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sexta-feira, 29 de julho de 2016

O Temeroso - de vice decorativo a interino vingativo, por Altamiro Borges




Em recente debate no Centro de Estudos Barão de Itararé, o ex-ministro Franklin Martins disse que o golpista Michel Temer se converteu de “um vice decorativo em um interino vingativo”. Ele se referia ao processo de desmonte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com a exoneração do seu presidente-executivo, o jornalista Ricardo Melo – medida ilegal e arbitrária que depois foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – e a demissão de vários profissionais de renome. “Isto é censura, é perseguição política”, afirmou na ocasião. Nesta terça-feira (26), o alerta do ex-ministro foi corroborado pela onda de demissões no Ministério da Cultura – o que confirma que o vingativo usurpador detesta a democracia.

Segundo o noticiário da mídia chapa-branca, a caça às bruxas no MinC resultou na dispensa sumária de 81 profissionais e no desmonte de áreas estratégicas do ministério – como a Diretoria de Livro, Leitura, Literatura de Bibliotecas (DLLLB) e a Cinemateca. Em comunicado oficial e lacônico, o “sinistro” interino da pasta, Marcelo Calero, alegou que a onda de cortes faz parte do “processo de reestruturação” e do “desaparelhamento” da pasta, insinuando que todos os demitidos são “petistas”. Na prática, o Judas Michel Temer sempre desejou extinguir o ministério e só voltou atrás devido à forte pressão do mundo cultural, com dezenas de manifestos e protestos públicos.

Agora, irritado com a altiva resistência dos funcionários do MinC, que ocuparam vários dos seus equipamentos – como a Funarte do Rio Janeiro –, o interino vingativo parte para a retaliação. A medida fascista deve gerar mais rebeldia no mundo cultural e a tendência é de novas perseguições políticas no ministério, lideradas pelo insignificante capacho Marcelo Calero. Há boatos de que demissões podem vitimar até 140 profissionais do setor. No caso da Cinemateca, órgão responsável pela preservação do audiovisual, toda sua direção já foi exonerada – incluindo a coordenadora-geral, Olga Futemma. Para o seu lugar foi nomeado Oswaldo Massaini Filho, um agiota ligado ao mercado financeiro.

Processo macarthista de perseguição

A postura vingativa do Judas Michel Temer ficou explícita logo após a concretização do “golpe dos corruptos”, com o afastamento da presidenta Dilma Rousseff no Senado, em 12 de maio passado. Demonstrando toda sua pequenez política, o ex-vice-presidente – que confessou numa carta patética que se considerava apenas uma figura “decorativa” – passou à retaliação política mais torpe. Cancelou os voos da presidenta eleita pela maioria dos brasileiros e suspendeu, inclusive, a refeição designada à sua nova residência oficial, o Palácio da Alvorada. As iniciativas truculentas, totalmente contrárias à legislação, foram questionadas na Justiça, mas o usurpador não recuou na sua sanha vingativa.

Logo na sequência, o golpista deu início a um processo macarthista de perseguição política. Uma das primeiras vítimas foi um funcionário público que servia café no Palácio do Planalto, acusado de ser “um fiel petista”. A onda fascistoide foi festejada por uma reportagem da excitada revista Época, assinada pelo jornalista Ricardo Della Costa, “Michel Temer escalou auxiliares para desempenhar uma tarefa curiosa: caçar simpatizantes do PT escondidos no governo. A cada suspeita, os auxiliares do peemedebista buscam por registro de filiação e monitoram até as redes sociais. O nome dos encontrados param na mesa do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para a exoneração”.

Balcão de negócios para bandidos

A onda macarthista também foi confirmada pela Folha, em reportagem publicada em 8 de junho. “O presidente interino, Michel Temer, ordenou acelerar as demissões de servidores ligados ao PT que ainda ocupam cargos no segundo e terceiro escalão do governo... A equipe do presidente interino pediu um levantamento do número de postos que ainda abrigam indicações consideradas políticas e orientou que os quadros petistas sejam substituídos o mais rápido possível. Nas palavras de um auxiliar de Temer, os funcionários ligados ao partido da presidente afastada que ainda permanecem em secretarias e diretorias ‘estão atrapalhando o andamento da gestão’. ‘O clima é de guerra’, sentenciou o assessor”.

A mídia venal, que apoiou o “golpe dos corruptos” e tem feito de tudo para embelezar a imagem do usurpador Michel Temer – sabe-se lá a que preço – ainda tentou difundir a ideia de que os demitidos – “todos petistas” – seriam substituídos por nomes de perfil técnico. Mas nem ela tem conseguido esconder que os golpistas estão loteando os cargos, entregando postos estratégicos e até mesmo do segundo escalão em troca da fidelidade dos partidos fisiológicos na aprovação definitiva do impeachment da presidenta Dilma no Senado. O Palácio do Planalto virou um agitado balcão de negócios, com a indicação de todo tipo de bandido – muitos deles com longas fichas policiais – para os cargos públicos.

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- A maldição do golpe dos corruptos


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