deus têm minha adesão irrestrita. Não sei que Deus sustenta a injustiça e a mentira. Ou será que é ai que o diabo está?"

Documentos do governo Americano liberados recentemente comprovam que o Golpe de 1º de abril de 1964 foi arquitetado na Casa Branca com o apoio dos Conservadores nacionais e setores militares



  Talvez você não saiba quem foi Lincoln Gordon, mas com certeza os frutos de sua ação recaem - sem que você tenha consciência - sobre você: ele era o embaixador norte-americano que, junto com o adido militar Coronel Vernon Walters, arquitetou e executou, com total incentivo e apoio da Casa Branca, o fétido Golpe Militar de 1 º de abril de 1964 - não sem ironia, o dia da mentira.

 Com base em documentos oficiais do governo Norte-Americano, liberados recentemente, e enriquecido com uma série de entrevistas com brasilianistas americanos e gravações reais de John Kennedy e Lyndon Johnson, bem como com golpistas brasileiros, civis e militares, incluindo farto material de imagens com a participação de historiadores nacionais e estrangeiros entrevistados - e mesmo militares perseguidos pelos próprios colegas golpistas por não concordarem com o atentando armado à democracia de então, como foi o caso do herói aviador Rui Moreira Lima - o documentário de Camilo Tavares, O Dia que durou 21 Anos!, desnuda e apresenta de forma direta e objetiva todo o complô conspiratório para salvaguardar os interesses dos poderosos de Washington para, mesmerizando as elites e a ala das forças armadas mais conservadoras e reacionárias, destruir a democracia brasileira em nome da defesa dos interesses econômicos yankees, sob o pretexto paranoico da "ameaça comunista".

O documentário, muito elogiado no exterior, em uma versão estendida e adaptada, foi passado na TV Brasil, e pode ser assistido, na sua versão para televisão, no video logo abaixo:



 Sobre este esplêndido documentário, segue a análise de Mário Magalhães, escrito para a revista Bravo!, edição de abril de 2013:

O presidente John Kennedy (à esq.), ao lado de Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil. O diplomata recebeu sinal verde para agir contra Jango

 Em dezembro de 1977, o menino Camilo Tavares carregou feliz o bolo com que festejaria 6 anos de vida, por mais insólito que fosse o lugar onde seu pai o esperava para comemorar, um cárcere político de Montevidéu. O exilado brasileiro Flávio Tavares não tinha escolha: estava preso na capital uruguaia desde que agentes da ditadura local o haviam sequestrado, cinco meses antes.
 Pai e filho celebraram, mas sem vela nem bolo, retido na entrada da penitenciária por suspeita de esconder alguma arma ou mensagem. Camilo não se esqueceu do suco de laranja que Flávio lhe serviu e guardou para sempre a imagem do bolo proibido branco, de creme.
 Poucas semanas atrás, o jornalista Flávio se surpreendeu ao ouvir, de uma terceira pessoa, que o tempo não apagara essa passagem cinzenta da lembrança do hoje cineasta Camilo, o antigo garoto magro, de covinha no queixo e cabelo encaracolado, muito parecido com o quarentão elegante em que se transformou. Os dois nunca conversaram sobre a festa de aniversário improvisada na cadeia, de onde o pai foi libertado logo depois.
 O Dia que Durou 21 Anos!longa-metragem de estreia de Camilo Tavares, brotou de sua “vontade de saber por que na infância tinha presenciado episódios tão malucos, que não entendia”. Em outras palavras, “por que não voltava para casa”.
Nascido no México em 1971, o garoto não podia desembarcar na terra de seus pais devido aos tais “episódios tão malucos”, desencadeados com o golpe de Estado que derrubara o governo constitucional do presidente João Goulart, o Jango, no dia 1º de abril de 1964. Só veio para o Brasil aos 12 anos.
 O documentário foi concebido para contar a história de Flávio Tavares, com base em livros que ele mesmo escreveu, como Memórias do Esquecimento. Suas crônicas literárias reconstituem a trajetória acidentada do gaúcho militante de esquerda que encarou a ditadura, tornou-se guerrilheiro urbano, foi preso quatro vezes e padeceu em sessões de tortura.
  Reviravolta
 Ao se deparar com a fabulosa documentação sobre a deposição de Goulart, que os Estados Unidos vêm liberando ao público desde os anos 70, Camilo mudou de planos. E focou sua lente na participação norte-americana no consórcio conspirativo que mais influenciou o Brasil no século 20, instaurando a ditadura, que se estenderia de 1964 a 1985, os 21 anos do título do filme.
 A matéria-prima recolhida por Camilo justifica a reviravolta em seu projeto de quatro anos e a autópsia filmada da grande conspiração. O diretor se beneficiou de três pacotes volumosos, com divulgação autorizada pelos Estados Unidos: o garimpado pelo repórter Marcos Sá Corrêa, condensado no livro 1964 Visto e Comentado pela Casa Branca, de 1977, as gravações sonoras liberadas ao público em 1999 pela Biblioteca Presidencial Lyndon Baines Johnson, e os papéis e áudios difundidos em 2004 pela organização não governamental The National Security Archive.


 Cartazes pró-Jango durante o comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, dias antes do Golpe de primeiro de abril de 64
 O acervo já configurava um tesouro histórico, mas o cineasta buscou mais informações nas bibliotecas que conservam a memória de dois presidentes norte-americanos – John Kennedy (1961-1963) e Lyndon Johnson (1963-1969) – e em emissoras de televisão dos Estados Unidos.
 Em 1960, João Goulart havia sido eleito vice, mas ascendeu a presidente da República com a tresloucada renúncia de Jânio Quadros no ano seguinte. Para assumir, derrotou um complô da cúpula das Forças Armadas, que o fustigava como sócio do comunismo, a despeito de ele ser um abonado estancieiro. O preço de um acordo foi aceitar a redução de poderes, com a introdução de um arremedo de parlamentarismo. Em janeiro de 1963, uma votação consagradora em plebiscito restabeleceu o presidencialismo e referendou indiretamente Goulart.
 O Dia que Durou 21 Anos! apresenta o inventário das frentes golpistas – empresarial e civil, política e militar – que confluíram em 1964, desgostosas com o rumo à esquerda tomado por Jango e apoiadas com entusiasmo pelas classes médias. Todas articuladas com a Casa Branca, cujo operador mais notório era Lincoln Gordon, embaixador no Brasil de 1961 a 1966 e ex-professor de Harvard. Em um diálogo entre Gordon e o presidente Kennedy, em 1962, o diplomata recebe sinal verde para agir contra Goulart, como testemunha um áudio da reunião em Washington.
Os EUA financiaram candidatos de oposição em eleições e cruzadas de propaganda contra o Planalto. No filme, o historiador James Green, da Brown University, compara: “Imagine se o governo brasileiro tivesse financiado Barack Obama, tivesse gasto 30 milhões de dólares na campanha (contra os republicanos)... Imagine o escândalo”.
 Thriller Político
 Não é só Green que se pronuncia em inglês, o idioma mais falado no filme, com protagonistas norte-americanos. Numa conversa telefônica em 31 de março de 1964, o presidente Lyndon Johnson e o subsecretário de Estado, George Ball, combinam o envio imediato de uma força naval para respaldar os golpistas no Brasil – zarpava a Operação Brother Sam.
 Em outra gravação, Johnson tratou com ­McGeorge Bundy, então seu conselheiro de Segurança Nacional, do reconhecimento diplomático do novo governo. Bundy disse que o embaixador Gordon desejava que fosse “muito caloroso”, enquanto os conselheiros em Washington preferiam “um pouco cauteloso”, pois os militares brasileiros estavam prendendo cidadãos. “Acho que tem gente que precisa ir em cana aqui e lá também”, retrucou o presidente, decidindo pelo tom efusivo.
 Sequências assim, com o registro a quente dos acontecimentos, mantêm o clima de tensão e thriller político do documentário. Bem como a manifestação assertiva de três veteranos oficiais militares brasileiros, que foram entrevistados para o filme. Partidários do golpe, defendem a “Revolução” feita em nome da democracia.
 Muito diferente de uma versão retalhada em três episódios, exibida na TV em 2011, o longa chega aos cinemas na abertura do ano que se completará com o aniversário de meio século do golpe. E no momento em que a Comissão Nacional da Verdade esquadrinha os tempos da ditadura, inclusive a colaboração norte-americana em violações dos direitos humanos no Brasil.
 Embora Camilo Tavares tenha se concentrado na gênese do golpe, seu pai pontua a história. Ela começa na crise provocada pela renúncia de Jânio, em agosto de 1961, que Flávio cobriu em Porto Alegre como editor de política do jornal janguista Última Hora. E termina em 1969, com o sequestro do então embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, por grupos armados. Em troca de sua libertação, 15 oposicionistas deixaram a prisão, banidos do Brasil. Um deles foi Flávio, que, 27 meses depois de se radicar na Cidade do México, foi pai de Camilo, cujo nome reverencia o padre católico e guerrilheiro colombiano Camilo Torres, morto em 1966.
 Flávio Tavares, 78 anos, conduz serenamente as entrevistas do filme, mesmo as com velhos antagonistas ideológicos. A um deles, Robert Bentley, assessor de Lincoln Gordon em 1964, indaga sobre crimes como tortura contra presos políticos. Sem graça, o norte-americano responde: “Isso é difícil de justificar oficialmente. Mas lamento, lamento, de qualquer maneira”.
  Mário Magalhães é jornalista, autor da biografia Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo.
 Fonte: http://bravonline.abril.com.br/materia/autopsia-de-uma-conspiracao#image=188-ci-kennedy-gordon-ditadura

 O filmeO Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares. Em cartaz.


sábado, 13 de abril de 2013

A ética neo pentecostal, o espírito do capitalismo e o novo fascismo "Cristão"




Segue interessante e atualíssimo texto do jornalista internacional e teólogo Chris Hedges sobre o avanço do fundamentalismo pentecostal e seus traços fascistas



EUA: O fascismo cristão está cada vez mais forte
por Chris Hedges (*)
Dezenas de milhões de cidadãos estadunidenses, reunidos em um movimento difuso e aparentemente rebelde conhecido como a direita cristã, começam a desmantelar o rigor científico e intelectual do Iluminismo. Eles estão a criar um Estado teocrático, baseado na lei bíblica, e buscam aniquilar a todos aqueles que definem como inimigos. Esse movimento, que vai cada vez mais se aproximando ao fascismo tradicional, procura forçar um mundo recalcitrante e submisso ante uma América imperial. Ele defende a erradicação dos “desviantes sociais”, a começar pelos homossexuais, e avança sobre os imigrantes, os humanistas seculares, feministas, judeus, muçulmanos e aqueles que rejeitam como "cristãos nominais", como são denominados os fiéis que não aceitam a sua interpretação literalista, machista,  pervertida e herética da Bíblia. Os que se opõem a este movimento de massas são condenados por constituírem uma ameaça à saúde e higiene do país e da família. Todos devem ser expurgados.

            Os seguidores das religiões desviantes, do judaísmo ao islamismo, deverão ser convertidos ou reprimidos. Os meios de comunicação desviantes, as escolas públicas desviantes, a desviante indústria do entretenimento, os desviantes governos e judiciários seculares e humanistas e as igrejas desviantes serão enquadradas, ou fechadas. Haverá uma promoção implacável de "valores cristãos", que já ocorre nas cadeias de rádios e televisões cristãs e nas escolas cristãs, com informações e fatos sendo substituídos por formas abertas de doutrinação. A marcha em direção a essa terrível distopia já começou. Isso está acontecendo nas ruas do Arizona, nos canais de notícias a cabo, nos comícios do Tea Party, nas escolas públicas texanas, entre membros de milícias e no interior de um Partido Republicano que está sendo açambarcado por estes lunáticos.

            Elizabeth Dilling, que escreveu "The Red Network" (A Rede Vermelha) e foi simpatizante do nazismo, é leitura recomendada por apresentadores de TV trash-talk como Glenn Beck. Thomas Jefferson, que favoreceu a separação entre igreja e estado, é ignorado nas escolas cristãs e em breve será ignorado nos livros das escolas públicas do Texas. A direita cristã passou a saudar a contribuição "significativa" da Confederação sulista [que reunia os estados separatistas durante a Guerra Civil]. O senador Joseph McCarthy, que comandou a caça às bruxas anticomunista na década de 1950, foi reabilitado, e o conflito entre Israel e a Palestina é definido como parte da luta mundial contra o terror islâmico. Leis semelhantes às recém-aprovadas Jim Crow [conjunto de leis que definiam a segregação racial nos EUA] do Arizona estão em discussão em 17 outros estados do país.

            A ascensão do fascismo cristão, que temos ignorado por nossa conta e risco, é alimentada por uma classe dirigente liberal[1] ineficaz e falida, que tem se mostrado incapaz de reverter o desemprego crescente, proteger-nos dos especuladores da Wall Street, ou salvar a nossa desafortunada classe trabalhadora das retomadas de casas hipotecadas, da falência pessoal e da miséria. A classe dirigente revelou-se inútil na luta contra o maior desastre ambiental da nossa história, incapaz de encerrar caras e inúteis guerras imperiais ou de parar a pilhagem do país por suas empresas. A covardia dessa classe dirigente e os valores que ela representa acabaram por se tornar injuriados e odiados.

            Os democratas se recusaram a revogar as graves violações ao direito internacional e nacional transformadas em lei pela administração Bush. Isto significa que, quando o fascismo cristão ascender ao poder, terá à disposição as ferramentas legais para espionar, capturar, negar habeas corpus e torturar ou assassinar cidadãos estadunidenses, como faz o governo Obama.
            As pessoas que vivem no mundo real muitas vezes imaginam que essa massa de descontentes é constituída por bufões e imbecis. Eles não levam a sério aqueles que, como Beck, cultivam seus desejos primitivos de vingança, nova glória e de renovação moral. Os críticos do movimento continuam a empregar as ferramentas da razão, da pesquisa e dos fatos para contestar os absurdos propagados pelos criacionistas, que crêem que boiarão pelados no céu quando Jesus retornar à Terra. O pensamento mágico, a interpretação flagrantemente distorcida da Bíblia, as contradições abundantes em seu conjunto de crenças e a pseudociência ridícula são, no entanto, impermeáveis à razão. Não podemos convencer aqueles que se engajam nesse movimento a despertar. Nós é que estamos a dormir.
            Aqueles que abraçam este movimento veem a vida como uma batalha épica contra as forças do mal e do satanismo. O mundo é em preto-e-branco. Eles precisam ver-se, mesmo que imaginariamente, como vítimas cercadas por bandos sombrios e sinistros empenhados na sua destruição. Eles precisam crer que conhecem a vontade de Deus e podem cumpri-la, principalmente através da violência. Eles precisam santificar sua raiva, uma raiva que está no cerne da ideologia. Eles buscam a dominação cultural e política total. Eles estão usando o espaço que a sociedade lhes oferece para destruí-la. Estes movimentos trabalham dentro das regras estritas do Estado secular porque não têm escolha. A intolerância que promovem é suavizada em público por seus operadores mais sagazes. Uma vez que reúnam energia suficiente, e eles estão a trabalhar duramente para obtê-la, tal cooperação desaparecerá. Em seus templos, fica evidente a ideia de construção de uma nação cristã baseada em controle total sobre os indivíduos e na recusa a permitir que qualquer dissidência se manifeste explicitamente. Estes pastores criaram, dentro de suas igrejas, pequenos feudos despóticos, e buscam replicar essas pequenas tiranias em uma escala maior.
            Muitas dessas dezenas de milhões de pessoas que hoje se encontram na direita cristã vivem no limite da pobreza. A Bíblia, interpretada por pastores cuja conexão direta com Deus os coloca à prova de questionamentos, é o seu manual para a vida diária. A rigidez e simplicidade de suas crenças são armas potentes na luta contra seus próprios demônios e no combate diário pela sobrevivência. O mundo real, no qual Satanás, os milagres, o destino, os anjos e a magia não existem, golpeia-os como a troncos de árvore em um rio. Leva seus empregos e destroi o seu futuro. Este mundo apodreceu as suas comunidades e inundou as suas vidas com álcool, drogas, violência física, privação e desespero. E então eles descobriram que Deus tem um plano para eles. Deus vai salvá-los. Deus intervirá em suas vidas para promovê-los e protegê-los. A distância emocional que separa o mundo real do mundo da fantasia cristã é imensa. E as forças seculares e racionais, aquelas que falam a língua dos fatos e dados, são odiadas e temidas, em última instância, porque puxam os fiéis de volta para a “cultura da morte” que quase os destruiu.

            Há contradições selvagens neste sistema de crenças. A independência pessoal é exaltada ao lado de uma subserviência abjeta aos líderes que afirmam falar por Deus. O movimento diz que defende a santidade de vida e defende a pena de morte, o militarismo, a “guerra justa” e o genocídio. Ele fala de amor e promove o medo da condenação e o ódio. Há uma dissonância cognitiva aterrorizante em cada palavra que proferem.

            O movimento é, para muitos, um salva-vidas emocional. É tudo o que os une. Mas a ideologia, que rege e ordena suas vidas, é impiedosa. Aqueles que dela se desviam, como "apóstatas" que deixam as organizações da igreja, são marcados como heréticos e submetidos a pequenas inquisições, que surgem como conseqüência natural de movimentos messiânicos. Se o fascismo cristão vier a conquistar os poderes republicanos, as pequenas inquisições pouco a pouco se tornarão grandes.

            O culto da masculinidade permeia o movimento. Os crentes são levados a pensar que o feminismo e homossexualidade tornaram o homem estadunidense física e espiritualmente impotente. Jesus, para a direita cristã, é um vigoroso homem de ação, que expulsa demônios, luta contra o Anticristo, ataca hipócritas e castiga os corruptos. Este culto da masculinidade, com sua glorificação da violência, é profundamente atraente para aqueles que se sentem impotentes e humilhados. Ele transmite a raiva que levou muitas pessoas para os braços do movimento. Ele os incita a chicotear aqueles que, dizem, procuram destruí-los. A paranóia sobre o mundo exterior é alimentada através de bizarras teorias da conspiração, muitas delas defendidas em livros como o de Pat Robertson, “The New World Order", uma tirada xenófoba que inclui ataques contra os liberais e as instituições democráticas.

            A obsessão com a violência permeia os romances populares como o escrito por Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins. Em seu apocalíptico “Glorious Appearing” (Glorioso Aparecimento), baseado na interpretação própria de LaHaye das profecias bíblicas sobre o Segundo Advento, Cristo volta e estripa a carne de milhões de não-crentes com o som de sua voz. Há descrições longas de horror e sangue, de como “as palavras do Senhor haviam superaquecido seu sangue, fazendo com que estourassem suas veias e pele. Olhos se desintegraram. Línguas derreteram. A carne se dissolveu.” A série Left Behind (Deixados para Trás), à qual pertence este romance, é a mais vendida para adultos no país.

            A violência deve ser usada para purificar o mundo. Os fascistas cristãos são chamados a um permanente estado de guerra. “Qualquer ensinamento de paz antes do retorno [de Cristo] é uma heresia...” diz o televangelista James Robinson.

            Os desastres naturais, ataques terroristas, a instabilidade em Israel e até mesmo as guerras no Iraque e no Afeganistão são vistos como indícios gloriosos. Os fiéis insistem que a guerra no Iraque está prevista no nono capítulo do Apocalipse, onde quatro anjos “que estão presos no grande rio Eufrates serão libertados, para matar a terça parte dos homens.” A marcha é inevitável e irreversível e exige que todos estejam prontos para lutar, matar e talvez morrer. A guerra mundial, até mesmo nuclear, não é para ser temida, mas sim celebrada como precursora do Segundo Advento. À frente dos exércitos vingadores virá um bravo e violento Messias que condenará centenas de milhões de apóstatas a uma morte terrível e horripilante.

            A direita cristã, enquanto abraça o primitivismo, procura legitimar suas mitologias absurdas nos marcos do direito e da ciência. Seus membros o fazem, a despeito de suas idéias retrógradas, porque se constituem em movimento totalitário distintamente moderno. Eles tratam de cooptar os pilares do Iluminismo, a fim de aboli-lo. O criacionismo, ou o “projeto inteligente”, assim como a eugenia para os nazistas ou a “ciência” soviética de Stalin, deve ser introduzido no mainstream como uma disciplina científica válida – daí, portanto, a reescrita dos livros didáticos. A direita cristã defende-se no jargão jurídico-científico da modernidade. Fatos e opiniões, a partir do momento em que são utilizados “cientificamente” para apoiar o irracional, tornam-se intercambiáveis. A realidade não é mais baseada na coleta de fatos e provas, e sim, baseada em ideologia. Fatos são alterados. Mentiras se tornam verdades. Hannah Arendt chamou a isso “relativismo niilista”, embora uma definição mais adequada pudesse ser “insanidade coletiva”.
            A direita cristã tem, assim, o seu próprio corpo de “cientistas” criacionistas que usam a linguagem da ciência para promover a anticiência. Ela lutou, com sucesso, para ter seus livros criacionistas vendidos em livrarias como a do parque nacional do Grand Canyon e ensinados nas escolas públicas de estados como Texas, Louisiana e Arkansas. O criacionismo molda a visão de centenas de milhares de estudantes nas escolas e faculdades cristãs. Esta pseudociência alega ter provado que todas as espécies animais, ou pelo menos seus progenitores, couberam na arca de Noé. Contesta as pesquisas sobre a AIDS e a prevenção da gravidez. Ela corrompe e desacredita as disciplinas de biologia, astronomia, geologia, paleontologia e física.
            No momento em que os criacionistas podem argumentar em pé de igualdade com geólogos, afirmando que o Grand Canyon não foi criado há 6.000.000.000 de anos, e sim há 6.000 pela grande enchente que ergueu a arca de Noé, estamos perdidos. A aceitação da mitologia como uma alternativa legítima à realidade é um duro golpe para o Estado racional e secular. A destruição dos sistemas de crença racional e empiricamente fundamentados é essencial para a criação de todas as ideologias totalitárias. A certeza, para aqueles que não podem lidar com as incertezas da vida, é um dos apelos mais poderosos do movimento. A desapaixonada curiosidade intelectual, com suas correções constantes e sua eterna procura de provas, é uma ameaça às certezas. Por isso, a incerteza deve ser abolida.
            “O que convence as massas não são fatos”, Arendt escreveu nas “Origens do Totalitarismo”, “nem sequer a invenção dos mesmos, mas apenas a coerência do sistema de que presumivelmente fazem parte. A repetição, com sua importância um pouco exagerada devido à crença difundida na capacidade inferior das massas de compreender e lembrar, é importante porque as convence de que há uma consistência ao longo do tempo”.

            Santo Agostinho definiu a graça do amor como Volo ut sis – Desejo que sejas. Há – escreveu – uma afirmação do mistério do outro nas relações baseadas no amor, uma afirmação de diferenças inexplicáveis e insondáveis. As relações baseadas no amor reconhecem que os outros têm o direito à existência. Essas relações aceitam a sacralidade da diferença. Esta aceitação significa que nenhum indivíduo ou sistema de crenças apreende ou defende uma verdade absoluta. Todos se esforçam, cada um à sua maneira, uns fora dos sistemas religiosos e outros dentro deles, para interpretar o mistério e a transcendência.

A sacralidade do outro é um anátema para os cristãos de direita, que não reconhecem a legitimidade de outras formas de ser e de pensar. Caso se reconheça que outros sistemas de crenças, inclusive o ateísmo, têm uma validade moral, a infalibilidade da doutrina do movimento, que constitui o seu principal apelo, é destruída. Não pode haver formas alternativas de pensar ou de ser. Todas as alternativas devem ser esmagadas.
          
  Debates teológicos, ideológicos e políticos são inúteis com a direita cristã. Ela não responde a um diálogo. É impermeável ao pensamento racional e à discussão. As tentativas ingênuas de aplacar um movimento voltado à nossa destruição, através de provas de que nós, também, temos "valores", só reforça a sua legitimidade e a nossa própria fraqueza. Se não temos o direito de ser, se nossa existência não é legítima aos olhos de Deus, não pode haver diálogo. A esta altura, trata-se de uma luta pela sobrevivência.

            As pessoas arregimentadas para o fascismo cristão lutam desesperadamente para sobreviver em um ambiente cada vez mais hostil aos seus olhos. Nós falhamos e estamos em dívida para com eles e não o contrário: esta é sua resposta. As perdas financeiras, o enfrentamento da violência doméstica e sexual, a luta contra os vícios, a pobreza e o desespero que muitas delas têm de suportar são trágicas, dolorosas e reais. Elas têm direito à sua raiva e alienação. Mas elas também estão sendo usadas e manipuladas por forças que buscam desmantelar o que resta da nossa democracia e eliminar o pluralismo que um dia foi um marco da nossa sociedade.

            A faísca que poderá atear as chamas deste movimento pode estar adormecida nas mãos de uma pequena célula terrorista islâmica. Pode estar nas mãos de gananciosos especuladores de Wall Street que jogam com dinheiro do contribuinte no elaborado sistema global do capitalismo de cassino. O próximo ataque catastrófico, ou o colapso econômico seguinte, podem ser o nosso incêndio do Reichstag[2]. Pode vir a ser a desculpa empregada por essas forças totalitárias, este fascismo cristão, para extinguir o que resta da nossa sociedade aberta.

            Não nos deixemos ficar humildemente aos portões da cidade, esperando que os bárbaros apareçam. Eles já estão chegando. Eles estão indo tranquilamente para sua Belém. Deitemos fora nossa complacência e nosso cinismo. Desafiemos abertamente o establishment liberal, que não irá nos salvar, para exigir e lutar por reparações econômicas para a nossa classe trabalhadora. Vamos reintegrar esses despossuídos em nossa economia. Vamos dar-lhes uma esperança real para o futuro. O tempo está se esgotando. Se não agirmos, os fascistas estadunidenses, empunhando cruzes cristãs, agitando bandeiras nacionais e orquestrando corais do Juramento à Bandeira[3], usarão essa raiva para nos destruir a todos.

(*) Chris Hedges é formado na escola teológica de Harvard e foi, por quase vinte anos, correspondente estrangeiro para o New York Times. É autor de vários livros, entre os quais: War Is A Force That Gives Us Meaning, What Every Person Should Know About War, e American Fascists: The Christian Right and the War on America. Seu livro mais recente é Empire of Illusion: The End of Literacy and the Triumph of Spectacle
 Notas:
[1] Nos EUA, o termo “liberal” corresponde à definição dada, aqui, a “social-democrata”, como pretendido pelo PSDB.
[2] Episódio que precipitou a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha.
[3] Em inglês, Pledge of Allegiance. Trata-se da cerimônia de juramento de fidelidade ao país e à bandeira dos EUA.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Feliciano agora ataca a Igreja Católica: "Religião morta e fajuta", diz ele


Segue aqui dois videos sobre o polêmico pastor que se julga dono da verdade e, com esta, do poder:

O primeiro, em que o InFeliciano e bizarro presidente da comissão de Direitos Humanos da Câmara, porta voz de todo uma ala de pensamento fascista e fundamentalista de parte doentia da nação, ataca Católicos e a Igreja Católica (ele já atacou outras denominações e pessoas, famosas ou não...  faz parte do estilo "humanista" e "equilibrado" dele).

O outro vídeo é um comentário bastante lúcido do analista político Bob Fernandes, da TV Gazeta e da Rádio Metrópole, da Bahia. Há também, no final, a transcrição deste comentário de Bob Fernandes para quem quiser copiar e guardar ou compartilhar...

Primeiro Vídeo, extraído da Cnews

Em um vídeo gravado - veja mais abaixo - durante um culto, o ainda presidente da Comissão dos Direitos Humanos afirmou que avivamento da Igreja Católica é um avivamento de Satanás. 

Mais uma polêmica envolvendo o nome do pastor Marco Feliciano. Agora, o deputado pelo PSC de São Paulo, que foi eleito para presidir a Comissão dos Direitos Humanos, protagoniza um vídeo gravado durante um culto religioso.

Feliciano partiu para o ataque à Igreja Católica. “Eu conheço Deus... Não é o Deus desta religião morta e fajuta... Se há algum católico aqui, o que eu duvido muito, mas, se tiver, está em busca de alentamento. Deixa eu te explicar uma coisa. Primeiro, você não pode sentir aquilo que nós sentimos sem experimentar o Deus que nós sentimos. ‘Não pastor, não pastor, mas eu sou carismático, eu até aprendi a falar em línguas, botar uma fita no rádio e eu decorei.’ Esse avivamento é o avivamento de Satanás... Por que é que você não pode experimentar o mesmo avivamento? Porque o seu Deus não é o mesmo que o meu... O meu Deus exige santidade, santidade física e de alma”, declarou.

A parte sobre a Igreja Católica pode ser vista a partir de 3 minutos e 10 segundos.


Segundo Vídeo, extraído da TV Gazeta da Bahia:



Transcrição do comentário de Bob Fernandes:

Recordemos a espantosa coleção de estultices do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Para alguns uma frase dele pode soar espertinha, engraçadinha, mas o conjunto da obra revela seu caráter. Agora ele calunia, mente sobre Caetano Veloso, agride e despreza outra religião, o candomblé.

O pastor mente e calunia ao dizer que Caetano submetia músicas à aprovação de Menininha do "Patuá". O erro no nome, Gantois, é proposital. O erro é proposital. Profundamente ignorante, desrespeitoso, situa a Ialorixá num tempo em que ela já estava morta há 12 anos.

Feliciano diz que Deus matou John Lennon: "Eu queria estar lá no dia que descobriram o corpo dele. Ia tirar o pano de cima e dizer 'me perdoe, John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho, e esse, em nome do Espírito Santo'".

Qual Deus, qual religião prega assassinato como faz esse suposto pastor? A não ser quem tenha sérios desvios, que religião debocharia da morte de cinco jovens, como fez Feliciano com o grupo Mamonas Assassinas?

Disse ele sobre os integrantes da banda que morreram num acidente aéreo:

- Um anjo pos o dedo no manche e Deus fulminou aqueles que tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças.

O que pode existir de mais torpe do que essas palavras de Feliciano?

Talvez mais torpe seja entregar a própria mãe. Dizer, como ele disse,  que assistia à mãe "arrancar fetos de dentro das mulheres". A mãe de Feliciano desmentiu, disse que não era bem assim, mas, verdade ou mentira, a frase revela o que é a cabeça do filho.

Há quem veja nisso só um jeito "ixpérto" de chamar a atenção. Esperteza à parte, só a escolha da frase já escancara a profundidade da doença na alma e na cabeça de Feliciano.

O deputado apregoa que descendentes de africanos são amaldiçoados, que sentimentos homoafetivos são "uma podridão", e que direitos para as mulheres podem levar à "predominância homossexual". Diz também que, antes dele, Satanás ocupava a Comissão de Direitos Humanos.

Com ares e fama de quem é "ixpérto", mas parecido mesmo é com um grande beócio, Feliciano segue em frente. Mesmo acusado de estelionato, desfila nesses tempos de lassidão e mediocridade. Até que alguém, quem sabe um dos seus pares, dele se aproxime.

Alguém verdadeiramente religioso, próximo da divindade. Alguém que, com compaixão, chegue para Feliciano e diga a verdade:

- Amigo, você não é "ixpérto". Você está é doente, tem uma doença na cabeça e na alma, procure ajuda, Feliciano, vá se tratar.

O Nazi-fascismo fundamentalista de certos grupos evangélicos


Segue abaixo interessante vídeo em que se discute os sinais fascistas presentes em certos "líderes" evangélicos, como declarações de superioridade, incitação ao ódio (racial, sexual, de discriminação religiosa, etc.), agressões e uso massivo de meios de alienação que foram próprios do nazismo e que levam, impreterivelmente, à intolerância e à violência....



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Thatcher, a Dama Sem Coração do Neoliberalismo



Carlos Antonio Fragoso Guimarães

 Se temos hoje uma crise mundial, criada e capitaneada pelos bancos e pelos grandes especuladores financeiros, mas paga pelo povo de todo o mundo, dois dos maiores responsáveis pela desregulamentação das leis que controlavam a ganância dos bancos e das mega-corporações internacionais chamam-se Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

Ambos acabaram, Thather e Reagan, com o estado do bem-estar social para criar o estado mínimo em benefício das mega-corporações, o núcleo da doutrina do Neoliberalismo. O lema era : "Um governo bom é o que não intervém para ajudar ninguém", a não ser, é claro, os empresários e bancos. (Para entender a ação de Reagan e Thatcher no destroçamento da democracia em favor do Neoliberalismo, assista ao documentário "Capitalismo, uma história de amor", de Michael Moore)

Thatcher governou com mão de ferro de 1979 a 1990. Com ela, os trabalhadores perderam direitos, os sindicados foram perseguidos, as empresas enriqueceram. Ela iniciou a febre das privatizações que, mais tarde, seria copiado pelas bandas brasileiras, com imenso apoio do FMI e dos interesses externos, por FHC de triste memória. Com a "Dama de Ferro", também veio o aumento do desemprego e o fortalecimento da doutrina que hoje impõe uma crise violenta na Europa.

Thatcher morreu neste último dia oito de abril, completamente senil e quase esquecida. Milhares de ingleses comemoraram seu falecimento e seu legado é objeto de controvérsias pelos frutos ruins que vingaram depois de seu período de "Dama de Ferro"

Veja, abaixo, a reação de vários ingleses em um PUB ao receberem a notícia da morte de Margaret Thatcher: