O massacre de 49 pessoas no clube noturno Pulse, de Orlando, está sendo celebrado por alguns integrantes da extrema direita cristã dos EUA como uma obra divina destinada a eliminar “pecadores” da face da Terra.
Texto de Cláudia Trevisan - O Estado de São Paulo
A ameaça de uma das organizações mais extremistas de realizar manifestações em Orlando levou o principal grupo LGBT da cidade a pedir proteção policial e a realizar revistas nas bolsas e mochilas dos visitantes.
Considerada um grupo de ódio por entidade que monitora esse tipo de atividade, a Igreja Batista Westboro é a mais célebre representante da retórica anti-LGBT ente os fundamentalistas cristão do país. Seu website é godhatesfags.com (deusodeiaveados.com) e sua principal missão é o ataque a homossexuais.
Poucas horas depois da tragédia, o grupo celebrou o massacre em sua conta no Twitter: “Deus mandou o atirador para #Pulse em Orlando!”.
Em sermão realizado no domingo em Sacramento, na Califórnia, o pastor Roger Jimenez, da Igreja Batista da Verdade, também comemorou o ataque. “Vocês estão tristes porque 50 pedófilos foram mortos hoje?”, perguntou. “Eu acho que foi fantástico! Eu acho que isso ajuda a sociedade. Eu acho que Orlando, Flórida, está um pouco mais segura hoje.”
O mesmo tom foi adotado por Steven Anderson, da Igreja Batista da Palavra Fiel, sediada em Tempe, Arizona. “Eu não estou triste com isso, eu não vou chorar, porque essas 50 pessoas baleadas no bar gay iriam morrer de aids, de sífilis ou de outras coisas”, declarou.
O evangelista e técnico de futebol colegial “Coach” Dave Daubenmire disse que o massacre é parte de uma estratégia para promover o controle de armas.
“O demônio está disposto a sacrificar alguns dos seus para chegar a nossos grandes jogadores”, afirmou na segunda-feira em seu programa Pass the Salt.
Anteontem, a Westboro disse que enviaria seguidores a Orlando para expressar apoio ao massacre, principalmente durante o sepultamento das vítimas.
Segundo o Courier-Journal, alguns seguidores da igreja protestaram durante o funeral do boxeador Muhammad Ali, na semana passada, por ele ter rejeitado o cristianismo e se convertido ao islamismo.
“Quando vimos que um grupo de ódio expressou nas redes sociais a intenção de vir a Orlando, nós decidimos pedir proteção policial”, disse ao Estado Terry DeCarlo, diretor executivo do Centro LGBT para a Flórida Central, que se transformou em um dos principais locais de apoio às famílias das vítimas e aos que escaparam com vida do massacre. Ontem havia uma viatura policial na porta da entidade e um oficial dentro da sede.
A comunidade gay também se mobilizou para combater manifestações da Westboro.
No Facebook, a página “Manifestantes contra Westboro” buscava voluntários para proteger os funerais das vítimas do massacre. A orientação é que as pessoas cheguem aos locais com antecedência e impeçam a aproximação de seguidores da igreja. A principal instrução é ignorar os manifestantes: “Não fale com Westboro. Vire as costas e permaneça em silêncio. Paz para as famílias. Traga tampões de ouvido se você não quiser ouvir sua intolerância hedionda.”
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