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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O Brasil não se constrói; ao Brasil, vende-se. Reflexões sobre o golpismo entreguista neoliberal por Fernando Brito


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O Brasil está, reconhecidamente, numa situação de gargalo na geração de energia elétrica.
Escrevi, outro dia, aqui, como este ano está se sustentando, mal e mal, por conta dos projetos de geração eólica, que permitem garrotear os vertedores das hidrelétricas ao mínimo necessário e, assim, reter a água escassa.
O que faz o país? Licita a construção de novos sistemas, para aumentar o potencial de geração hídrica?
Não, claro.
Vende as que já existem, que agora passam a ser administradas por uma simples relação de lucros: é óbvio que quanto mais se abrirem as comportas, mais energia se gera e mais dinheiro se ganha,  sem contar, claro, a pressão por aumento de tarifa. Porque é a geração onde se ganha produzindo, na transmissão e na distribuição apenas se repõe, como maior ou menor ganho, o gasto para levar o produto ao consumidor.
No caso das usinas da Cemig, privatizadas hoje, o prejuízo vai além. O lucro previsto para o período de outorga é de R$ 40 bilhões. Como os bônus de outorga somaram R$ 12 bilhões, não é nada complexo ver que estamos, pela necessidade de caixa, “vendendo” por 30% do preço uma renda assegurada.
No outro leilão realizado hoje, o de áreas petrolíferas, igual não vendemos o direito de pesquisar a existência de óleo, com o risco – aliás, cada vez menor, graças á tecnologia – de encontrá-lo ou não em quantidades comerciais. Vendemos petróleo garantido e provado e o resultado só não é pior porque a expertise e o conhecimento da Petrobras faz dela um sócio lucrativo para todas as multinacionais, inclusive a gigante Exxon Mobil, grande vencedora da disputa.
A lesão, aí, mais do que a participação societária, é o que se perde com o fim da cadeia produtiva gerada pelo petróleo, provocada pela minguante exigência de conteúdo nacional. O argumento de que é mais caro produzir aqui os equipamentos necessários à prospecção e exploração, o que é verdade.
Nenhuma indústria se forma e ganha competitividade sem antes ganhar escala.
O  raciocínio rastaquera de investidores de balancete jamais alcançará isso, é claro.
O Brasil é um overnight para falar a linguagem econômica da minha geração, formada no ambiente da especulação.

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