A luta de cada dia com um pouco de poesia, por Dora Incontri, publicado no GGN
É de manhã e já me cansa
Mais um novo assassinato
De um indígena guardião
E já me fere a esperança
Com esse bárbaro ato
Ensanguentando a nação.
É de tarde e vejo a rede
Com as balbúrdias infames
De milícias no poder…
E já me sufoca a sede
De justiça sem vexames
Que me alivie o viver…
É de noite e vem o vídeo
Do apoplético feroz
Vociferando absurdos…
E já me pica o aracnídeo
Da raiva que não tem voz
Da raiva de tantos surdos…
Sei que toda essa miséria
É antiga, é estrutural,
Está enraizada na terra
Da escravidão deletéria
Do machismo natural
Em uma atávica guerra…
Constitui-nos a violência,
E a sádica dominância
Sobre um povo sem razão.
Na trágica subserviência
À estrangeira ganância
Perdemos sempre a nação…
Levanto-me a cada dia
Buscando a força da luta
E a esperança que não morre…
Que se quebre a hegemonia
Dos que usam força bruta
De quem toda treva escorre…
Levanto-me a cada instante
Para honrar os nossos mortos
Que deram sua vida e morte
Por um mundo de decência
Pra que a luz da consciência
Brilhasse sempre mais forte.
Levanto-me e fico em pé
Vou semeando o que posso
Vou acolhendo quem vem…
Quem luta não perde a fé
Lutemos pelo que é nosso:
A paz, a verdade e o bem!
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