Do Instituto Humanitas Unisinos:
O Papa Francisco recebeu virtualmente mais de 2 mil jovens de 40 países para repensar os rumos da economia mundial, mirando em uma forma de organização que supere a lógica da acumulação – o capitalismo. O evento "Economia de Francisco" ocorreu entre 19 e 21 de novembro e reuniu propostas de modelos de relação dos seres humanos com a natureza e com a economia que colocassem em primeiro lugar a vida.
A reportagem é de Juliane Furno, publicada por Brasil de Fato, 26-11-2020.
A economia, em termos globais, tem passado por um conjunto de aceleradas transformações desde a grande crise econômica da década de 1970. De lá para cá há uma sinergia entre baixo crescimento econômico, aumento brutal das desigualdades sociais, da degradação ambiental e a manutenção de um imenso contingente de pessoas desempregadas e subempregadas.
O neoliberalismo não foi capaz de entregar as suas promessas de prosperidade e de redução das desigualdades sociais e regionais. O receituário de redução do tamanho do Estado para as políticas sociais tem levado o padrão de desenvolvimento econômico mundial à hecatombe.
Desastres ambientais; pobreza e subnutrição; aumento exorbitante nos níveis de concentração econômica empresarial e destruição das políticas sociais são apenas alguns exemplos que concorrem para alertar a luz vermelha de alerta: esse modelo está condenado ao fracasso e está condenando toda a humanidade ao seu desígnio destrutivo.
Novas e importantes vozes têm se levando na denúncia desse modelo desigual e predatório da vida e da natureza. O Papa Francisco tem sido um expoente de crítica ao capitalismo controlado pelas finanças que gera um rastro de destruição, miséria e desalento.
O chamado do Papa para o encontro "Economia de Francisco" partiu do diagnóstico de que a juventude precisa cumprir seu papel na história, elaborando novas metodologias, teorias e práticas que construa o presente e o futuro de vida digna a humanidade.
Para os jovens dos movimentos sociais que participaram do encontro, é preciso olhar o presente e o futuro com radicalidade. Reformas pontuais e atitudes individuais – ainda que necessárias – são insuficientes para levar a adiante as transformações necessárias. Reformar o capitalismo demonstrou seus limites históricos e temporais, é necessário pensar um modelo de desenvolvimento que seja pós-capitalista.
Marina Oliveira, uma das representantes dos movimentos sociais e populares brasileiros, afirma que há uma tentativa organizada de "domesticar" o pensamento do Papa e "e prendê-lo nas estreitas margens da administração do sistema econômico que já existe"
"Eles querem propor pequenas reformas, pequenos projetos, pequenas utopias. Sabemos que alguns dos responsáveis dos mais hediondos crimes socioambientais até financiam alguns projetos sociais”, pondera.
Como contribuição ao debate e a prática, a juventude elaborou um documento com bases para pensar um modelo distinto, com propostas concretas que auxiliam na busca por um novo modelo de economia e sociedade.
"Ecologia integral e bens comuns", "Democracia econômica", "Terra, teto e trabalho", "Educação, saúde, comunicação e tecnologia", "Soberania, mobilidade humana e paz", são os cinco grandes eixos sobre os quais formularam os movimentos.
Leia o documento na íntegra:
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