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domingo, 3 de novembro de 2019

É tempo de opor ideias ao vazio beligerante de indivíduos como Donald Trump, Jair Bolsonaro/Paulo Guedes, Boris Johnson, Sebastián Piñera e suas políticas de exclusão. Artigo de Sebastião Nunes




  "Periodicamente emergem em diferentes países, numa súbita eclosão de tumores malignos, movimentos de extrema direita alimentados a ódio e dispostos a queimar tudo nas fogueiras de sua intolerância."

A “Equação de Drake” e a beligerância humana, por Sebastião Nunes




Periodicamente emergem em diferentes países, numa súbita eclosão de tumores malignos, movimentos de extrema direita alimentados a ódio e dispostos a queimar tudo nas fogueiras de sua intolerância.
Contra eles de pouco valem pensamento crítico ou preocupações éticas, já que seu propósito é a guerra ostensiva contra instituições e grupos humanos que contrariem as regras impostas pela elite branca e pelo capital financeiro internacional.
Vivemos um destes momentos.
É tempo, portanto, de combate duro e sem tréguas.
É tempo de opor ideias ao vazio beligerante de indivíduos como Donald Trump, Jair Bolsonaro, Boris Johnson, Sebastián Piñera e suas políticas de exclusão.
Uma das maneiras de fazer isso é repensar a Terra e seu futuro.

VIDAS INTELIGENTES NO UNIVERSO
Desde a década de 1960, o astrônomo Frank Drake, trabalha com a possibilidade da existência de vida inteligente na Via-Láctea.
Um de seus amigos foi Carl Sagan, morto em 1996, outro apaixonado pela dupla questão de saber se existe vida inteligente fora da Terra e se uma civilização avançada tecnologicamente é capaz de sobreviver a seus terríveis brinquedos nucleares e a suas sangrentas birras raciais, religiosas, políticas, geográficas e econômicas.
Se existirem milhares ou milhões de sistemas solares parecidos com o nosso, torna-se bastante provável que a vida tenha surgido e se desenvolvido em pelo menos algumas centenas (ou milhares) de outros planetas. E se a vida surgiu e se desenvolveu, por que até hoje não tivemos conhecimento disso? Será que todas as jovens civilizações se autodestruíram antes do amadurecimento? Será que nenhuma foi além da infância tecnológica, quando aprenderam a capturar, mas não a controlar, as poderosas forças fisico-químicas do átomo?
Drake não é pessimista.
Em 1960 usou pela primeira vez um radiotelescópio na busca de sinais eletromagnéticos que indicassem vida inteligente. No ano seguinte formulou sua equação. Mais tarde foi um dos criadores do Projeto SETI (busca por inteligências extraterrestres, em inglês), ao qual tem se dedicado. No princípio, recebeu ajuda do governo dos Estados Unidos, mas, a partir de 1993 trabalhou às próprias custas, com a ajuda de outros abnegados otimistas, batalhadores incansáveis pela sobrevivência da vida na Terra, a despeito de todos os governos, poderes, armas, guerras e desastradas experiências que costumamos apelidar de progresso. Em 2015, em Londres, uniu-se ao inglês Martin Rees, ao russo Yuri Milner e ao físico Stephen Hawking (morto em 2018), fornecendo em conjunto 100 milhões de dólares para o financiamento, durante 10 anos, de novos estudos do SETI, usando a mais avançada tecnologia existente.

A EQUAÇÃO POSTA NA MESA
A formulação original e seus desdobramentos é a seguinte:
N* x Fp x Fe x Fl x Fi x Fc x L = N, onde
N*, número de estrelas na Via-Láctea;
Fp, percentagem de estrelas com sistemas planetários;
Fe, percentagem de planetas em condições ecológicas semelhantes às da Terra;
Fl, percentagem desses planetas onde a vida possa ter surgido;
Fi, percentagem de planetas com vida onde possa ter surgido a inteligência;
Fc, percentagem de planetas onde a vida inteligente desenvolveu tecnologia;
L, duração da vida no planeta a partir do desenvolvimento tecnológico;
N, número de civilizações capazes de se comunicarem com a Terra.

EXPANDINDO A EQUAÇÃO
Como se vê, não é preciso ser astrônomo, físico ou matemático para entender o problema. Mas é preciso um pouco de conhecimento para chegar a conclusões. Por exemplo, se qualquer dos fatores tender a zero, o resultado final será igualmente zero. Em princípio, não há nada de errado com os quatro primeiros fatores. Da inteligência (Fi) em diante é que a história se complica. Testes elementares de laboratório sugerem que o aparecimento da vida é praticamente instantâneo dadas as condições mínimas necessárias. Também é tacitamente aceito que a vida tende a evoluir para níveis superiores de complexidade. Não fica claro, contudo, se a chamada inteligência faz parte da escalada inexorável em direção ao, digamos assim, sucesso biológico. Pode ser que para a natureza, em seu processo de criação e seleção, sobrevivência e inteligência não sejam sinônimos. O que seria trágico para nós, e para a inteligência.
É importante considerar que a busca se restringe a organismos quimicamente aparentados, dados os termos “condições ecológicas semelhantes às da Terra”. Nada, no entanto, nos obriga a descartar outra hipótese, essa muito mais ampla e promissora, a de que vida inteligente não significa necessariamente vida inteligente igual ou semelhante ou parecida com a nossa.
Pelo contrário, o mais provável é que essa “vida inteligente” seja radicalmente diferente, habitando planetas de conformação inusitada e muito distantes, em suas exigências, da nossa dependência de água, luz solar e atmosfera.
As hipóteses são infinitas. O futuro continua aberto.

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