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terça-feira, 21 de maio de 2019

Ricardo Kotscho: Bolsonaro vira pó e, no desespero, parte para o confronto dia 26. O que virá depois dele?


   "Com a base parlamentar esfacelada, depois de perder o apoio no mercado e na mídia, o capitão reformado resolveu partir para o confronto com as instituições e o povo que saiu às ruas na semana passada."

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A leitura dos jornais e portais desta segunda-feira, além de uma rápida olhada nas redes sociais, deixa claro que o governo Jair Bolsonaro é finito. Virou pó.

Com a base parlamentar esfacelada, depois de perder o apoio no mercado e na mídia, o capitão reformado resolveu partir para o confronto com as instituições e o povo que saiu às ruas na semana passada.

No desespero, publica seguidas mensagens para insuflar seus seguidores contra o Congresso e o Supremo no ato marcado para o próximo domingo pelas milícias do zap-zap.

Me lembra muito o que Fernando Collor fez em 1992, pouco antes de ser impichado, ao convocar a população para ir às ruas de verde amarelo em defesa do seu governo.

O povo saiu às ruas, mas vestido de preto, contra o seu governo.

É imprevisível o que poderá acontecer domingo, mas uma coisa é certa: Bolsonaro já perdeu as condições mínimas para continuar à frente do governo.

O que Bolsonaro está buscando é a anarquia de que falava o general Mourão na campanha, ao justificar a possibilidade de um autogolpe.

Se os “protestos a favor”, algo como um carnaval fora de época, forem um fracasso, será a pá de cal no governo.

Afinal, quem costuma protestar é a oposição. Governo serve para governar.

Se as manifestações pró-Bolsonaro e contra o Judiciário e o Legislativo forem um grande sucesso, mobilizarão ainda mais os que são contra o governo, com novos protestos já marcados e uma greve geral anunciada para 14 de junho.

O cenário ficará ainda mais radicalizado nas ruas e no parlamento, com o país dividido ao meio e a economia afundando cada vez mais.

Bolsonaro não deve se esquecer que seus seguidores mais fieis nunca passaram de 20% nas pesquisas quando Lula ainda era candidato e tinha o dobro de intenções de votos, antes da facada de Juiz de Fora.

Num eleitorado total de 140 milhões aptos a votar, ele teve pouco mais de um terço dos votos (57 milhões).

Nem todos os que votaram nele, no entanto, concordam com suas políticas para liberar as armas, destruir o meio ambiente e os direitos sociais, rifar a soberania nacional e fazer do Brasil uma servil colonia americana.

Ao criminalizar toda a classe política e os partidos, ficou isolado no Palácio do Planalto com seus três filhos, porque até a tropa de generais de pijama à sua volta está agora observando um obsequioso silêncio.

Sem ter até agora apresentado um programa de governo ou qualquer política pública para pelo menos minorar o drama do desemprego, que não para de crescer, o que ainda se pode esperar de Bolsonaro?

O que se discute agora é como se dará o desenlace, preservando as instituições e a democracia.

Perto dele, o vice general Mourão já é apresentado como uma opção mais razoável.

E tem gente achando que seria melhor os dois pedirem logo o boné ou serem convidados a sair para Rodrigo Maia assumir e convocar novas eleições.

Sonhar, não custa nada, mas seria a melhor forma de unir novamente o país. Só não dá para continuar tudo como está. O Brasil não aguenta mais.

Se um novo impeachment seria traumático, muito pior é corrermos o risco de um novo golpe militar.

Convocar a população para sair às ruas em apoio ao governo Bolsonaro, a essa altura, é mais do que um tiro no pé. Pode ser um tiro na testa.

Vida que segue.

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