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sexta-feira, 11 de março de 2016

Bepe Damasceno: "Golpismo apodreceu instituições"




Estão postos sobre a mesa vários elementos que indicam que o Estado democrático de direito brasileiro definha a olhos vistos. A depender dos vínculos político-partidários do cidadão, ele pode ou não desfrutar do sistema de garantias individuais, pilar básico dos regimes democráticos.
Sob esse ponto de vista, vivemos hoje no Brasil uma ditadura. Exagero ? Então anote : é ou não é marca registrada de qualquer regime ditatorial perseguir adversários políticos e proteger aliados ? Também remover mandatários eleitos pela voto e legitimados pela soberania popular jamais causou quaisquer constrangimentos a ditadores de todos os matizes ao longo da história de tantos países.
Quando o grande partido de oposição numa suposta democracia é uma rede de rádio e tevê, concessão pública que se apropria do espaço eletromagnético  do povo brasileiro para cuidar de seus interesses comerciais e políticos, e quando um simples procuradores do Ministério Público, delegados da Polícia Federal ou juízes de primeira instância podem, movidos por suas colorações partidárias, colocar na cadeia quem quiser, que nome tem esse sistema ?
Repetindo episódios funestos do nosso passado, mas com métodos modernos de ruptura democrática que dispensam baionetas e canhões, o movimento rumo às trevas atual também conta com apoio considerável na população, notadamente entre analfabetos políticos, direitistas, fascistas e pessoas que não tem senso crítico suficiente para não se contaminar pelo massacre midiático diário. Certamente, teremos no próximo domingo uma espécie de reedição da Marcha com Deus e pela Família de 1964.
O diagnóstico segundo o qual já vivemos uma ditadura é importante para calibrar a reação dos democratas. Nesse quadro de extrema gravidade não há espaço para arranjos de cúpula ou negociações meia-sola entre iluminados. O momento é de resistência democrática. Os que enfrentaram e derrotaram ditadura sabem que sem mobilização popular e presença constante nas ruas é impossível atravessar a tempestade.
A história nos ensina que é preciso envolver nessa reação intelectuais, artistas, empresários progressistas, além de políticos e juristas legalistas. Tudo articulado com atuações vigorosas no parlamento e nas instituições ainda não capturadas pelo golpismo. Mas sem povo  não há saída possível. As manifestações de rua organizadas pela Frente Brasil Popular até aqui, ou seja, o sentimento das ruas, revelam que um duro e prolongado embate se avizinha.
O contato com o povo mostra que o estrago causado pela campanha de ódio da mídia é grande. Daí o expressivo apoio ao golpe e à prisão de Lula. Na outra ponta, também são dignas de nota as manifestações de solidariedade a Lula , contrárias ao golpe e críticas ao jornalismo de esgoto da Globo. Entre esses dois pólos se concentra um enorme contingente de pessoas perplexas com a crise, mas ainda sem posição fechada. São esses corações e mentes que devem ser conquistados para que a a ditadura seja derrotada.

Bepe Damascendo, em seu blog

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