"O estudo científico da espiritualidade existe, portanto, pelo menos desde o século XIX, sendo que teve e tem entre seus interessados algumas das mentes mais geniais do nosso planeta."
Segue corajoso artigo de Macos Aguiar Villas-Bôas para o Jornal GGN:
Espíritos existem e nos ensinam o que fazer com a sociedade, a economia e a política
Para que o leitor possa receber bem aquilo que irei defender no texto, é necessário aceitar a premissa de que espíritos existem, pois estão provados cientificamente. Não se trata de misticismo ou religião.
Todos conhecem pessoas que dizem ver espíritos. Por que elas estariam mentindo? Um dos argumentos é o de que não estão, mas suas mentes criam as visões e comunicações que elas relatam.
Como explicar, então, que milhões de médiuns se comuniquem com quem já morreu e transmitam mensagens aos que estão encarnados? Como explicar as cerca de 10 mil cartas escritas por Chico Xavier com milhares de caligrafias diferentes, recebidas pelos destinatários com a certeza de que, por razão da identidade de caligrafia e de menção a detalhes da sua vida desconhecidos por outros, foi o ente querido quem se manifestou?
Algumas das cartas psicografadas por Chico foram até mesmo usadas como provas no Poder Judiciário e ajudaram a inocentar pessoas de acusações de homicídio.
Como explicar que ele escreveu 468 livros e em línguas diferentes, que sequer conhecia, e sobre temas distintos, acerca dos quais nada sabia? Chico sequer concluiu o ensino primário. E quando escreveu em inglês de trás para a frente? Se isso tudo já é demais para a cabeça do leitor, não desista ainda, pois vai piorar.
Uma acusação óbvia é a de que tudo isso seria charlatanismo. Mas por que Chico viveu de forma extremamente humilde e caridosa durante toda a vida e cedeu os direitos das vendas em todo o mundo de mais de 50 milhões de exemplares de livros? Por que os milhares de centros espíritas sérios não são pomposos e os seus líderes são pessoas que vivem de modo humilde e caridoso?
Uma análise séria e sem preconceitos não deixa saída para negar a existência de espíritos. Quando pararmos de negar, os avanços serão gigantescos, pois esse “novo” mundo nos traz “informações privilegiadas”, de pessoas que estão no plano dimensional principal de existência, enquanto que nós estamos numa espécie de laboratório evolutivo.
É chegada a hora da revolução moral humana. O mérito deste texto é dos espíritos que guiam o Autor. As câimbras no corpo e as pressões na cabeça são constantes enquanto escreve, servindo de veículo para, juntamente com outros médiuns, levar essas informações a todos.
A Física Quântica provou que somos corpo e energia. Há diversos estudos que comprovam ou indicam cientificamente a existência dos espíritos. Vide, por exemplo, os Experimentos Scole[1], que aconteceram entre 1993 e 1998 na pequena cidade de Scole, que fica em Norfolk, ao nordeste de Londres, na Inglaterra.
O núcleo da equipe era formado por 4 pessoas, dois casais. Allan e Diana Bennett são médiuns com forte sensitividade, enquanto que Robin e Sandra Foy são antigos estudiosos da espiritualidade.
Tais experimentos envolveram fotografia, filmagem e gravação de áudio com o objetivo de captar fenômenos espirituais. Muitas vezes, aconteciam ao mesmo tempo, com captação simultânea. O documentário[2] sobre o experimento mostra bem como ele funcionava e alguns dos seus surpreendentes resultados.
Os objetivos do grupo envolviam provar a vida após a morte e a existência de diferentes dimensões de realidade, onde há seres inteligentes vivendo, com os quais apenas alguns seres humanos encarnados podem conscientemente se comunicar. No entanto, em regra, todos são influenciados pelos espíritos de alguma forma.
De acordo com o relato da equipe do experimento, eles foram contatados por uma equipe espiritual, que os guiou ao longo do estudo.
Os fenômenos registrados nos Experimentos Scole não são nenhuma novidade. Alguns semelhantes ocorreram no século XIX. Muitos acontecem até hoje e, inclusive, no Brasil, país considerado a pátria do Espiritismo.
Para aferição dos fenômenos, participaram inúmeros membros da Society for Psychical Research – SPR (Sociedade para Pesquisa Psíquica), a primeira e mais respeitada sociedade de estudiosos da paranormalidade em todo o mundo.
A sociedade foi criada em 1882 e teve como alguns dos seus primeiros membros o vencedor do Prêmio Nobel em 1913, Charles Richet, responsável por cunhar o termo “ectoplasma”, e o psicólogo e precursor do Pragmatismo Americano, William James, quem escreveu, por exemplo, o brilhante artigo “The Hidden Self” (O Eu escondido) em 1890[3].
O estudo científico da espiritualidade existe, portanto, pelo menos desde o século XIX, sendo que teve e tem entre seus interessados algumas das mentes mais geniais do nosso planeta.
Tais fenômenos ocorridos em Scole englobaram a aparição e sumiço de objetos; a desmaterialização e rematerialização de objetos sem seu desaparecimento; a comunicação oral com os espíritos; o contato pelo tato; a impressão pelos espíritos de fotos em filmes lacrados por cientistas de fora do círculo principal do estudo; e outros.
É curioso como os céticos tentam colocar todo tipo de obstáculo à validade dos experimentos, o que não acontece em outros tipos de estudos científicos. Por tratar de aspectos delicados da crença humana, a desconfiança e uma vontade subliminar de negar os resultados de Scole é imensamente mais forte do que em outras discussões da ciência.
Para negar esses resultados, que são confirmados por milhões de pessoas ao redor do mundo, seria preciso crer que há um complô internacional formado por todos esses indivíduos, sendo que a imensa maioria deles nem se conhece, ou eles teriam os mesmos tipos de visões criadas pelas suas mentes.
Os fenômenos espíritas, como os que aconteceram no Scole, se tornaram frequentes a partir do século XIX, apesar de haver registros sobre eles em toda a história humana, inclusive na Bíblia. Eles são narrados por milhões de pessoas ao redor do planeta e, o que é interessante, com crenças bem distintas.
Os registros de existência de dimensões espirituais e, portanto, de seres espirituais estão nas mais diversas religiões, como na Ubanda, no Budismo, no próprio Catolicismo e em muitas outras.
A ciência deve questionar e os próprios espíritos aconselham isso, sugerindo que, em caso de conflito com a ciência, esta prevaleça, de modo a evitar crendices descabidas. Deste modo, a vertente científica do Espiritismo tem sido construída com base em repetidos estudos e acontecimentos fenomênicos em todo o mundo e, principalmente, no Brasil.
Diversos cientistas renomados estudam hoje a alma, o espírito, a sua relação com o corpo etc. Vide, dentre várias outras fontes, os indicados ao Prêmio Nobel, Stuart Hamerroff e Roger Penrose, além de best-sellers como Amit Goswami e Danah Zohar.
Hamerroff explica que a alma é uma informação quântica que habita o corpo físico. O Espiritismo explica que a alma tem um corpo espiritual, um períspirito que liga o corpo físico ao espírito. Ciência e doutrina espírita cada vez mais se aproximam e se explicam.
Quantos indivíduos não relatam viagens astrais e experiências de quase morte, nas quais eles têm comunicações com espíritos? Alguns fazem, inclusive, viagens nas quais conversam com outros encarnados e depois ambos podem confirmar o teor da conversa.
Os céticos negam tudo isso e procuram outras explicações por diversos motivos. Um deles é o medo. A maior parte da cultura humana atual, muito influenciada pela televisão, acredita que espírito é assombração e necessariamente ruim.
Espíritos são nós mesmos, seres humanos em outra dimensão. Eles estiveram entre nós e voltarão a estar brevemente, a menos que tenham chegado a um estágio evolutivo tal que os leve a outro planeta mais evoluído ou à desnecessidade de reencarnar.
O Espiritismo explica a existência de extraterrestres. Chico disse que ela poderia ficar mais clara a partir de 20 de julho de 2019. Vale a pena assistir ao espetacular documentário “Data Limite segundo Chico Xavier”[4], que demonstra presciências de Chico, como a chegada do homem à Lua e a descoberta de água em seu solo, o transplante de órgãos com aparelhos de plástico e a descoberta de grande quantidade de petróleo no Brasil.
Como negar a psicofonia, fenômeno no qual uma pessoa, sob contato de um espírito, pode vir a falar com voz e sotaque completamente distintos? Seria tudo charlatanismo de pessoas que não pedem dinheiro a ninguém?
Como negar a psicopictografia, fenômeno no qual uma pessoa, sob contato de um espírito, pinta quadros belíssimos, mesmo apesar de não saber pintar? São pintados quadros no escuro, de cabeça para baixo, usando os pés para segurar o pincel etc.
Se tudo isso parece muito louco ao leitor, basta buscar um local, como um centro espírita, e checar. Raciocine o seguinte: quantos avanços houve no Planeta Terra que pareceriam loucura alguns anos antes? A energia elétrica e o magnetismo eram, para a maioria, inimagináveis antes do século XVIII.
Quando este Autor usa o aplicativo Shazam e o telefone celular consegue ler as ondas sonoras da música, apresentando qual o seu título e seu intérprete, isso até hoje parece mágica para ele. Místico é aquilo que não entendemos ainda, mas nem tudo que é místico é irreal.
O filósofo grego Tales de Mileto foi o primeiro a mencionar a existência de campos de atração entre objetos. Muito mais tarde, no século XVIII, chegou-se à construção da bússola e, no século XIX, com uma compreensão sobre o eletromagnetismo, chegou-se à energia elétrica, forças invisíveis antes tidas por místicas. Hoje a Física Quântica já fala em tudo e todos em ligação, em não localidade.
Foi também no século XIX que viveu o francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, de pseudônimo Allan Kardec, um educador e cientista. Ao ter conhecimento acerca dos fenômenos que se iniciaram no seu tempo, como mesas que giravam sozinhas, passou a estudá-los e descobriu aquilo que parece místico ainda hoje: nós não estamos sós.
Kardec foi escolhido pelos espíritos, provavelmente, pelo seu ceticismo, conhecimento intelectual, capacidade de interpretação e escrita, para codificar a obra que resultou em cinco livros, escritos no século XIX, cujas informações não poderiam ter origem apenas em seres humanos encarnados, pois o conhecimento ali é avançado demais.
O Espiritismo tem três vertentes: científica, filosófica e religiosa. Dentro delas, trata de praticamente todos os assuntos de maior interesse dos homens, inclusive de sociedade, economia e política.
Ele oferece soluções ao problema da moral humana a partir da interpretação dos ensinamentos de Jesus Cristo, que é o espírito mestre do Planeta Terra e foi um dos messias que vieram a ela encarnados para trazer informações essenciais ao homem em dado momento.
O humano é um ser progressista, que encarna, segundo os espíritos, para obter progresso intelectual e moral. É inegável que a capacidade intelectual e moral humana vem crescendo século a século. Ver itens 114 e seguintes do Livro dos Espíritos (LE), publicado em 18 de abril de 1857.
O objetivo das instituições deve ser, então, fazer as pessoas progredirem mais rapidamente. O termo “instituições”, pouquíssimo utilizado no século XIX e que virou moda no debate político do Brasil apenas agora, sempre habitou as obras espíritas. É possível encontrá-lo no LE nos itens 573, 818, 878, 914, 917 e na Conclusão.
No século XIX, a inferiodade da mulher era amplamente aceita. Até hoje isso é motivo de discussão e tabu. Os itens 815 e ss. do LE já diziam que a suposta inferioridade da mulher é obra de injustiça e crueldade do homem. “Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito”.
Segundo o LE, a lei deveria determinar a igualdade de homens e mulheres, porém as suas funções podem variar de acordo com as características de cada um. Deste modo, os indivíduos devem se alocar da forma mais eficiente, conforme suas aptidões.
Ainda em meados do século XIX, o Espiritismo deixava clara a necessidade de se realizar ao máximo a eficiência e a equidade, pregando implicitamente visões complexas e equilibradas.
Ao tratar do egoísmo humano, o item 918 diz que, após se instruírem acerca das coisas espirituais, os homens dariam menos importância às materiais e reformariam as instituições, o que dependeria da educação, que é intelectual e, acima de tudo, moral. Essa que recebemos na escola ainda está muito longe do que precisamos.
No item 829, o LE dizia, antes da abolição da escravatura no Brasil, que ela era um abuso de força que desapareceria com o progresso. Ainda não despareceu totalmente, mas é evidente que veio se enfraquecendo.
Sobre a desigualdade, o LE dizia que ela desapareceria com o progresso e restaria apenas a do merecimento. Portanto, os homens não devem ser todos iguais, até porque eles são em si diferentes.
As suas posições no mundo devem decorrer apenas do seu merecimento, de suas escolhas, de modo que as instituições devem garantir igualdade de pontos de partida e ajustes nas injustiças sociais. Ver itens 808 e ss.
O Espiritismo dá respostas iniciais para todas as dúvidas humanas de forma racional e defende, como dito, que sempre prevaleça o conhecimento científico, quando houver conflito entre eles.
Parece estar claro que os espíritos existem e estão entre nós a todo o tempo se “acotovelando” e influindo em nossas vidas. Cabe a nós decidirmos o que fazer com essa informação. Quem tiver dúvidas, não deixe de buscar as referências citadas e de procurar conhecer os fenômenos de perto.
Quando a maior parte dos seres humanos aceitar esse fato que está à sua frente, poderão usar, na construção de suas realidades, as informações fornecidas pelos espíritos.
Isso não significa que todas as respostas para os problemas estarão dadas, mas que haverá uma nova profusão de informações avançadas disponíveis, que aproximarão, por exemplo, religião, filosofia e ciência, fazendo-nos compreender melhor o nosso mundo conhecido e aquilo que ainda não conhecemos bem sobre ele.
Um maior estudo e a maior aceitação das dimensões espirituais são o passo que trará saltos intelectuais e morais sem precedentes no mundo humano. Inúmeros problemas médicos e psicológicos, por exemplo, ainda incompreendidos carecem do conhecimento espírita para o seu desvelamento.
Com o conhecimento de que a vida não acaba após a morte e que, em verdade, é aí que se retorna à sua dimensão inicial, o homem deixará de ser tão materialista e de pensar quase somente no curto prazo.
Praticamente tudo mudará para melhor na sociedade, inclusive a economia e a política, quando se reconhecer a existência dos espíritos e, de fato, se praticar seus ensinamentos de amor, equilíbrio, humildade e caridade.
Agradecimentos: agradeço aos amigos e brilhantes acadêmicos Flávio Gaudêncio, Daniel Almeida Filho, Fábio Roque Araújo, Urbano Félix e Daniel Nicory, que leram o texto, o comentaram e muito me ensinam no dia a dia.
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