Vazou — o que não vaza — o texto do depoimento de Lula durante a operação-sequestro de Congonhas.
A leitura é de chorar.
Simples meganhagem, especulação, arapucas.
Lula diz, logo ao início, que não participava da administração financeira ou organizacional do Instituto que leva seu nome.
No entanto, as poucas perguntas que guardam alguma materialidade — e repetidas várias vezes — versam exclusivamente sobre isso.
O delegado ficou pedindo detalhes de informações contábeis mesmo depois de ter-lhe sido dito que tais coisas não eram tratadas pessoalmente por Lula, o que é ocioso, portanto.
O resto é pura bisbilhotice.
“Delegado da Polícia Federal: — Sim. Como eu já adiantei para o ex-presidente, ele envolve reformas e aquisição e registro da propriedade do sítio em Atibaia, eventuais reformas e registro de propriedade do flat…
Declarante (Lula): — O senhor deveria estar entrevistando o Ministério Público, trazer o Conserino aqui e fazer pergunta para ele, para ele dizer que é meu, para ele dizer que o apartamento é meu, para ele dizer que eu paguei o apartamento, ele que tem que dizer, não eu.
Delegado da Polícia Federal: — O que interessa para nós…
Declarante: — Que o cidadão conta uma mentira e eu sou obrigado a ficar respondendo a mentira dele.
Delegado da Polícia Federal: — Mas se o senhor não responder quem vai responder?
Declarante: — Um cidadão que é membro do Ministério Público, que fica a serviço da Globo, do Jornal Globo, da Revista Veja, fazendo insinuações e eu tenho que responder? Ele que diga, ele que prove, no dia que ele provar que o apartamento é meu alguém vai me dar o apartamento, ou o Ministério Público vai me comprar o apartamento ou a Globo me compra o apartamento, ou a Veja me compra o apartamento, ou sei lá quem vai me comprar o apartamento, o que não é possível é que a gente trabalhe tanto para criar uma instituição forte nesse país e dentro dessas instituições pessoas que não merecem estar nessa instituição estejam a serviço de degradar a imagem de pessoas, não sou eu que tenho que provar que o apartamento é meu, ele é que vai ter que provar que é meu, ele vai ter, eu espero que ele tenha dinheiro para depois pagar e me dar o apartamento, eu já estou de saco cheio disso, essa é a verdade, estão gravando aqui para ficar registrado. Eu estou de saco cheio de ficar respondendo bobagens.
Declarante (Lula): — O senhor deveria estar entrevistando o Ministério Público, trazer o Conserino aqui e fazer pergunta para ele, para ele dizer que é meu, para ele dizer que o apartamento é meu, para ele dizer que eu paguei o apartamento, ele que tem que dizer, não eu.
Delegado da Polícia Federal: — O que interessa para nós…
Declarante: — Que o cidadão conta uma mentira e eu sou obrigado a ficar respondendo a mentira dele.
Delegado da Polícia Federal: — Mas se o senhor não responder quem vai responder?
Declarante: — Um cidadão que é membro do Ministério Público, que fica a serviço da Globo, do Jornal Globo, da Revista Veja, fazendo insinuações e eu tenho que responder? Ele que diga, ele que prove, no dia que ele provar que o apartamento é meu alguém vai me dar o apartamento, ou o Ministério Público vai me comprar o apartamento ou a Globo me compra o apartamento, ou a Veja me compra o apartamento, ou sei lá quem vai me comprar o apartamento, o que não é possível é que a gente trabalhe tanto para criar uma instituição forte nesse país e dentro dessas instituições pessoas que não merecem estar nessa instituição estejam a serviço de degradar a imagem de pessoas, não sou eu que tenho que provar que o apartamento é meu, ele é que vai ter que provar que é meu, ele vai ter, eu espero que ele tenha dinheiro para depois pagar e me dar o apartamento, eu já estou de saco cheio disso, essa é a verdade, estão gravando aqui para ficar registrado. Eu estou de saco cheio de ficar respondendo bobagens.
Coisas desrespeitosas, do ponto-de-vista pessoal. como quando o delegado pergunta (ele deve viver no mundo da lua) porque houve mais palestras em 2011 que em 2012, quando o ex-presidente estava se recuperando de um câncer na garganta:
Declarante: — Aí comecei a fazer quimioterapia, comecei a fazer radioterapia, só fui começar a ficar razoavelmente bem, a campanha do Haddad foi em outubro de 2012, eu ainda não conseguia falar porque tossia mais do que falava, eu só fui ficar pronto mesmo em 2013.
Delegado da Polícia Federal: — Início, meio ou fim?
Declarante: — Hein?
Delegado da Polícia Federal: — Início, meio ou fim de 2013?
Declarante: — Eu acho que no começo de 2013 eu estava muito ruim da garganta, estava muito inchado e a garganta ficava irritada por qualquer coisa.
Delegado da Polícia Federal: — Foi de tanta palestra em 2011, então.
Declarante: — Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra, né.
Delegado da Polícia Federal: — Início, meio ou fim?
Declarante: — Hein?
Delegado da Polícia Federal: — Início, meio ou fim de 2013?
Declarante: — Eu acho que no começo de 2013 eu estava muito ruim da garganta, estava muito inchado e a garganta ficava irritada por qualquer coisa.
Delegado da Polícia Federal: — Foi de tanta palestra em 2011, então.
Declarante: — Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra, né.
Se há algo a criticar no Lula é o ex-presidente ter tido tanta paciência. Eu, embora fosse evitar o vai se… apropriado à gracinha, teria no mínimo parado ali, por falta de respeito pessoal evidente, molecagem de brincar com o câncer alheio…
Em outras horas, é o delegado quem fica constrangido, como nos momentos em que Lula fala do baixo valor das diárias dos militares de sua segurança e quando ele concorda que o ex-presidente “faz muito bem” a propaganda do Brasil no exterior.
Mas tome de bisbilhotice sobre as palestras pagas a Lula:
Delegado da Polícia Federal: — Quem arca com os custos de transporte, hospedagem e alimentação?
Declarante: — Só para repetir, quem me contrata paga tudo.
Delegado da Polícia Federal: — Perfeito, perfeito.
Declarante: — Aqui e no exterior.
Delegado da Polícia Federal: — Qual é o tipo de hospedagem que o senhor exige nessas palestras, quando o senhor se desloca?
Declarante: — As que tem.
Delegado da Polícia Federal: — Não faz exigência de…
Declarante: — Não faço exigência porque, você sabe o que acontece, eu cansei de ficar em apartamento e a única coisa que eu utilizava era o banheiro de manhã e a cama durante 6 horas, então eu fico no apartamento que tiver.
Declarante: — Só para repetir, quem me contrata paga tudo.
Delegado da Polícia Federal: — Perfeito, perfeito.
Declarante: — Aqui e no exterior.
Delegado da Polícia Federal: — Qual é o tipo de hospedagem que o senhor exige nessas palestras, quando o senhor se desloca?
Declarante: — As que tem.
Delegado da Polícia Federal: — Não faz exigência de…
Declarante: — Não faço exigência porque, você sabe o que acontece, eu cansei de ficar em apartamento e a única coisa que eu utilizava era o banheiro de manhã e a cama durante 6 horas, então eu fico no apartamento que tiver.
Se Lula não é presidente, não é servidor público, se a palestra é um negócio privado, qual é o interesse em saber “o tipo de hospedagem”. Vá perguntar para a Madonna ou aos Rolling Stones, Doutor Delegado…
Eu poderia continuar selecionando dúzias de barbaridades. Referências à Petrobras entram um ou duas vezes, apenas para justificar uma suposta ligação com a Lava Jato. As perguntas sobre Bumlai são de doer, totalmente sem objetivo.
Nada que justificasse um depoimento, muito menos ainda um dado sob condução coercitiva.
Apenas um espetáculo de força e autoritarismo.
PS. Para quem quiser perder seu tempo, tem aqui o depoimento na íntegra.
Fernando Brito
No Tijolaço
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