Jornalista italiano e operador de redes internacionais para a defesa dos direitos humanos na América Latina, Cristiano Morsolin, comenta o governo de Jair Bolsonaro
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil
do Instituto Humanitas Unisinos – IHU On-line
Fracassou o ‘contra-sínodo’ sobre a Amazônia, programado em Roma por Bolsonaro
Bolsonaro faz cruzada contra a “agenda da esquerda” da Igreja Católica, junto a Duque, Salvini, Bannon.
O comentário é de Cristiano Morsolin, jornalista italiano e operador de redes internacionais para a defesa dos direitos humanos na América Latina. Co-fundador do OBSERVATÓRIO SELVAS de Milão (Itália), trabalhou na campanha da Conferência Episcopal Italiana “Jubileu 2000” sobre dívida externa, e é colaborador internacional das agências ALAI (Equador), SIR (Vaticano), CIPSI (Roma), Vita (Milão). Autor de vários livros, sendo o mais recente “Cambio civilizatorio y nuevos liderazgos sociales” Ed. Antropos, Bogotá, marzo 2019 – Prologo del Cardenal Turkson. Atualmente, colabora com dom Joaquim Pinzon, bispo de Puerto Leguizamo (Amazônia Colombiana) no caminho para o Sínodo para a Amazônia. O artigo é publicado por EcoDebate, 18-09-2019.
Eis o artigo.
O Governo de Jair Bolsonaro tem a preocupação de que o Sínodo sobre Amazônia se torne mais um palco para críticas ao País na questão ambiental. O receio do Palácio do Planalto é de que o encontro de bispos não se limite a questões religiosas, discutindo também temas relacionados a políticas públicas dos países amazônicos.
Um dois principais organizadores do Sínodo da Amazônia, o cardeal do Peru, Mons. Pedro Barreto, disse que o Presidente Bolsonaro nega a “visão comunitária” ao recusar ajuda internacional a fim de debelar incêndios na Amazônia.
A pergunta principal desta matéria é investigar como é o diálogo dos governos da região amazônica com a Igreja Católica sobre o sínodo sobre a Amazônia.
“Na verdade, não temos este diálogo com os presidentes, porque a Igreja não é vinculante. É um sínodo que, por sua natureza específica, mostrará temas que devem ser estudados. É diferente do que vemos hoje, uma realidade concreta que evidencia todas as implicações políticas e econômicas sobre a Amazônia. É uma alegria ver o presidente da França, (Emmanuel) Macron, levantando a voz pelo cuidado com a Amazônia. Mas, por outro lado, também escutamos Bolsonaro. Os políticos e os economistas estão preocupados”, declarou o cardeal Pedro Barreto a “O Globo”.
Indagado se os discursos de Bolsonaro sobre permitir mineração em terra indígena e não demarcar mais nenhuma terra indígena em seu governo colaboram para incentivar a destruição da Amazônia, o cardeal Barreto concordou e disse que empresários que defendem essa posição têm interesses mesquinhos na entrevista com Folha de São Paulo, 28.8.2019 (1). “É uma atitude, me parece, muito intransigente. É ver a Amazônia como propriedade que pode fazer com ela o que melhor me pareça”. “Indiretamente, a posição do presidente Bolsonaro está indicando algo como “a Igreja não se meta em território que não lhe pertence”. Esta é a visão que tememos, não e oficial. Mas aqui temos que dizer com clareza que a Igreja Católica é universal, não tem fronteiras. As fronteiras quem criou foram os homens. A força da missão evangelizadora da Igreja é convocar a todos, se excluir minguem”, disse o cardeal Barreto.
“Eu me alegro com esse comentário de Bolsonaro sobre o Sínodo porque está ratificando o despertar mundial tanto de políticos como de organizações do mundo todo, “agora os filhos da luz são mais astutos de que os filhos das trevas”. Eles estão levantando sua voz e estão expressando sua indignação que há hoje pelo maltrato da natureza, que é um dom de Deus para todos, não para um grupo de privilegiados. Os recursos naturais que Deus pôs no mundo são para todos, não para alguns que se sentem donos, de alguma maneira, por séculos. Ou nos salvamos todos, ou perecemos todos”, disse Barreto.
Barreto contou que em junho (11.6.2019) foi convidado pela Secretaria de Estado do Vaticano para falar com embaixadores dos 9 países amazônicos; o Brasil enviou um representante, não um embaixador. “Ali eu expliquei o que o é a REPAM e disse que não se assustem. Porque a Igreja não é contra a identidade de cada pais. Porque os países que formam a Amazônia, como bioma. A Santa Sé, Secretariado de Estado que tem relação como os países, convocou essa reunião para dissipar as preocupações”. (…) ”Vai chegar um momento em que a população mundial vai dizer: “Você não é dono da Amazônia”. Você (Bolsonaro) não pode desmatar toda Amazônia porque nos afeta a todos”.
Barreto rebateu eventuais críticas à Igreja Católica citando o trabalho missionário na Amazônia: “A Igreja Católica está presente na Amazônia e não vai sair quando se encherem suas malas. A Igreja fica e ficará até o final na Amazônia. Onde estão aqueles seringueiros que afetaram as comunidades indígenas no Peru, na Colômbia, no Equador? Onde estão os empresários que fizeram uma destruição na natureza e destruíram milhares de vidas indígenas? A Igreja continua aí, com suas luzes e com suas sombras, temos que reconhecer”, declarou o cardeal Pedro Barreto que no início de setembro encontrou o diretivo do CELAM em Bogotá.
Protagonismo do Cardeal Hummes
O Vaticano vetou a participação de políticos com mandato entre os participantes do Sínodo, negando o pedido do governo brasileiro, principal interessado nas discussões, uma vez que a maior parte do território amazônico pertence ao Brasil.
Numa entrevista ao jornal Estadão, Dom Cláudio Hummes, falando sobre as polêmicas entre o Sínodo da Amazônia e o governo, disse que: “Foi na campanha eleitoral que começou tudo isso. O governo, que se diz de direita, considera a Igreja de esquerda. Mas a Igreja não é partido político. Não é de esquerda. Não aceita essa qualificação, essa etiqueta. A Igreja é para todos”. E, mais adiante: “Esse governo apresentou uma questão sobretudo de soberania nacional. Mas todos sabemos que o Sínodo é da Igreja e para a Igreja. Não é para políticos, militares e outros”.
Órgãos ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB – como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) – não economizaram ataques, que continuaram após a eleição e a posse de Bolsonaro na Presidência.
A Pastoral Carcerária, por exemplo, distribuiu nota em que critica o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Durante a campanha, a Pastoral da Terra divulgou relato do bispo André de Witte, da Bahia, que apontou Bolsonaro como um “perigo real”. As redes de apoio a Bolsonaro contra-atacaram espalhando na internet a bravata de que o papa Francisco era “comunista”.
Como resultado, Bolsonaro desistiu de vez da CNBB e investiu incessantemente no apoio dos evangélicos. A princípio, ele queria que o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PR-ES) fosse seu candidato a vice. Eleito, nomeou a pastora Damares Alves, assessora de Malta, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Histórico
A relação tensa entre militares e Igreja Católica começou ainda em 1964 e se manteve mesmo nos governos de “distensão” dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo, último presidente do ciclo da ditadura. A CNBB manteve relações amistosas com governos democráticos, mas foi classificada pela gestão Fernando Henrique Cardoso como um braço do PT. A entidade criticou a política agrária do governo FHC e a decisão dos tucanos de acabar com o ensino religioso nas escolas públicas.
O governo do ex-presidente Lula – que era próximo de dom Cláudio Hummes, ex-cardeal de São Paulo – foi surpreendido, em 2005, pela greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio. O religioso se opôs à transposição do Rio São Francisco. Já com a chegada de Dilma Rousseff, a relação entre a CNBB e o PT sofreu abalos. A entidade fez uma série de eventos para criticar a presidente, especialmente por questões como aborto e reforma agrária. A CNBB, porém, se opôs ao golpe do impeachment, alegando que “enfraqueceria” as instituições.
Espiões nas reuniões preparatórias
O ministro Heleno afirmou que já existe uma “preocupação” do Planalto com as reuniões e os encontros preparatórios do Sínodo sobre a Amazônia, que ocorrem nos Estados. “Há muito tempo existe influência da Igreja e ONGs na floresta”, disse o ministro Augusto Heleno.
O temor do executivo brasileiro é tal que o governo chegou a formular um pedido de participação nos debates do sínodo ao qual o cardeal Cláudio Hummes, bispo emérito de São Paulo, lutador da teologia da liberação e muito próximo ao Papa Francisco, colocou um ponto final de não acolhida da demanda. “Sugeri que o governo acionasse a Embaixada do Brasil na Santa Sé, pois se trata de uma questão diplomática”, indicou o prelado ao jornal.
O jornal O Estado de São Paulo também afirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) procurava, por intermédio de e do envio de agentes de seus serviços, observar as reuniões preparatórias do Sínodo, especialmente nas paróquias de Manaus (Amazonas), Belém e Marabá (Pará) e Boa Vista (Roraima), no coração da Amazônia brasileira. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desmentiu a informação em um comunicado (2).
O Sínodo está levantando muitas controvérsias
A Assembleia Sinodal começa em 6 de outubro; será o ponto focal de um longo processo que deverá continuar nos anos seguintes, aplicando nos diferentes contextos da Pan-amazônia (Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Colômbia, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil) as decisões do discernimento realizado.
“Surpreende o fato de que as principais críticas venham de membros da Igreja que conhecem muito pouco a Amazônia. Parece que a preocupação não seja tanto com a vida das pessoas nesta região, sua caminhada de fé, seu direito à Eucaristia e à participação cristã: parece que o Sínodo seja outra ocasião para consolidar a controvérsia de alguns setores da hierarquia eclesial contra o magistério do Papa Francisco” escreve o Pe. Dário Bossi, Provincial dos Missionários Combonianos no Brasil, membro da Rede de Igrejas e Mineração e Assessor da REPAM-Brasil.
Mas o Sínodo não busca apenas “novos caminhos para a Igreja”: também se preocupa com a ecologia integral, no grave contexto de emergência climática e de devastação da Amazônia.
O texto-base para os diálogos no Sínodo, chamado de “Instrumento de Trabalho”, conseguiu sintetizar com fidelidade e coragem o grito de dor e denúncia dos povos e comunidades que se sentem cada vez mais afetados e ameaçados por um modelo de desenvolvimento predatório.
Preocupado com essa posição profética da Igreja, que se faz voz das vítimas, o governo brasileiro já levantou sua voz algumas vezes. Os militares comentaram que “as coisas se misturam e o Sínodo escapou para questões ambientais e também tem o viés político”.
Os bispos, por sua vez, recordam a história da Igreja na Amazônia: “Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados”, conclui o Pe. Bossi.
Igreja não é braço do PT
Liderança do PT com maior ligação com a Igreja Católica, o ex-ministro Gilberto Carvalho disse que a decisão do governo Jair Bolsonaro de monitorar os bispos que vão participar do Sínodo da Amazônia, em outubro, em Roma, expõe o Brasil ao “ridículo internacional”. Segundo ele, é errado supor que a Igreja é um “braço do PT”, como pretendem setores do governo. Para Carvalho, ao mirar nos bispos, o governo, que tem forte influência evangélica, estimula a divisão religiosa no Brasil e tenta encobrir os problemas ocorridos no início da administração Bolsonaro. “Como brasileiro, fico envergonhado”, disse Carvalho.
“O Sínodo é uma iniciativa da Santa Sé que articula bispos de toda a Amazônia que vai muito além do Brasil. Tem o Peru, Colômbia, Venezuela, Equador”, concluiu o ex-ministro.
Dizendo esperar que os militares “com bom senso” revejam o que ele chama de “tentativa de criar um Estado policialesco”, Carvalho considera perigosa a ofensiva do governo amparado por evangélicos contra a Igreja Católica.
“Uma notícia dessas ridiculariza o Brasil, além de mostrar a pretensão de criar um Estado policialesco. Ao mesmo tempo põe lenha na fogueira dessa guerra religiosa que eles tentam criar no Brasil. É perigoso separar católicos de evangélicos. Este governo tem um setor evangélico com muito peso e isso é ruim para a laicidade do Estado, para a liberdade religiosa”, afirmou. Carvalho negou que a Igreja seja “um braço do PT”.
Ele lembra que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) jamais emitiu uma nota oficial em defesa dos governos do PT e que organismos ligados à Igreja como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) tiveram postura crítica aos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de lembrar o episódio envolvendo o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que fez greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco na gestão Lula.
“Majoritariamente, a Igreja Católica nunca teve ligação com o PT. De jeito nenhum. Sempre foram minoritários os setores da Igreja que tiveram uma ligação mais forte com o PT. Há uma área ligada às comunidades de base que tem pontos de convergência com o partido. Tem gente que foi despertada para a militância a partir de Igreja, mas parceria nunca houve”, disse Carvalho.
“Também nunca houve um documento da CNBB que tenha elogiado os governos do PT. O que houve foram conflitos como a questão do dom Cappio. O Cimi o tempo todo teve uma postura crítica contra o governo Lula. O mesmo Cimi que está criticando o governo Bolsonaro agora.”
Segundo ele, o governo tenta criar uma cortina de fumaça para os problemas ocorridos desde a posse de Bolsonaro.
“Este anúncio de monitoramento obedece a uma tática canhestra de o tempo todo encontrar inimigos, de forma conspirativa. Até para encobrir os problemas que eles têm neste tempo de governo”, afirmou o petista Gilberto Carvalho (3).
Militares e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Embora defenda valores tradicionais em temas como casamento, sexualidade e família, a Igreja Católica, no Brasil, se distanciou há muito tempo de visões consideradas “de direita” em temas como reforma agrária e povos indígenas.
Na tese de doutorado “Amazônia: pensamento e presença militar“, a cientista política Adriana Aparecido Marques, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que os militares começaram a se estranhar com a Igreja Católica após a criação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972.
Até então, segundo a professora, militares e religiosos trabalhavam em conjunto para “integrar” indígenas à sociedade brasileira, fazendo com que abandonassem sua cultura e incorporassem a língua portuguesa e a fé cristã.
As Forças Armadas consideravam o Catolicismo uma religião “nacional” ao passo que desconfiavam de Igrejas evangélicas, vistas como agentes de nações estrangeiras.
Os militares contavam com os missionários católicos para impedir que indígenas na Amazônia deixassem o território brasileiro rumo a países vizinhos, onde missões protestantes vinham oferecendo assistência médica e educacional às comunidades nativas.
A criação do Cimi bagunçou essa lógica. A organização surgiu com o pretexto de preservar a cultura indígena, e não mais catequizar. Padres e missionários católicos passaram a apoiar indígenas em seus pleitos para a demarcação de terras e a expulsão de invasores.
Dois dos principais expoentes do movimento são os bispos eméritos Erwin Krautler, da prelazia do Xingu (PA), e Pedro Casaldáliga, da prelazia de São Félix (MT).
Hoje o órgão diz atuar junto a mais de 180 povos indígenas brasileiros, respeitando o protagonismo dos grupos e “dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural”.
A nova postura incomodou militares, que sempre se opuseram à existência do que consideram “enclaves étnicos” dentro do Brasil, temendo a criação de Estados autônomos em áreas indígenas.
O advento do Cimi também gerou atritos entre a Igreja e representantes políticos de grandes fazendeiros – animosidade que persiste até hoje.
Outro fator que afastou a Igreja Católica de parte da direita brasileira foi a difusão da Teologia da Libertação, movimento católico que interpreta a fé cristã à luz de problemas sociais como a pobreza e a desigualdade.
A partir dos anos 1970, o movimento participou da disseminação no Brasil das Comunidades Eclesiais de Base. Esses grupos influenciaram o surgimento de movimentos sociais e partidos políticos que se opunham à ditadura militar, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido dos Trabalhadores (PT), analisou a BBC de Londres (4).
A ideia de declarar a Amazônia um “território supranacional” parece ter pelo menos um apoio tácito do Vaticano.
Com efeito, o chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, Dom Marcelo Sánchez Sorondo, recebeu em 2017 no Vaticano o líder ecologista Martin von Hildebrand, arquiteto do projeto “Corredor Anaconda” ou “Corredor AAA”, que criaria um enorme corredor ao longo da bacia do rio Amazonas, desde o Atlântico até os Andes, afastando-o da soberania dos países locais e colocando-o sob o controle da ONU. Neste imenso território, o poder político e administrativo seria dado às comunidades indígenas locais, que por sua vez são controladas pela Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coordenadora das Organizações Indígenas da Cuenca Amazônica), uma organização da esquerda indígena.
Ainda mais preocupantes são as potenciais implicações teológicas e eclesiológicas do Sínodo Pan-Amazônico. De fato, a chamada “corrente indígena”, que procura derrubar o trabalho de evangelização realizado pela Igreja ao longo dos séculos, está se tornando cada vez mais dominante. “Antes levamos uma mensagem aos índios para se tornarem como nós”, explica o cardeal peruano Pedro Barreto. “Agora percebemos que somos nós que temos que aprender com eles. Eles não são os únicos a serem convertidos, mas nós. Precisamos aprender com as comunidades indígenas para viver em harmonia com todos, devemos aprender com eles para viver em harmonia com o transcendental”. O cardeal Barreto é vice-presidente da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica). Não é de surpreender, portanto, que o movimento da Teologia daLibertação, sempre em busca de oportunidades potencialmente revolucionárias, tenha surgido em massa em favor do Sínodo Pan-Amazônico. Muitos escritos recentes sobre a “teologia indígena da libertação” colocam os índios da Amazônia como os “novos proletários que devem derrubar a ordem estabelecida”, de acordo as criticas da Igreja conservadora (5).
Conclusão
Segundo o jornal The Guardian, Steve Bannon declarou ao (ex) ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que o Papa Francisco “é o inimigo” e deve ser atacado. O ex-estrategista chefe de Donald Trump, mentor do bolsonarismo, aconselhou o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, a atacar o Papa Francisco sobre a questão da migração, segundo fontes próximas à extrema direita italiana. “Bannon aconselhou o próprio Salvini que o papa atual é uma espécie de inimigo. Ele sugeriu, com certeza, atacar frontalmente”, disse o jornal inglês The Guardian, citando declaração de um representante Liga Anti-imigração da Itália.
The Guardian (6) resgatou uma reunião entre Steve Bannon e Matteo Salvini em 2016, em Washington. Depois disso, Salvini começou a atacar mais duramente o Papa Francisco, mas agora já não é ministro da República da Itália.
Então fracassou o “contra-sínodo” sobre a Amazônia, programado em Roma pelo Bolsonaro, junto a Duque, Salvini, Bannon.
É uma nova vitória do Papa Francisco, da “diplomacia da paz” do Vaticano frente à aliança internacional conservadora populista. Cláudio Hummes – o relator do Sínodo da Amazônia – denunciou o risco que a democracia corre por causa de “poderes muito autoritários” e “desejos de autoritarismo cada vez maior” na “condução da nossa política”.
Em junho (11.6.2019) a Secretaria de Estado do Vaticano convidou para falar com embaixadores dos 9 países amazônicos; Mons. Pietro Parolin declarou: “é um sinodo pastoral. A Santa Sé reitera seu caráter eclesial, mas isso não significa que vamos ignorar a realidade concreta, os problemas experimentados pelos povos na Amazônia e também a questão quea Amazônia é um bem da humanidade, temos que preservá-la”.
Notas:
Por que a Floresta Amazônica pode se tornar foco de crise entre Bolsonaro e a Igreja Católica. André Shalders e João Fellet Da BBC News Brasil em São Paulo.
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