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sábado, 25 de julho de 2009

A Igreja, A Mídia e a Parapsicologia

Parte 3
Conclusão

Para se ter uma idéia mais clara do reacionarismo dentro da Igreja Católica (que, graças a Deus, ainda tem corajosos baluartes mais ligados ao espírito cristão que à própria instituição), nada melhor que passar a palavra a um dos maiores teólogos do mundo, ex-frei e um dos pais da excelente Teologia da Libertação, tão duramente massacrada pela Igreja depois da ascenção de João Paulo II ao trono do Vaticano.

Diz Leonardo Boff em seu livro "Fundamentalismo, A Globalização e o Futuro da Humanidade" à partir da página 17:



"O catolicismo possui também seu tipo de fundamentalismo. (...) O inimigo a combater é a Modernidade, com suas liberdade e seu processo de secularização.

"Há duas vertentes do fundamentalismo católico: o doutrinário e o ético-moral.

"O fundamentalismo doutrinário é bem representado no documento Dominus Jesus, do ano 2000, assinado pelo Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da antiga Inquisição, que aborda a relação (por ele entendida) de Cristo e da Igreja Católica com as demais religiões. Aí se sustenta que a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo. As demais denominações cristãs não igrejas, são usurpação do título. Possuem apenas elementos eclesiais. O catolicismo comparece também como a única religião verdadeira, e os que não se converterem à Igreja Católica Romana correm risco de perdição eterna. Cinqüenta anos de trabalho ecumênico, de diálogo inter-religioso, aparentemente se esvaíram, porque as velhas teses medievais da Igreja como única portadora dos desígnos de Deus, e fora do qual não há salvação, foram ressuscitados. Isso provocou um escândalo em toda a Igreja, escândalo que não foi ainda digerido nem por nós católicos, muito menos pelos protestantes, que estavam se acercando muito próximos da Igreja Católica".

Depois disso, no site do Sr. Pe. "Parapsicólogo", http://www.clap.org.br/, há um link para vídeos, com títulos como "Só o catoliscismo é a Doutrina revelada por Deus", ou seja, o judaísmo de Moisés - no qual Cristo foi educado e em meio do qual agiu -, a Igreja Católica Ortodoxa Russa e Grega, as Igrejas Protestantes e todas as demais religiões não passam de engodos... E ainda, para enfatizar o lado "científico", portanto impessoal e neutro, um outro chamado " "Acordo entre CLAP e CatolicaNet para promoção da fé racional". Bem "científicos", "neutros" e "imparciais", estes vídeos em nada deixam peceber qualquer sinal de proselitismo.

Talvez seja também conveniente transcrever o que já foi escrito sobre o método político-ideológico que a Igreja vem usando de longa data, nas palavras do filósofo italiano Antonio Gramsci:

"A relação entre filosofia 'superior' e senso comum é assegurada pela 'política', bem como é assegurada pela política a relação entre o catolicismo dos intelectuais e a dos considerados 'simplórios'. As diferenças entre os dois casos são, todavia, fundamentais. O fato de que a Igreja deve enfrentar o problema dos 'simplórios' significa, justamente, que existiu uma ruptura na comunidade dos 'fieis', ruptura que não pode ser eliminada pela elevação dos 'simplórios' ao nível dos intelectuais (...). No passado, essas 'rupturas' na comunidade do fiéis eram remediadas por fortes e criativos movimentos de massa, que determinavam, ou desembocavam, na formação de novas ordens religiosas em torno de fortes personalidades (Domingos, Francisco).

"Os movimentos heréticos da Idade Média - que surgiram como reação simultânea à politicagem da Igreja e à filosofia escolástica que foi a sua expressão, e que se baseavam em conflitos sociais determinados pelo nascimento das comunas - foram uma ruptura entre massa e intelectuais no interior da Igreja, ruptura 'corrigida' pelo nascimento de movimentos populares religiosos reabsorvidos pela Igreja, através de formas de ordens mendicantes e de uma nova unidade religiosa.

"Mas o movimento católico da Contra-Reforma esterilizou este pulular de forças populares: a Companhia de Jesus (ou jesuítas) é a última grande ordem religiosa, de orígem REACIONÁRIA e AUTORITÁRIA, com caráter REPRESSIVO e 'diplomático', que assinalou, com o seu nascimento, o endurecimento do organismo católico. As novas ordens surgidas posteriormente, têm um pequeníssimo significado 'religioso' e um grande significado 'disciplinar' sobre a massa dos fiéis: são ramificações e tentáculos da Companhia de Jesus, instrumentos de 'resistência' para conservar as posições políticas adquiridas, e de modo nenhum forças renovadoras de desenvolvimento. O catolicismo se transformou em 'jesuitismo'(...)" (GRAMSCI, "Concepção Dialética da História", Ed. Civilização Brasileira, pp. 19-20, destaques meus).

Convêm igualmente lembrar o recente comunicado da CNBB em reconhecimento público dos erros da Igreja durante a colonização do Brasil, em especial no trato com os índios e negros, como bem lembrou Dom Marcelo Carvalheira em recente comunicado citado na Folha de São Paulo, e ondem os jesuítas desempenharam importante papel nas injustiças cometidas, em especial na aculturação forçada e no tratamento desumano dado a estas duas etnias, em conivência com os interesses dos poderosos da época. Esse reconhecimento, ainda que tardio, levará a Igreja ao nobre gesto de pedir perdão publicamente pelos erros cometidos durante as festividades dos 500 Anos do Brasil. Mas parece que a tradição de arrogância e presunção permanece, não obstante, claramente nas mentes e atitudes de alguns "soldados" da Companhia de Jesus... E já não há mais um Marquês de Pombal que lhes faça frente. Aliás, é bem conhecida o atrito entre João Paulo II, no início do seu pontificado, com a liderança jesuíta de Pedro Arrupe, já falecido, o que demonstra que a instituição não é assim tão coesa e nem todas as alas da Igreja morrem de amores pela "Companhia de Jesus", de Inácio de Loyola.

Há tempos, um dos principais argumentos da Igreja Católica tradicional, e que nosso "parapsicólogo" teórico tanto grita aos quatro ventos, é que tudo o que se diz serem fenômenos espíritas são fraudes. Porém, mesmo que hajam grande número de fraudes - o que nem é de se espantar, devido aos aspectos não ordinários de muitos dos fenômenos -, existe igualmente enormo número de pesquisas que apontam para a realidade objetiva de fenômenos paranormais legítimos, e a Igreja diante dos progresos em Parapsicologia fora do Brasil, e das pesquisas em Psicologia Transpessoal (já adiantadas pelo gênio do Psicanalista suíço Carl Gustav Jung) e dos primeiros passos em Transcomunicação Instrumental, ou seja, o registro eletrônico de comunicações de orígem paranormal (sendo o grande pioneiro na área, Friedrich Jürgerson, inclusive agraciado - como mostra a foto ao lado - com a Comenda da Ordem de São Gregório, em 1969 pelo Papa Paulo VI por estas pesquisas!) diante das quais não se podia contrapor, a Igreja - e seus baluartes mais belicosos - passou a dizer que os fenômenos existiam sim, mas que tinham causas lógicas, explicadas pela Psicologia.

Mas os espíritas nunca disseram que as causas dos fenômenos espíritas fossem sobrenaturais. Um fenômeno pode ser raro, mas nem por isso deixa de ser natural. Não vemos estrelas explodindo e se transformando em super-novas com facilidade, a maioria da humanidade nunca sequer imagina o que seja uma "aurora boreal" e gerações passam sem que tenham observado o cometa de Harley. Qualquer espírita sério o bastate para ter lido e estudado os livros dos pesquisadores clássicos de fins do século XIX e início do século XX, como o astrônomo francês Cammile Flammarion (O Desconhecido e os Problemas Psíquicos, vols. I e II), o médico russo Alexander Aksakof (Animismo e Espiritismo, vols. I e II), o grande pesquisador italiano Ernesto Bozzano (Metapsíquica Humana; Animismo ou Espiritismo?; Pensamento e Vontade), sabe muito bem que as faculdades de telepatia, clarividência e outros tipos de PES (Percepção Extra-Sensorial) e certos casos de Poltergeist se devem às capacidades apenas agora entrevistas do psiquismo humano. É tolice, portanto, por a culpa ou causa de todos os fenômenos paranormais aos "espíritos" (que nada mais seriam, porém, que homens e mulheres sem o corpo físico, portanto ainda possuidores de faculdades psi). Porém, maior tolice seria reduzir todos os tipos de fenômenos a um único fator psi, qual seja os atributos paranormais do inconsciente. Mas isso não quer dizer que vários outros fenômenos não ocorram com o provável concurso de "espíritos", e nem que a ainda pouco conhecida capacidade psíquica impeça a existência e comunicação destes. Os excelentes livros de do professor italiano Ernesto Bozzano deixam pouca dúvida quanto a isso. Aliás, seu Metapsíquica Humana, que foi escrito como refutação embasada em fatos a um livro de René Sudre, bem parece que também foi endereçado, 75 anos antes, a Quevedo, pois ele demonstra quão limitada em alcance é a teoria do "inconsciente" para explicação de vários fatos de comunicação mediúnica registrados, sob controle rígido, como autênticos. Muito pelo contrário, superando as limitações do modelo cartesiano-newtoniano, a descoberta do potencial psi demonstra a existência - como ocorreu na física com a descoberta dos campos eletromagnéticos - de uma realidade que escapa aos parâmetros convencionais da ciência clássica. O que bem pode implicar a existência de dimensões sutis onde a própria psique pode ter existência própria independente da matéria (Bozzano, 1926; Grof, 1988; Andrade, 1989), portanto, dentro do universo natural do qual estamos ainda bastante longe de dizer que conhecemos.

Além do mais, fica difícil chamar de ingorantes os kardecistas, sabendo que cerca de 70% dos espíritas possuem curso superior e muitos são professores universitários e artistas de renome. Fica difícil chamar Monteiro Lobato ou Augusto César Vanucci de ignorantes. Além do mais, os programas sociais levados a cabo pelos "iludidos"espíritas (e olhe que o ilustre "Caçador de Enígmas" costuma designar os espíritas por outros termos menos diplomáticos, como sabe quem já ouviu qualquer de suas palestras. Para se ter um exemplo da forma "equilibrada" como Quevedo se refere aos espíritas, clique aqui), mesmo que sejam frutos de pessoas com "crenças equivocadas", são amplos e muito reconhecidos, não se exgindo cobrança pecuniárias, dízimos, mercantilização de artigos religiosos e/ou muletas psicológicas ou contribuições quaisquer além do auferido pela venda de livros e doações espontâneas da comunidade, em grande parte formada por católicos simpatizantes, o que ensejou o reconhecimento até mesmo de organismo internacionais, como, por exemplo, os trabalhos assistenciais levadas a cabo pela Casa do Caminho, em Salvador, cujo dirigente, Divaldo Pereita Franco, é detentor de títulos de Doutor Honoris Causa por universidades internacionais, de cidadão emérito em várias cidades no Brasil e muitos outros títulos de reconhecimento. Já Chico Xavier, se tem seu trabalho mediúnico, tem ainda mais um trabalho filantrópico reconhecido internacionalmente cujos frutos lhe renderam até mesmo a indicação de seu nome ao Prêmio Nobel da Paz. E se é pelos frutos que se reconhece a qualidade de uma árvore, que se tire neste ponto conclusões mais equilibradas, pois não sabemos a que trabalho de ação social ou de filantropia a que os senhores sacerdotes "parapsicólogos" se dedicam.

Claro que não dando margem aos outros estudiosos, o senhor "Caçador de Enígmas" logo enquadra os resultados e pesquisas em Transcomunicação Intrumental como outro grande engodo, ainda que os pesquisadores desta área tenham pouco ou nenhum interesse em terem seus nomes associados ao espiritismo, por exemplo. Entre estes estudiosos estão engenheiros eletrônicos e cientistas de grandes laboratórios de eletrêonica, nos Estados Unidos e na Europa. E, entre os interessdos, pasmem, estão alguns sacerdotes católicos, sendo um dos mais conhecidos no Brasil o Padre François Charles Antoine Brune, grande estudioso da tradição cristã do Oriente e professor de várias faculdades na França (foto ao lado). É autor dos livros Os Mortos nos Falam e Linha Direta para o Além (veja aqui o depoimento do Padre Brune sobre suas pesquisas e conclusões em Transcomunicação Intrumental).

A suposição de que o inconsciente humano, tal como o "caçador de enígmas" tanto divulga, é tão poderoso ao ponto de explicar satisfatoriamente TODOS os mais intrigantes fenômenos da transcomunicação é, como qualquer psicólogo sério sabe, no mínimo tão absurdo quanto dizer que todas as doenças do corpo são igualmente causadas pelo mesmo inconsciente, ou que a ele caiba a explicação perfeita de tudo o que diz respeito aos fenômenos sutis ainda em estudo, como, por exemplo, a transcomunicação (c.f. os excelentes livros de Hernani Guimarães Andrade, Sonia Rinaldi e Clóvis Nunes indicados abaixo). O inconsciente existe, sim; tem capacidades pouco conhecidas ainda, sim. A Medicina Psicossomática comprova a influência do psíquico sobre a saúde do organismo. Que mal conseguimos adentrar no oceano do psiquismo não resta a menor dúvida. A provável existência de um Inconsciente Coletivo, ou Transpessoal, como postulado por Jung, explicaria a intuição e a telepatia, até mesmo (em parte) a capacidade de se obter informações que de outro modo seriam impossíveis, mas seria infatilidade esticar os limites do que se sabe até agora para acondicionar TUDO o que ainda escapa ao nosso entendimento com a cômoda explicação que tudo advém do inconsciente. Carl Jung chegou, em uma fase, a pensar assim, mas (em especial pelas experiências pessoais que vivenciou), foi suficientemente humilde para reconhecer que os conceitos - inclusive o de inconsciente - adotados para explicar fenômenos não-causais são limitados, aproximativos e imperfeitos, o que abre a necessidade de teorias complementares ou mesmo paradoxias para se ter uma idéia aproximada da compreensão dos fenômenos. Livros célebre de Psicologia da Personalidade, como o de Fadiman e Frager (FADIMAN & FRAGER, 1986, Ed. Harbra. pp. 166-176; 272; 281-285), contudo, aceitam a realidade transpessoal e a existência de fatores outros para explicar fenômenos paranormais que vão além do conceito de inconsciente. A Psicologia Transpessoal estabelece que a percepção de vigília ordinária é apenas uma dentre várias outras possíve, não sendo nem a mais aperfeiçoada e muito menos a melhor. Conceitos de "consciente" e "inconsciente" podem ser transcendidos extraordinariamente em estados alterados de consciência, dentre os quais se situa o transe mediúnico e outros (LeShan, 1994; Grof, 1988; Fadiman & Frager, 1986; Walsh & Vaughan, 1991)

Nos fala o Prof. Hernani Guimarães Andrade que atribuir tão prontamente tal poder psicocinético e psicomagnético ao inconsciente (quevediano) parece ser não só algo questionável como cientificamente bem pouco coerente. Este poder só se exerce ao nível dos chamados fenômenos espíritas? Se a resposta for não, então, será que os resultados revolucionários e paradoxais das experimentações em Física subatômica, a Microbiologia e outras discipinas de ponta terão de ser engavetadas por seus resultados paradoxais e para além do paradigma newtoniano ainda dominante, devido à possibilidade de haverem sido falseados pelas diabruras do inconsciente? E mais, porque então é tão difíci de se obter efeitos psicocinéticos em laboratórios de Parapsicologia quando o intenso desejo e motivação deveriam contribuir grandemente para sua maior manifestação? (C.f. ANDRADE, 1987, pp. 104 e seguintes).
Sem querer negar a importância e existência do inconsciente (afinal, como psicólogo, melhor que ninguém sei de sua existência) que demonstra sua presença em características emocionais e comportamentais, e até mesmo um certo grau de importância na causa e manifestação de alguns fenômenos paranormais , em especial a telepatia (o que era, num rasgo de genialidade, reconhecido pelo próprio sistematizador e codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, cerca de quarenta anos antes dos estudos de Freud e Breuer), não nos parece científico por, a priori, a explicação cômoda e abrangente de tudo o que escapa ao alcance do usual ao nível do inconsciente humano. Dúvido que Freud aceitasse tal uso (e abuso) de sua descoberta (o incosnciente). De fato, o inconsciente acabou virando uma "terra mágica" onde tudo parece ser, de uma forma ou outra, enquadrado, especialmente para uma pessoa como o Pe. Quevedo que, não podendo negar o fenômeno, ao menos pode por as causas destes num arcabouço explicativa que lhe seja mais conveniente, do mesmo modo como os "demônios" explicavam os mesmos fatos antigamente, motivo suficiente para mandar muita gente inocente para a fogueira.

O senhor sacerdote "parapsicólogo", então, diante da fraqueza de seus argumentos, ataca do lado teológico-religioso, dizendo que não se pode ter comunicação alguma entre vivos e mortos, porque esta foi explicitamente proibida no Antigo Testamento, mais especificamente Deuteronômio 18. Só que assim falando, Quevedo acaba por indiretamente se contradizer, pois se houve proibição, é porque ao menos havia a crença de que tais comunicações eram possíveis. Devemos lembrar de inúmeras outras proibições estabelecidas por Moisés a fim de disciplinar o povo hebreu, entre elas a de se guardar rigidamente o dia de sábado, pelo qula qualquer tipo de trabalho era pecado, mas que teve sua aplicação exagerada questionada e rompida pelo próprio Jesus, como bem o sabemos. Ora, em I Samuel, 28 encontramos esta "transgressão" à proibição do Deuteronômio 18, com conseqüências notáveis (a transcrição é integral e literal da passagem citada, retirada da Bíblia Sagrada, da Edição Missionária, traduzida por João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil, 2º Edição, São Paulo, 1997, pp. 280 -281, mas julgamos que o termo médium empregado na tradução é, historicamente, incorreto devido ao fato de que este termo foi cunhado, junto com o espiritismo, somente século passado. Os termos mais apropriados à terminologia da época seriam Pitonisa ou Vidente).


Saul consulta a médium de En-Dor (I Samuel 28, 3-25)
28 3 Já Samuel era morto, e todo o Israel o tinha chorado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; Saul havia desterrado os médiuns e os adivinhos.
4 Ajuntaram-se os filisteus e vieram acampar-se em Suném; ajuntou Saul a todo o Israel, e se acamparam em Gilboa.
5 Vendo Saul o acampamento dos filisteus, foi tomado de medo, e muito se estremeceu o seu coração.
6 Consultou Saul o SENHOR, porém o SENHOR não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.



7 Então, disse Saul a seus servos: Apontai-me uma mulher que seja médium, para que me encontre com ela e a consulte. Dsseram-lhe os seus servos: Há uma mulher em En-Dor que é médium (obs.: é esta mesma a palavra usada nesta versão da Bíblia: médium!)
8 Saul disfarçou-se, vestiu outras roupas e se foi, e com ele, dois homens, e, de noite chegaram à mulher; e lhe disse: Peço-te que me adivinhes pela necromancia e me faças subir até aquele que eu te disser.
9 Respondeu-lhe a mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da Terra os médiuns e adivinhos; por que, pois, me armas ciladas à minha vida, para me matares?
10 Então, Saul lhe jurou pelo SENHOR, dizendo: Tão certo como vive o SENHOR, nenhum castigo te sobriverá por isso.
11 Então, lhe disse a mulher: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Saumuel.
12 Vendo a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher disse a Saul: Por que me enganaste? Pois tu mesmo és Saul.
13 Respondeu-lhe o rei: Não temas; que vês? Então, a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus que sobe da terra.
14 Perguntou ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo um ancião e está envolvido numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostou.
15 Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei para que me reveles o que devo fazer.
16 Então disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e te fez teu inimigo?
17 Porque o SENHOR fez para contigo como, por meu intermédio, Ele te dissera; tirou o reino da tua mão e o deu ao teu companheiro Davi.
18 Como tu não deste ouvidos à voz do SENHOR e não executastes o que ele, no furor da sua ira, ordenou contra Amaleque, por isso, o SENHOR te fez, hoje, isso.
19 O SENHOR entregará também Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus.
20 De súbito, caiu Saul estendido por terra e foi tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel; e faltavam-lhe as forças, porque não comera pão todo aquele dia e toda aquela noite.
21 Aproximou-se de Saul a mulher e, vendo-o assaz perturbado, disse-lhe: Eis que a tua serva deu ouvidos à tua voz, e, arriscando a minha vida, atendi às palavras que me falaste.
22 Agora, pois, ouve também tu as palavras da tua serva e permite que eu ponha um bocado de pão diante de ti; come, para que tenhas forças e te ponhas a caminho.
23 Porém ele recusou e disse: Não comerei. Mas osseus servos e a mulher o constrangeram; e atendeu. Levantou-se do chão e se assentou no leito.
24 Tinha a mulher em casa um bezerro cevado; apressou-se e matou-o, e, tomando farinha, a amassou, e a cozeu em bolos asmos.
25 E os trouxe diante de Saul e de seus servos, e comeram. Depois, se levantaram e se foram naquela mesma noite.

Como vemos, o próprio Velho Testamento atesta dá testemunho da comunicabalidade entre os espíritos e o homem encarnado. Alguns evangélicos se sentem perdidos diante deste texto bíblio e dizem que, na verdade, foi um demônio e não Samuel quem se manifestou pela médium de En-Dor. Só que é a própria Bíblia quem diz que foi, de fato, Samuel quem se comunicou pela médium, não o diabo, nem "exus, orixás, fadas, ondinas, salamandras, larvas astrais, gênios, mahatmas; interpretações delirantes que levam à dupla personalidade " e outros delírios citados freqüêntemente pelo sacerdote "parapsicólogo" quando mistura as coisas e tenta ironizar com "os crentes". O que o Sr. Pe. jesuíta utilizada como argumento se volta contra ele, pois nele está o fato simples de que a proibição de Moisés em se invocar os mortos foi imposta exatamento porque o povo rude e indisciplinado que ele libertou de Egito abusaria desta capacidade e/ou das fraudes!

Mas, passemos por outros exemplos no Antigo Testamento e entremos no Novo Testamento, onde pululam exemplos vários:

Passando pelas visões de Maria e José dos Anjos, vejamos outros exemplos mais claros:

Em Mateus 17, 1-8; em Marcos, 9, 2-8 e em Lucas, 9, 28-32 temos o relato da Transfiguração de Jesus e seu encontro com dois "fantasmas": Moisés e Elias.


(Mt, 17, 1 e 3; e a passagem quase idêntica em Mc 9, 2 e 4) Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte.
E foi transfigurado diante deles (...). E eis que lhes aparecem Moisés e Elias, falando com ele.
Se o "parapsicólogo" jesuíta nega a existência de Espíritos e/ou sua possibilidade de contato com os "vivos", então ele só pode aceitar estas passagens como simbólicas. Quem garante, porém, que não ocorreram?

Logo após este fenômeno, outra bomba é revelada por Jesus:


10 Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro (que o Messias)?
11 Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas.
12 Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo o quanto quiseram. Assim também o Filhos do Homem há de padecer nas mãos deles.
13 Então, os discípulos entenderam que era de João Batista que ele lhes falara. (Mateus, 17, 10-13)
Esta passagem se encontra também em Marcos, 9, 10-13:

10 Eles guardaram a remcomendação, perguntando uns aos outros o que seria realmente o ressuscitar dentre os mortos.
11 E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?
12 Então, ele lhes respondeu, dizendo: Elias, vindo primeiro, restaurará as coisas; como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado?
13 Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito.


Como há séculos o ocidente aceita que Jesus era um enviando de Deus (dirá a igreja a partir do século IV que é "o próprio Deus"), e se era o Messias (mas não o Messias belicoso, político e militar que os judeus esperavam, é claro), e ele diz que Elias já tinha vindo antes dele, compreendendo os discípulos que Elias era João Batista (Mateus, 17, 13), e como vemos o mesmo em Marcos, 9, 13, a lógica clássica aristotélica tem de concluir que como A não pode ser não-a, Elias e João Batista têm de ser a mesma pessoa. Ora, todos conheciam a história de João, sabiam que ele tinha nascido e de quem era filho, e o tinham visto crescer. Então, como é que isso se explica senão através de algo parecido com a idéia da reencarnação. Vejamos o que nos diz Lucas, 1,17, sobre o anúncio do nascimento de João a seu pai, Zacarias, através da aparição de um "anjo"( ou ainda, uma "aparição", diga-se de passagem), parece confirmar que ele, João, seria realmente Elias:


17 E ele [João] irá diante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.
E para quem acha que isto não está claro ou convincente, vejamos o que nos fala João sobre a fala de Jesus a Nicodemos, no capítulo 3, 3 a10 de seu Evangelho:

3 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.
4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre da sua mãe e nascer uma segunda vez?
5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água [matéria] e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido em espírito é espírito.
7 Não te admires de te dizer: importa-vos que nasças de novo.
8 O vento (pneuma, espírito) sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para onde ele vai; é assim que é todo [aquele que é] do espírito.
9 Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode ser assim? Respondeu-lhe Jesus:
10 Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?
Ora, sabemos hoje que a idéia da reencarnação não era estranha aos judeus da época, embora não como o nome reencarnação, mas por paligênese, metempsicose ou transmigração de almas devido ao contato com os gregos, que, em sua filosofia, a adotavam, ou ao menos assim o fizeram Pitágoras, Sócrates e Platão. No livro de Jo. capítulo 8, versículo 9, encontramos a reflexão sobre a reencarnação na máxima "Porque somos de ontem, e nada sabemos". Também encontramos em Sabedoria 8:19 - 20 raciocínio análogo, com relação à Lei de Causa e Efeito: "Eu era um bom rapaz, por isso cai num corpo perfeito". Ainda hoje, vários judeus, inclusive em sua literatura mística chamada Cabala, admitem a reencarnação. Mas esta idéia, no tempo de Jesus, não tinha para o vulgo a mesma acepção que tem hoje para o homem moderno, ou ao menos, para o grande povo, a reencarnação tinha algo a ver com um ressurgir de um morto ao mundo físico, portanto, estava muito misturada à idéia de ressurreição, como podemos ver nesta passagem de Mateus, 16, 13-14:

13 Indo Jesus para as bandas de Cesaréia de Felipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?
14 E eles responderam: Uns dizem João Batista; outros Elias, e outros, Jeremias ou algum dos profetas.
Note-se que Jesus não parece ter se escandalizado com tal hipótese "ridícula", pois não falou contra esta.
A idéia fica ainda mais clara em Lucas, 9, 18-19:
18 Estando ele orando à parte, achavam-se presentes os discípulos, a quem perguntou: Quem dizem as multidões que eu sou?
19 Responderam eles: João Batista, porém outros dizem Elias; e ainda outros dizem que és um dos profetas que ressuscitou.

Poderíamos ainda falar de tantos outros relatos espíritas dentro do Novo Testamento, como as aparições póstumas de Jesus aos discípulos, em que ele aparecia e desaparecia de repente (o corpo só poderia ter sido dissolvido, liberando certo grau de energia, como o dizem alguns estudiosos do Sudário de Turim, tendo seus elementos químicos sido dispersados no ambiente, pois só assim se explica as marcas do corpo de Cristo no pano, que só poderia ter sido feitas por algum um processo de radiação. A Igreja, sabendo disso, ficou numa situação difícil, por isso aceitou o resultado do teste de Carbono 14 que dizia que o pano teria sido feito na Europa da Idade Média - Deus sabe como, sem a tecnologia. Porém, estudos mais recentes dizem que o resultado deste teste não é conclusivo, em especial devido às propriedade bioquímicas do tecido, que poderiam ser alteradas por fungos acumulados por séculos sem falar de que as mesmas propriedades poderiam ter sido afetadas pelo Incêndio por que passou o Sudário em 1532, sem falar no banho de azeite fervente por que o mesmo tecido passou, para que se provasse, à época, que era autêntico. Além do mais, pesquisas encontraram no tecido pólem de vegetais só encontrados na região da Palestina, sangue humano e areia, na região dos pés da figura, com fungos da região. Paradoxalmente, hoje a Igreja volta a quase aceitar como autêntico o Sudário).

João 20, 19: Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pô-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!

João, 20, 26: Passado oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pô-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!

Marcos, 16, 14: Finalmente, Jesus apareceu aos onze, quando estes estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração. porque não deram créditos aos que o viram já ressurgido.

Lucas 24, 30 a 31: E aconteceu que, estando à mesa [Jesus e os dois dicípulos de Emaús], tomando ele o pão, abençoou-o e, partindo, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.

Cabe, pois, saber se o "Caçador de Enigmas" aceita tais coisas... Mas já sabemos que não, pois um de seus discípulos, o igualmente simpático Pe. Juarez Farias logo sai desta sinuca dizendo que estas passagens evangélias são simbólicas... Bem, cada um diz o que quer e lhe é mais conveniente, porém é digno de nota o que nos fala um dos estudiosos dos documentos bíblicos, Geddes MacGregor:

Toda a literatura do NovoTestamento, para não dizer a vasta literatura não canônica do cristianismo primitivo, foi escrita por e para pessoas que haviam desenvolvido considerável sensibilidade aos fenômenos anímicos (Citado em MIRANDA, 1992, p. 29).

Poderíamos citar ainda os fenômenos de aparições de Maria (ou a ela atribuídas) ao longo dos séculos, as visões de Joana D'Arc, as aparições de Tereza D'Ávila e outros, mas seria por demais enfadonho falar do óbvio.

Aos caros leitores que por ventura se achem chocados ou a pensar que isso é algum delírio e não tem nenhum respaldo em pesquisas modernas, acho bom transrecer um trecho de outr trabalho meu:

A chamada Terapia de Vida Passada, ou TVP, tal como vem se apresentando hoje em dia - e explorada de modo um tanto sensacionalista e superficial pela televisão - baseia-se em observações e pesquisas que vêm sendo realizadas já há mais de três décadas. O fenômeno em si não parece ser novidade. Desde o século passado, quando a hipnose foi resgatada, ou melhor, passou a ser respeitada (em parte) pela ciência, a partir dos trabalhos de Jean Charcot e da primeira fase de estudos de Sigmund Freud, e mesmo antes, que se conhecia o fato de pessoas relatarem vivências e lembranças do que se pensava (elas mesmas o diziam) serem fatos de uma vida diferente da atual (Gabriel Delane, Ernesto Bozzano,William James e outros). Em nosso século, pesquisas como as realizadas por Ian Stevenson, com dois livros clássicos: "Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. Proceedings of the American Society for Psychical Reseach, vol. 26. New York. (Stevenson, 1966), e Where Reincarnation ando Biology Intersect (Stevenson, 1997), David-Neel e por outros pesquisadores reconhecidos na comunidade científica, incluindo o professor Hernani Guimarães Andrade (Andrade, 1987, 1990) e o ex-professor da USP, Lívio Túlio Pincherle (Pincherle et al. 1991), demonstram que histórias envolvendo a hipótese da reencarnação, principalmente envolvendo crianças, são consistentes e foram verificadas com exatidão em inúmeros casos, em diversas culturas (Fadiman & Frager, 1986). Além do mais, em psicoterapia - qualquer que seja a escola -, algumas lembranças vívidas tendem a surgir em determinadas pessoas quando estas se acercam da problemática capital que as afligem, durante o processo da psicoterapia, problema este constelado e imerso no inconsciente, e que dificilmente pode se enquadrar na história biográfica conhecida do cliente/paciente (Pincherle, 1991; Grof, 1988).

Morris Netherton, ao formular, junto com outros psicoterapêutas, as bases da Past Life Therapy, tomou por base a pesquisa da consciência mais recente, bem como dos estudos em neurofisiologia mais atual, como, por exemplo, a da teoria holográfica da mente de Karl Pribam, e mesmo do universo holonômico do físico David Bohm. Também se espelham nos trabalhos fantásticos de teóricos e terapêutas não plenamente cartesianos, como Jung e Assagioli, e de autores como Maslow e Rogers (este, principalmente em sua última fase). Assim, a Terapia de Vida Passada, ou TVP , deve ser considerada uma forma psicoterapêutica enquadrada no universo da Psicologia Transpessoal, sendo tecnicamente orientada para problemas psicológicos específicos do trabalho com o inconsciente profundo, arquivo da memória. No Brasil, as pesquisas em Terapia de Vida Passada é efetuada, em associação com centros de pesquisas internacionais, entre outros, pela Sociedade Brasileira de Terapia de Vida Passada

Portanto, hoje em dia, como vimos, a tese da reencarnação passou da esfera religiosa e filosófica para a área da pesquisa científica. Devemos ficar, pois, atentos ao progresso desta pesquisa, com as conseqüências sem dúvida de grande gravidade que elas poderão trazer à nossa visão de mundo e, conseqëntemente, à forma de como nos comportamos em relação a nós mesmo e a nossos semelhantes. E, como nos falam os Doutores James Fadiman, da Universidade de Stanford, e Robert Frager, do Instituo de Psicologia Transpessoal da Califórnia:


"(...) se há a possibilidade de aceitar o fenômeno, então a possível origem da personalidade e das características físicas pode incluir eventos ou experiências de encarnações anteriores. Tudo o que se pode afirmativamente dizer é que existe uma evidência fatual que não pode ser facilmente descartada" (Fadiman & Frager, 1986, p. 176).
A técnica básica da TVP já é bem conhecida: utiliza-se técnicas de relaxamento profundo - o que pode incluir ou não a hipnose -, possibilitando ao cliente/paciente uma sensação de tranquilidade e confiança necessários ao afrouxamento das defesas psíquicas, o que permite o fluir das correntes de pensamento e das imagens mnemônicas mais profundas, advindas do inconsciente, que estejam ligadas ao problema - ordinariamente um trauma psicológico. Este estado permite ao terapêuta levar o cliente/paciente a níveis de regressão sem limite de tempo, pois, como já o havia dito Freud, tempo e espaço são conceitos que não fazem sentido para o inconsciente, que, na psicanálise ortodoxa, se assemelha a um grande porão onde são lançados idéias, imagens e emoções esquecidas e/ou reprimidas.

Agora, passemos propriamente à questão da Parapsicologia propriamente dita.

A partir da Metapsíquica elaborada pelo fisiologista Charles Richet para estudar os fenômenos espíritas (que, aliás, Richet, mesmo tendendo a uma explicação fisio-fisicista, reconhecia as contribuições dos teóricos espíritas, como o do astrônomo Camille Flammarion e o do filósofo Gabriel Delanne, tendo, diante da perfeita dialética do discurso de Ernesto Bozzano, finalmente aceito a validade das teses espiritualistas), que estes fenômenos foram estudados com regular rigor e método, em especial, pelos físicos William Crooks, Oliver Lodge, por William Henry Myers, fundador da British Society for Psychical Research, e por tantos outros.

A metapisíquica, porém, não tinha uma sistematização rígida ao ponto de ser reconhecida como passível de ser enquadrada dentro dos critérios da metodologia científica convencional, em especial pelos norte-americanos. Ela só atingiu este patamaar quando foi retomada por J. B. Rhine, em sua firme convicção de que a ciência não deve ter limites, aliada ao seu interesse por alguns fenômenos inexplicáveis, fundou o primeiro laboratório univiversitário na Duke University, em 1927, e criou o Instituto de Parapsicologia, estabelecendo linhas de pesquisas rígidas, científicas, com controles rigorosos na investigação de áreas como clarividência, premonição e telepatia (ver, de Hernani Guimarães Andrade, o livro Parapsicologia Experimental, 1977, Editora Boa Nova). Rhine demonstrou a ocorrência estatisticamente significativas destas ocorrências "paranormais", estabelecendo de forma concreta uma junção entre fenômenos simples paranormais e a matemática, e deu início ao reconhecimento da Parapsicologia, que tem, no Brasil, os nomes ilustres já referidos, e que Quevedo e discípulos querem monopolizar e controlar para interesses políticos e religiosos/ideológicos. Embora não se declaresse um espiritualista na acepção tradicional do termo, Rhine assumia que o fator Psi tinha aspectos bastante próximos daquilo que se chama Espírito. Várias são as pesquisas internacionais que demonstram a validade dos fenômenos, e até mesmo Quevedo admite a existências destes, desde que descartadas a intervenção de espíritos.

Bem, mas o "parapsicólogo" jesuíta, parece-nos, não contava com o desenvolvimento de um nova área na Psicologia, chamada de Psicologia Transpessoal, que aprofunda, a nível da Psicologia e Psiquiatria, a possibilidade da exitência dos espíritos (ver os livros de Stanislav Grof, famosíssimo psicoterapeuta e teórico; as pesquisas de Elizabeth Kübler-Roos, Karlis Osis e de Raymond Moody, e outros), e muito menos que gente da própria Igreja se dedique a confirmá-los através do estudo em transcomunicação, como o faz o Padre francês Fraçois Brune.

Digno de nota, ademais, são os comentários de estudiosos do Psi não espíritas, mas que, não obstante, reconhecem que foi devido ao espiritismo do século XIX que se deu os primeiros passos na pesquisa séria que daria, no final, nascimento à própria disciplina da Parapsicologia. Vejamos o que nos diz, a este respeito, o professor Nelson Valente, um declarado não-espírita e em cujo livro - do qual extráio o seguinte comentário - é visível o esforço de postular unicamente a ação do inconsciente para abstrair a do espírito nos fenômenos ditos paranormais:

"Graças ao Espiritismo tivemos no passado uma Metapsíquica e temos atualmente uma Parapsicologia cheia de dinamismo que, junto com a Psicanálise, deram a possibilidade de melhor conhecermos a personalidade humana; graças ao Espiritismo, à Metapsíquica e à Parapsicologia, pode ser descoberto p mundo novo da Persepção Extra-Sensorial (...) cujo fator extrafísico e imaterial está levando novamente a Psicologia (ex. Psicologia Transpessoal, Psicossíntese, TVP) aos velhos rumos do mais respeitável espiritualismo; graças ao espiritismo, grandes massas de indivíduos que não toleram o pragmatismo dogmático e a estrutura fossilizante das Igrejas Católicas e Protestantes, conservam, ainda hoje, suas crenças espiritualistas; e graças ao Espiritismo excelentes inteligências do nosso mundo contemporâneo se empolga e se intensificam as pesquisas científicas das teses do espiritualismo, nos meios culturais de alto nível, sendo bem notória, por outro lado, a completa abstenção do Catolicismo e do Protestantismo oficiais nestes setores.

"Seja lícito, portanto, afirmar que se alguma coisa conhecemos hoje, certa ou errada, o devemos exclusivamente ao Espiritismo (...); pois as únicas pesquisas e estudos que se têm feito a esse respeito, iniciaram e muitos casos continuam sendo feitas por elementos espíritas e com material espírita." (VALENTE, 1997, pp. 240-241).

Portanto (oh paradoxo!), se o Sr. Pe. "Caçador de Enigmas" enche a boca para se auto-intitular um dos maiores pesquisadores de Psi do mundo, que reconheça que as raízes de seu trabalho se devem às pesquisas iniciais de Kardec, Flammarion, Richet, Bozzano e outros que se debruçaram sobre o que acontecia com os chamados médiuns em sessões espíritas, o que também despertou o interesse por esta área em cépticos como Jean-Martin Charcot e Pierre Janet. E ainda hoje, é ao estudo dos médiuns que boa parte da pesquisa psi não-espírita e ao mesmo tempo não-católica se dedica. Ver, neste caso, o artigo de Wellington Zangari, da PUC e um não espírita, intitulado "Estudos psicológicos da Mediunidade: uma breve revisão". Mas claro, tal reconhecimento seria demais para uma pessoa que se utiliza claramente da Parapsicologia para um proselitismo extremado.

Além do mais, o Padre "Parapsicólogo" e seus discípulos adotam uma outra postura, para dizer o mínimo, bem pouco científica, pois eles já se adiatam ante os problemas parapsicológicos com a certeza de que não existem as tais entidades chamadas espíritos (na concepção tradicional do termo, ao menos). E o que dá esta certeza a eles? Apenas a crença e a conveniência de que não seja assim, pois nada demonstra a não existência destes. Usam, além disso, de todo um discurso cientificista, calcado na psicopatologia para chamar os médiuns de lunáticos ou esquizofrêncos, caindo no mesmo erro já apontado esplendidamente por Carl Jung, Stanislav Grof, R.D. Laing, Pierre Weil e vários outros psicoterapeutas mais competentes, ou seja, o de se usar de um saber para rotular - e com isso, estigmatizar e marginalizar - certas pessoas, o que desmascara este tipo de discurso como preconceituoso, quando não visivelmente tendencioso, o que já era apontado por William James ainda no século passado e que Michel Foucault tão bem expôs como tática de domínio e manipulação social em seu livro História da Loucura. Vejamos o que a este respeito nos diz um dos maiores pscólogos teóricos vivos da autalidade, Stanislav Grof, que foi chefe de Pesquisa Psiquiátrica no Maryland Psychiatric Research Center e professor de Psiquiatria no John Hopkins University School of Medicine, em seu livro "Além do Cérebro: Nacimento, Morte e Transcendência em Psicoterapia", editora McGraw-Hill, São Paulo, 1988:

"Na psiquiatria tradicional, as inclinações e interesses espirituais têm conotação claramente patológica. Ainda que não seja declarada abertamente, está implícita de algum modo no atual sistema psiquiátrico de pensamento a hipótese de que a saúde mental associa-se ao ateísmo, materialismo e visão do mundo da ciência mecanicista. Assim, as experiências espirituais, as convicções religiosas e o envolvimento em práticas espirituais sustentariam gealmente uma diagnose psicopatológica.

"A situação da psiquiatria ocidental no que diz respeito à saúde e doença mental, diagnose clínica, estratégia geral de tratamento e avaliação dos resultados terapêuticos é um tanto confusa e deixa muito a desejar. Razão e funcionamento mental saudáveis são definidos pela ausência do que é considerado psicopatologia e não há uma descrição positiva de um ser humano normal. Raramente entram nas considerações psiquiátricas fatores qualitativos e conceitos como ativa alegria de viver, capacidade de amar, altruísmo, reverência à vida, criatividade e auto-atualização, que foram objetos de interesse da psicologia humanista. As técnicas psiquiátricas atualmente disponíveis dificilmente chegam à meta terapêutica definida por Freud: 'Trocar o sofrimento excessivo do neurótico pela miséria normal da vida diária adaptada à civilização'. Resultados mais ambiciosos são inconcebíveis sem que se introduam a espiritualidade e a perspectica transpessoal na prática da psicologia e da psicoterapia.

"A atitude da psiquiatria e da psicologia tradicionais, cartesianas, sobre a religião e fenômenos espirituais é determinada pela orientação mecanicista e materialista ainda dominante na ciência ocidental (...) Consequentemente, a psiquiatria recorre à psicanálise, sugerindo que (...) algumas experiências espirituais diretas são grosseiras distorções psicóticas da realidade e indicativas de sério processo patológico ou doença mental. Estre elas encontram-se (...) memórias de encarnações passadas ou encontros com personagens arquetípicos. Até a publicação da pesquisa de Abraham Maslow sobre a tendência auto-atualizante, a psicologia tradicional acadêmica não reconhecia nenhuma outra maneira de interpretar tais fenômenos. As teorias avançadas de Jung e Assagioli, apontando na mesma direção, distanciavam-se muito da corrente principal da psicologia acadêmica para que pudessem, à época, causar um impacto sério.

Em princípio, a ciência mecanicista ocidental tende a ver as experiências espirituais de quaisquer tipos como fenômenos patológicos. A principal corrente ortodoxa da psicanálise, seguindo o exemplo de Freud, interpreta os estados alterados de consciência dos místicos e espiritualistas como regressão a um narcisismo primário e a desamparo infantil (Freud, O Mal-Estar na Civilização) e encara a religião como uma neurose obsessivo-compulsiva (Freud, Obsessive Acts and Religious Practices)(...) Os grandes xamãs das tradições aborígenes foram descritos como esquizofrênicos ou epilépticos e alguns dos mais importantes santos, profetas e mestres religiosos receberam diversos rótulos psiquiátricos (...) Esses critérios psiquiátricos são aplicados sem distinção, rotineiramente, mesmo a grandes mestres das religiões, como Buda, Jseus, Maomé, Sri Ramana Maharish ou Ramakrishna.

"Tudo isso resulta em uma peculiar situação em nossa cultura. Em muitas comunidades existe uma considerável pressão psicológica, social e mesmo política forçando as pessoas a frequentarem igrejas. A Bíblia pode ser encontrada nas gavetas de muitos políticos proeminentes e de outras figuras públicas. Mesmo assim, se um membro de uma congregação típica tiver uma experiência religiosa profunda, seu ministro ou sacerdote possivelmente o encaminhará para tratamento médico com um psiquiatra" (GROF, 1988, pp. 241-243, com adaptações)

Estas palavras de Grof poderiam ser dirigidas já sabemos a quem. Mas, mesmo em meio a algumas das tantas contradições, a equipe do jesuíta espanhol (como espanhóis jesuítas eram os mais agressivos inquisidores da Igreja Católica Romana) se sente particularmente feliz diante das câmeras de televisão, em programas sensacionalistas e nas páginas impressas das revistas populares para passar sua mensagem agressiva e proselitista sem que este outro lado, mais profundo, venha à baila do grande público e lhes arrisquem a fraca posição em que se arvoram.

E para encerrar, uma comparação entre a forma de comunicação do Sr.Pe. "Parapsicólogo" e discípulos com o do Sr. Hernani Guimarães Andrade, diretor do Instituto Brasileiro de Psicobiofísica, em um comparativo em termos de equilíbrio e postura crítica, em entrevista recolhida do site "Consciência Espírita":

"O Reverendo Pe. Oscar Gonzales Quevedo, SJ merece todo o nosso respeito, porquanto ele tem se mostrado de suma fidelidade e obediência aos preceitos da respeitável ordem dos jesuítas a que ele pertence: A Companhia de Jesus. Naturalmente o Espiritismo é visto por ele sob o prisma do jesuitismo: uma heresia. Cabe, portanto, a ele o combate a tal heresia. Não critico as idéias do Reverendo Pe. Oscar G. Quevedo pois ele assumiu essa tarefa por força dos regulamentos da sua ordem. Se ele está certo ou errado a responsabilidade será inteiramente dele e dos que o dirigem.

Quanto ao fato de a TV-Globo apresentar no programa Fantástico o Reverendo Pe. Quevedo, é também uma questão de responsabilidade daquela emissora. Nós os espíritas temos liberdade de aceitar ou não as idéias veiculadas naquele programa, tanto quanto os demais telespectadores. No Brasil há liberdade de crença e opinião, não temos o direito de impingir esta ou aquela crença em quem quer que seja. Isto é objeto do foro íntimo de cada um e o espiritismo não sofrerá nada por isso, pois como já o dissemos, apesar de toda a opinião do mundo oficial daquela época, as idéias de Galileu Galilei continuaram vigentes até hoje e a Terra não parou de girar em torno do sol".

João Pessoa, Paraíba, 19 de janeiro de 2000

Revisto em 19 de dezembro de 2002

Obs.: As fotos contidas nesta Home Page foram retiradas dos livros "Photographs of the Unknowon", de Robert Rickard e Richard Kelly; "Transcomunicação", de Clóvis Nunes e "Os Espíritos Comunicam-se por Gravadores", de Peter Bander

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