Que nossa evolução possa nos livrar da força bruta de tudo poder falar, sem nada conseguir ouvir. Pois este exercício do qual a maioria de nós carece nos revelará horizontes mais amplos para nossos espíritos se perceberem partes de um movimento que a todos contempla, que é o próprio existir.
Texto de Ana Cláudia Laurindo, publicado no Repórter Nordeste
E livrai-nos da violência nossa de cada dia!
Senti desejo de começar uma prece pelo fim, como se a consciência pudesse (quiçá) ser mais tocada pela voz da verdade reconhecida, feito mal ainda encravado em nossa forma de viver. O reconhecimento pessoal da violência que interpretamos como força, razão, sabedoria e poder.
Que nossa evolução possa nos livrar da força bruta de tudo poder falar, sem nada conseguir ouvir. Pois este exercício do qual a maioria de nós carece nos revelará horizontes mais amplos para nossos espíritos se perceberem partes de um movimento que a todos contempla, que é o próprio existir.
Que este dia, com seus ventos e movimentos nos ajude a controlar a violência que distribuímos em nome da razão, e que por isso nos tem convencido sobre a justa postura de assim fazer, sem levar em conta nossos sistemas de crença e suas influências ideológicas calcadas em interesses que não contemplam a todos, e por isso mesmo não podem ser impostos naturalmente, como possamos compreender.
Esta prece nos revele o quanto temos julgado sabedoria apenas aquilo que contempla nossas próprias sensações de completude, segurança e conforto; para que percebamos o quanto isso tem ocorrido em detrimento das carências impostas aos que se encontram no entorno. Sabedoria nos contemple em gestos mais libertadores!
Por fim, para que o petitório não se alongue, seja nossa voz o entoar da esperança despida de pretensões, nos protegendo das violentas conjugações de vozes esticadas, duras em dialogar, para que as pontes não caiam e as margens não nos isolem em certezas, como peões de um jogo infinito de poder.
Sejamos enfim, amorosos em nossas formas de agir a expressar a paciência no jeito de crer.
De nossas bocas não saiam escarpas, e todo pronunciar eleve a razão de libertar, mesmo quando os sacrifícios estejam servidos na mesa das experiências.
A cada dia, no passo a passo entre a luz e a sombra, a consciência nos livre de produzir violências, e assim sejamos mais aproximados da beleza, em forma humano/poética/espiritual.
Amemos! Assim sejamos!
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