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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

livrai-nos, Senhor, desta Vale de lama!, por romério rômulo



livrai-nos, Senhor, desta Vale de lama!, por romério rômulo



1.
quando eu nasci
ninguém me viu.
eu era uma tropa sem rumo
um mar de lama no São Francisco.
2.
a tragédia é a Vale
e seus donos do ouro
e da praga
seus donos do dólar
e da morte
sua semântica crua
de destruição e engodo.
quantos infernos saem
desta boca agourenta
de malandros mundiais?
3.
dura terra que me come
com umas valas de ferro
a fazer meu caminho:
sobra o direito da morte
onde a vida sempre falta.
4.
as carnes não deixarão rastros
e o ferro das ruínas
não caberá no poema.
romério rômulo, no GGN


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