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terça-feira, 25 de junho de 2019

Vamos refletir sobre o que a Vaza Jato e o filme Democracia em Vertigem têm em comum?, por Eduardo Ramos


E assistimos dia após dia o que a nós pareceu SEMPRE, um filme de terror, de tão destoante da VERDADE, de tudo o que aprendemos a conhecer como justo, digno, civilizatório.


Publicado no Jornal GGN:



O que a Vaza Jato e o filme Democracia em Vertigem têm em comum?

por Eduardo Ramos

Ambos são uma explosão redentora da Verdade!
Como me atrevo a falar de um filme que ainda não vi?
Ah, sei que é necessário e assistirei em breve. Mas diante de tantos relatos pungentes e testemunhais do que o filme causou (impactante, estarrecedor, doloroso, são termos que resumem essas resenhas tão humanas…) nos tantos amigos que sobre ele escreveram, já sei exatamente o que vou encontrar – e tudo me remete à mesma essência do que sentimos ao ver um novo vazamento das falas e ações sórdidas de Moro e Deltan em seu crime continuado contra o Brasil, sua democracia e soberania – trata-se de um mergulho sofrido mas libertador nas entranhas das verdades semi-ocultas desse tempo sombrio.
Refletindo um pouco sobre a importância da verdade na existência humana, faço primeiro uma advertência: os dois conceitos famosos que trago ao texto, apesar de sua origem no cristianismo, aqui, nada têm de religiosos. O mais empedernido dos ateus neles encontraria beleza e sentido, por se tratarem de conceitos universais.
O primeiro deles, “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”
Que, de tão perfeito em sua essência, nos lembra essa fonte única de libertação mental, psíquica, existencial – a lucidez, a cognição com a realidade, ou “a verdade”.
O segundo, uma das mais magníficas sentenças sobre o poder da verdade, escrito há dois mil anos pelo apóstolo Paulo:
“Porque nada podemos contra verdade, senão a favor da própria verdade.”
Uma das fontes de nosso desespero constante nos últimos anos é sem dúvida o fato de estarmos vivendo em um país que se tornou, quase que em sua totalidade, uma FARSA ABSOLUTA, sentimo-nos como que presentes não no mundo real, onde as coisas seguem uma certa lógica aceitável à razão, esse chão basilar nos foi retirado de modo selvagem: a vida passou a ser algo semelhante a um “MUNDO-MATRIX”, onde o discurso oficial, o discurso midiático e o discurso do nosso cotidiano (amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos…) sistematicamente FERIAM A VERDADE DE MORTE, de tão nonsenses esses discursos paralelos, no fundo, convergindo para um único discurso, monocórdico e com “ares de absoluto” – basta nos lembrarmos das expressões corporais, os olhares de compaixão ou perplexidade (às vezes irritação ou raiva…), quando ousávamos confrontar esse discurso do “mundo-matrix”.
“Como assim, Lula não é o chefe de uma quadrilha?”
“Como assim, Dilma é inocente?”
“Como assim, a Lava Jato é uma farsa levada adiante por motivos políticos e sórdidos?”
“Como assim, Moro é um psicopata injusto e perverso, massacrando Lula injustamente?”
E só faltavam nos perguntar “que droga estávamos usando” para pensarmos/falarmos “tantas asneiras absurdas”…
E assistimos dia após dia o que a nós pareceu SEMPRE, um filme de terror, de tão destoante da VERDADE, de tudo o que aprendemos a conhecer como justo, digno, civilizatório. Quantas vezes não ouvimos de um amigo: “Isso parece um pesadelo, de tão tenebroso…”?
E eles, o que muitas vezes parecia ser “o mundo todo à nossa volta”, insistindo, o(s) mesmo(s) discurso(s), as mesmas ladainhas, os mesmos mantras, os mesmos heróis… – agora, inacreditavelmente, acrescendo à sua galeria, um demente-selvagem colocado na presidência da República, enquanto Lula seguia massacrado e perseguido na cadeia… – Se alguém lúcido pôde atravessar tudo isso sem momentos de desespero, “normal” não é…
Indo finalmente à premissa dessa reflexão, penso que a “graça” que estamos finalmente recebendo nos últimos dias, é isso a que chamo de “redenção que vem pela Verdade!” – Não éramos nós oa loucos, afinal! Não éramos nós “esquerdopatas fanáticos com bandidos de estimação” (sic….). Não éramos nós os que não enxergávamos a realidade, o horror, os pântanos fétidos em que uma sociedade rasa, ignara, obscurecida, tornada num trágico rebanho tosco e fanático, nos atirou a todos… Glenn Greenwald e Petra Costa, o primeiro, com FATOS JORNALÍSTICOS, a segunda, COM UMA OBRA DE ARTE PUNGENTE E VERDADEIRA, nos trouxeram a esse lugar de “remissão de nós mesmos” – um lugar do qual podemos gritar aliviados, “que os loucos eram eles”…
Ambos os eventos – o jornalístico e o artístico – não trazem novidade alguma, eis o paradoxo! Mas sintetizam e ao mesmo tempo trazem detalhes, minúcias, recordações e certezas que, alinhavados finalmente EM UM DISCURSO VERDADEIRO, nos comovem, nos lembram “de que lado da História queremos estar”, nos “resgatam para nós mesmos” e ao nosso desejo de luta e resistência.
Parafraseando uma frase já famosa do filme, eu diria que, “Após as revelações de Glenn Greenwald e Petra Costa, nós jamais seremos os mesmos.”
E nem o Brasil, eis a nossa luta!

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