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sábado, 16 de fevereiro de 2019

A Lava Jato da Educação inaugura o estado policial, por Luis Nassif




Com a operação, desvia-se o foco do abandono das políticas educacionais e volta-se a usar o álibi fácil da luta anticorrupção
A estratégia é obvia, a partir do uso da marca Lava Jato
O anúncio da Lava Jato na Educação é a inauguração oficial do estado policial no país. Não há fato definido, não há crime relatado. A própria denominação é o indício mais evidente de que haverá uma movimentação política na área.
A estratégia é óbvia.
Nos anos de governo PT, os dois setores mais beneficiados foram as empreiteiras, devido à volta das grandes obras, e a educação, devido às políticas implementadas, desde a expansão das universidades federais ao estímulo ao setor privado através do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
Em relação às universidades federais, a fórmula já foi dada no caso da Universidade Federal de Santa Catarina.
A CGU (Controladoria Geral da União) identifica qualquer irregularidade. Com base nisso, a Polícia Federal consegue autorização para condução coercitiva com humilhação pública das pessoas envolvidas. Nem será necessário identificar dolo ou crime. Basta um juiz e um procurador politicamente alinhados. Até hoje não se sabe qual o crime cometido pelo reitor da UFSC, levado ao suicídio.
Em relação aos grupos privados, a fórmula também é óbvia:
  1. Todos os grandes grupos educacionais foram beneficiados pelo FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
  2. Basta identificar algum tipo de contribuição ao PT para – dentro do padrão Lava Jato – estabelecer a ligação, sem a menor preocupação em identificar o chamado ato de ofício – isto é, a comprovação fática da ligação entre a contribuição e um ato de corrupção. Pouco importará se o grupo contribuiu para vários partidos.
Como são grandes sociedades anônimas, qualquer movimento afetará o preço das ações no mercado.
Sendo efetiva ou não, a mera ameaça já funcionará como fator de inibição de qualquer crítica das universidades ao Ministro da Educação Ricardo Veléz, ou da Justiça, Sérgio Moro. Aliás, vem da área acadêmica as maiores críticas ao tal projeto de lei anticrime e ao amadorismo da nova equipe do MEC.
Não foi por outro motivo que a Universidade Federal Fluminense montou um grupo de estudos para sugerir parcerias com as Forças Armadas.
Com a operação, desvia-se o foco do abandono das políticas educacionais e volta-se a usar o álibi fácil da luta anticorrupção.

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