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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mobilização das ruas contra o impeachment surte efeito: STF goleia Fachin, trava golpe de Cunha e Levy se demite do governo



Carta Capital > Justiça

Impeachment: STF anula "comissão de Cunha"; saiba os próximos passos

Supremo determina ainda que a comissão seja reeleita com voto aberto e confirma que o Senado tem o poder de barrar o impeachment
José Cruz / Agência Brasil
Luis Roberto Barroso
Luis Roberto Barroso abriu divergência ao voto de Fachin


A Câmara dos Deputados terá de refazer a votação que elegeu uma chapa alternativa para a comissão especial do impeachment. A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal entendeu que a candidatura da chapa não é legítima e defendeu que a indicação dos membros da comissão seja feita pelos líderes dos partidos. 
“A candidatura avulsa é constitucionalmente inaceitável”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, que abriu a divergência ao votar contra o relatório do ministro Luiz Edson Fachin. “Essa disputa com candidaturas alternativas deve ser intrapartidária, e não levada ao Plenário”, continuou Barroso.
A decisão favorece o governo Dilma Rousseff, uma vez que a chapa vencedora na eleição do dia 8 de dezembro é composta por 39 deputados de partidos da oposição ou dissidentes da base aliada, sendo, portanto, uma chapa abertamente pró-impeachment.
Esse grupo integraria a comissão de 65 membros que terá a missão de definir se abre ou arquiva a investigação contra a presidenta Dilma Rousseff. A votação que elegeu a chapa, conduzida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi realizada sob intenso tumulto, com urnas quebradas e microfones cortados.
Votaram contra a chapa da oposição os ministros Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski. Já o voto do relator, que mantinha a eleição da chapa alternativa, foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
Outro ponto derrubado pelos ministros foi a eleição da chapa por meio de voto secreto. Em sua fala, Barroso fez críticas ao deputado Eduardo Cunha. “O voto secreto foi instituído por vontade unipessoal do presidente da Câmara, que mudou a regra no meio do jogo. A vida na democracia não funciona assim”, afirmou.
A decisão obriga a Câmara a refazer eleição dos integrantes da comissão especial, e o voto deverá ser aberto.
Nesse ponto, a votação foi apertada no Supremo, com placar de 6 contra 5: além de Barroso, se manifestaram contra o voto secreto os ministros Rosa Weber, Fux, Cármen Lúcia, Marco Aurélio e Lewandowski; já os ministros Zavascki, Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello acompanharam o relator Fachin, que entendeu que o voto secreto era legítimo.
Senado
Contrariando novamente o voto do relator Fachin, a maioria dos ministros entendeu que o Senado tem o poder de rejeitar a instauração do processo de impeachment após a autorização da Câmara, o que ocorre quando 324 dos 413 deputados votam a favor do afastamento.
“Entendo que a Câmara apenas autoriza a instauração do processo e que cabe ao Senado processar e julgar, o que significa, consequentemente, que o Senado faz um juízo final de instauração ou não do processo”, continuou Barroso. Seguindo essa regra, o afastamento temporário da presidente, por até 180 dias, só deve ocorrer após a análise do Senado.
Na leitura de seu voto, o ministro Barroso lembrou o que foi definido pelo Supremo em 1992, no processo contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello. “Pauto meu voto pela jurisprudência que o Supremo já definiu em matéria de impeachment, em 1992. A premissa do meu voto é mudar o mínimo das regras que já foram adotadas”, disse.
O ministro Luiz Fux acompanhou a divergência. “Entendo que seria uma gravíssima violação à segurança jurídica se tratássemos esse caso de forma diferente”, afirmou.
Luiz Edson Fachin
Luiz Edson Fachin: ele foi apoiado por Gilmar Mendes e Dias Toffoli

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