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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Frei Betto-Leonardo Boff em defesa de Eleonora Menicucci


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JUSTIÇA ÀS AVESSAS é o cotundente artigo de Frei Betto ao qual me associo. Eleonora que foi do Ministério das Mulheres no período da Presidenta Dilma, mulher que sempre se revelou como grande defensora dos direitos humanos, especialmente, da dignidade da mulher contra a violência feitas a elas. Agora vem sendo condenada porque criticou alguém que num programa da TV em 2015 confessou um estupro a uma mãe de santo até faze-la desmaiar. Coisa inominável. Processada, foi, por surpresa e indignação geral, foi condenada a pagar RS 10.000,00

Associo-me às palavras de Frei Betto, me indigno e repudio esta condenação. Espero que na segunda instância, lhe seja feita a devida justiça.

Em defesa de Eleonora com todo o meu apoio e admiração por seu trabalho comprometido e digno. Leonardo Boff


Justiça às Avessas

O ator de filmes pornô Alexandre Frota declarou em programa de TV, em 2015, que estuprou uma mãe de santo até ela desmaiar. Como era de se esperar, Eleonora Menicucci, então à frente do Ministério das Mulheres, repudiou a apologia ao crime.

Em maio de 2016, o ministro da Educação do governo Temer, Mendonça Filho, recebeu em audiência Alexandre Frota, para ouvir propostas para a educação básica e defender o projeto “Escola sem partidos” (exceto os conservadores).

Em nota na Folha de S. Paulo, Eleonora Menicucci declarou: “Lamento, como ex-ministra e cidadã, que o ministro golpista Mendonça Filho tenha recebido, como primeira pessoa da sociedade civil, um homem que foi à TV e fez apologia do estupro. Fico muito preocupada com a educação de nossa juventude, e lamento muito.”

Alexandre Frota decidiu, então, processar a ex-ministra por danos morais. Pediu R$ 35 mil de indenização. Em setembro de 2016, na audiência de conciliação, ele sugeriu que ela pedisse desculpas, o que não foi aceito.

Em maio deste ano, a juíza de primeira instância Juliana Nobre Correia emitiu sentença condenando Eleonora Menicucci a pagar R$ 10 mil a Frota, alegando que ela ultrapassara o limite da crítica.

Em agosto, teve início o julgamento do recurso em segundo instância, e a relatora, Fernanda Melo de Campos Gurgel, proferiu voto a favor da juíza que condenara a ex-ministra.

Que país é este em que mulheres defendem quem faz apologia do estupro e condenam quem ergue a voz em prol da dignidade das vítimas; juízes repassam ao Congresso Nacional, repleto de corruptos, o direito de julgar seus pares; um rapaz é preso acusado de traficante por ser pobre e estar bem vestido e, em seguida, sua mãe é assassinada por policiais do Bope-Rio por defender o filho? Que país é este no qual dois amigos do presidente são flagrados com malas de dinheiro; Temer recebe na calada da noite o dono da JBS que confessou ter corrompido quase dois mil políticos; e tudo fica como dantes no quartel de Abrantes?

Talvez os olhos vendados do símbolo da Justiça não representem isenção nos julgamentos, e sim vergonha por tantas inversões judiciais. Bem recomenda Chico Buarque: “Chame o ladrão… chame o ladrão…”

Frei Betto é escritor, autor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.

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