(atualizado embaixo)
O PASTOR E DEPUTADO FEDERAL MARCOS FELICIANO (PSC-SP) foi acusado de estupro por uma jovem afiliada a seu partido nesta terça-feira. A senadora Vanessa Grazziotin pediu a abertura de investigação no Senado e, agora, a polícia de São Paulo entra no caso. Apesar do peso das acusações e provas disponíveis, muito pouco sobre o caso foi dito na grande mídia.
Grazziotin (PCdoB-AM), à frente da Procuradoria da Mulher no Senado Federal, enviou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), um ofício pedindo “investigação de séria denúncia sobre assédio sexual cometido o deputado Marco Feliciano, veiculada nos meios de comunicação, no dia 02 de agosto”. A senadora alerta para “a necessidade de esclarecimento dos fatos e das responsabilidades, ainda mais porque a notícia envolve parlamentar proclamado como “zelador de garantias e direitos individuais”.
No início da tarde desta sexta-feira, foi noticiado que a vítima procurou o delegado Roberto Pacheco, da 4ª Delegacia de Polícia de São Paulo (Consolação), com a mãe, que saiu de Brasília para acompanhar a filha.
Leandro Mazzini, do Blog da Esplanada, do UOL, deu a notícia nesta terça-feira: “O caso Pr. Feliciano – Mulher acusa deputado de assédio sexual e recua“. Foram publicados prints de conversa de WhatsApp em que a vítima alegava que trocou mensagens com o pastor e deputado.
The Intercept não tem provas que confirmem as acusações, que, posteriormente, foram desmentidas pela possível vítima, mas o fato de ter sido pedida investigação no Senado e o conteúdo da apuração do UOL deveriam despertar o interesse da mídia.
De acordo com o Esplanada, o episódio da agressão ocorreu, segundo a jovem, no apartamento funcional de Feliciano, em Brasília, na manhã de 15 de junho. Na denúncia, a estudante relatou que foi agredida e gritou por socorro – ” e se salvou de sexo à força. O agressor era, segundo ela, o deputado federal Marco Feliciano, pastor evangélico propagandeado como um dos bastiões da moralidade familiar”. “Você está gritando muito!, vai embora!”, teria dito Feliciano.
Um diálogo que a vítima afirma ter ocorrido entre ela e o assessor de Feliciano foi gravado e entregue à Mazzini. Dois funcionários do PSC confirmaram à coluna que o número do celular era o pessoal usado pelo pastor-deputado, que trocou de telefone há dias.
Em junho passado, o caso de uma jovem vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro tomou as redes sociais. Levou um tempo até que as denúncias feitas por blogs, perfis no Twitter e páginas de Facebook ganhassem as páginas da grande mídia. Agora, a história parece se repetir.
Apesar dos indícios – áudios, prints de conversas, desencontro de informações – a grande mídia parece não se interessar pelo fato de que um dos três deputados federais mais votados do estado de São Paulo está sendo acusado de estupro.
A denunciante saiu de Brasília no sábado e não respondeu mais às tentativas de contato feitas por Mazzini. No dia seguinte, a então denunciante gravou um vídeo desmentindo a acusação, e o delegado civil licenciado de São Paulo e assessor do pastor, Talma Bauer, disse que não a conhecia. Estupro é crime de ação condicionada, ou seja, apenas se a vítima apresentar formalmente a denúncia o crime pode ser investigado.
Ontem, Mazzini publicou ainda um cronograma sobre o caso, em que explica que a primeira nota sobre o tema foi publicada em 24 de julho, sem citar nominalmente Marco Feliciano.
O pastor-deputado Marco Feliciano não se pronunciou sobre o caso. Há cinco horas postou em seu Facebook: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5.10). Ontem, postou: “Levante a cabeça, não desanime, pois em tudo o Senhor dará forças” e “Será que cometi o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo?“.
ATUALIZAÇÃO:
A Coluna Esplanada noticiou que o chefe de gabinete do Dep. Marco Feliciano foi preso. Segue o texto:
A Coluna Esplanada noticiou que o chefe de gabinete do Dep. Marco Feliciano foi preso. Segue o texto:
A Polícia Civil de São Paulo acaba de prender em flagrante o chefe de gabinete do deputado federal Pr. Marco Feliciano.Talma Bauer, gravado pela jovem de Brasília que acusa Feliciano de agressão, foi detido no Centro e é acusado por ela de cárcere privado num hotel de SP e de a ter forçado gravar os vídeos a favor do parlamentar, desmentindo a denúncia revelada pela Coluna Esplanada. A jovem Patrícia Lélis está fazendo oitiva neste momento na 3ª DP de SP e o delegado vai enviar a declaração para a PGR investigar o deputado Marco Feliciano por agressão, assédio sexual e tentativa de estupro.
ATUALIZAÇÃO 2:
Já o Buzzfeed relatou ter acabado de falar com Talma, que não está preso. Ainda de acordo com a publicação, a jovem voltou a acusar Feliciano:
“Ela relatou dois crimes que não puderam ser registrados aqui. O primeiro porque aconteceu em Brasília e o segundo porque dizia respeito a um policial civil, que é da alçada da corregedoria”, disse o delegado ao BuzzFeed Brasil, após a conversa com a jornalista.
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