O Poltergeist
Por
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
(escrito em 1999)
(escrito em 1999)
Poltergeist flagrado em ação, na França, em 1955
1º. – Os “Sintomas” gerais de um Poltergeist
2º. – Definição de Poltergeist
3º. – Teorias sobre as causas de um Poltergeist
4º. - Diferenças entre Poltergeists e Assombrações
5. – Algumas estatísticas
Bibliografia
*
1º. Os “Sintomas” gerais de um Poltergeist
Pense-se uma família comum, com seus filhos, em nada diferente de tantas outras morando em uma casa como tantas outras em um bairro normal de uma cidade qualquer. Toda a rotina comum da família vem se desenrolando sem aparentemente maiores sobressaltos fora aqueles leves incidentes comuns à maioria das famílias, talvez abalados aqui e ali por conflitos familiares que, não obstante, são considerados normais pelos integrantes da família e por seus amigos e vizinhos mais próximos.
Em um dia qualquer, porém, o roteiro comum da rotina familiar vem a ser estranhamente quebrado. Inicialmente, ouve-se o barulho de pancadas e, talvez, de pedras caindo. Pode até ser que além dos barulhos, pedras e outros pequenos objetos pareçam estão sendo lançados sobre a casa e/ou algum vidro em uma das janelas é estilhaçado. Logo, como é esperado, se pensa que alguma pessoa mal intencionada ou algum moleque traquina na rua ou na vizinhança é o autor da perturbação. Os donos da casa saem, então, em busca do autor da ação. Nada encontram e, então, tentam falar com os vizinhos, mas, não obstante, não encontram o imotivado agressor. Estes vizinhos, por sua vez, intrigados, começam a testemunhas os barulhos e, se for o caso, outros eventos estranhos. Para espanto de todos, começa a “chover” pedras por cima do telhado, sem que se veja de onde elas partem, e outros vidros se quebram. Para complicar a situação, mais tarde alguns móveis são encontrados em locais diferentes onde costumeiramente se encontram, portas se abrem sozinhas, ouvem-se ruídos esquisitos de mesas se arrastando ou, algumas vezes, sons parecidos com vozes ouvidos durante a noite e vêem-se objetos serem lançados longe dos locais onde deveriam se encontrar. A esta altura os vizinhos, que já estão a par e intrigados com os acontecimentos, começam a comentar o caso com outras pessoas e a tensão e excitação emocional logo se espalha pelo bairro.
De repente, toda a confusão amaina, parecendo cessar, e as pessoas suspiram aliviadas, buscando alguma explicação racional para o ocorrido. Quando tudo parece serenar, espantosamente a balbúrdia volta a ocorrer, agora causando desespero e terror na família e nos vizinhos mais próximos. Começa uma “caçada” desesperada para saber quem ou o quê está causando toda esta balbúrdia. Algum gato ou cachorro vira suspeito da traquinagem, embora esta explicação, diante de toda a ação, seja mais uma tentativa de se encontrar uma causa lógica para a confusão que uma hipótese realmente convincente. Talvez, supõe alguns, algum ladrão ou mesmo alguém próximo e muito vivo estejam tentando apavorar as pessoas para, quando estas saírem de casa, poderem concretizar o furto mais eficazmente, ou então algum “louco” por perto resolveu infernizar a família por puro deboche. A polícia é chamada, fazem-se novas buscas, mas nada confirma estas suspeitas.
Pensa-se depois em prováveis e raras causas naturais, como tremores de terra, mas as casas vizinhas, até mesmo contíguas, nada sofreram. A instalação elétrica é verificada, e tudo está normal. Como para rir-se das pessoas, objetos parecem simplesmente sair de armários ou surgir do nada. Ai, geralmente nesta hora, a polícia é novamente acionada. Presta-se queixa, alguns policiais vão até o local dos fatos, e nada encontram nem presenciam demais, a não ser o estado caótico da casa e das pessoas próximas. Mas algumas vezes, até mesmo os policiais podem ser surpreendidos por alguma pedra que, inexplicavelmente, cai a partir do teto (apport), como se o tivesse atravessado, e ainda podem presenciar outros acontecimentos anormais, como, por exemplo, alguma combustão “espontânea” em algum móvel ou uma xícara ou copo que sai do guarda-louça e vai se espatifar em uma parede situada a vários metros de distância (Andrade, 1989).
Se você conhece alguma história assim (que, apesar de pouco divulgadas, são mais comuns do que se imagina), contada por algum conhecido, lida em algum jornal ou vivenciada pessoalmente, então provavelmente - caso a fraude, diante das buscas, praticamente tenha sido descartada - o leitor amigo está diante de um fenômeno típico conhecido como Poltergeist.
2º. – Definição de Poltergeist
“Poltergeist” (pronuncia-se Poltergáiste) é uma palavra alemã, formada pela união de dois vocábulos: poltern = perturbar, fazer barulho, brincar, e Geist = espírito, fantasma. Assim, Poltergeist seria literalmente espírito barulhento, brincalhão, etc.
É uma palavra antiga, já citada, por exemplo, por Martinho Lutero, e foi criada pelas pessoas porque os fenômenos pareciam ser causados por fantasmas ou espíritos com a intenção de assustar ou mesmo agredir pessoas. Veja-se bem: o fenômeno parece ser dirigido para chamar a atenção e está ligado a certas pessoas. Muitos pesquisadores atuais, contudo, não aceitam a tese “espiritualista” para explicar o fenômeno e tentam não usar o termo já clássico “Poltergeist”, substituindo-o geralmente pelo termo técnico Psicocinesia Recorrente Espontânea (em inglês, Recurent Spontaneous Psychokinesis, ou RSPK), por acharem que todos os fenômenos do tipo Poltergeist podem ser explicados pela ação mental (inconsciente) sobre o meio físico (psicocinesia), onde, geralmente, um sujeito presente aos locais seria, sem que o saiba, o causador, ou, tecnicamente, o epicentro, do fenômeno.
Cabe salientar que este tipo de psicocinesia espontânea é bem diferente das tentativas de estudo de psicocinesia (ou PK) em condições de laboratório onde, quando muito, os efeitos registrados são bem modestos, muitas vezes apenas perceptíveis por cálculos estatísticos. Mesmo os supostos epicentros de um Poltergeist tendem a ter resultados nulos ou bem modestos em experimentos de PK. Adicionando-se a isto o fato de que certos casos aparenta uma espécie de planejamento inteligente, obtendo objetos ou provocando ações de alta complexidade, leva outros pesquisadores a acharem que, ao lado do agente inconsciente que pode ser o fornecedor de alguma forma de energia cinética, em muitos casos (mas não todos) existiria sim alguma espécie de intencionalidade e planejamento inteligentes, sugerindo a presença de uma entidade não-física que se utilizaria desta energia, de forma intencional, para provocar os fenômenos. Cabe salientar que mesmo quando o sujeito aparentemente causador, epicentro inconsciente, é encontrado (geralmente devido ao fato de que a sua ausência dos locais onde ocorrem os fenômenos normalmente se correlaciona com a interrupção destes), este muitas vezes, durante os fenômenos, não apresenta qualquer alteração dos estados psicofisiológicos normais, nem fadiga física ou mental (Andrade, 1989; Playfair, 1975).
Cabe salientar que este tipo de psicocinesia espontânea é bem diferente das tentativas de estudo de psicocinesia (ou PK) em condições de laboratório onde, quando muito, os efeitos registrados são bem modestos, muitas vezes apenas perceptíveis por cálculos estatísticos. Mesmo os supostos epicentros de um Poltergeist tendem a ter resultados nulos ou bem modestos em experimentos de PK. Adicionando-se a isto o fato de que certos casos aparenta uma espécie de planejamento inteligente, obtendo objetos ou provocando ações de alta complexidade, leva outros pesquisadores a acharem que, ao lado do agente inconsciente que pode ser o fornecedor de alguma forma de energia cinética, em muitos casos (mas não todos) existiria sim alguma espécie de intencionalidade e planejamento inteligentes, sugerindo a presença de uma entidade não-física que se utilizaria desta energia, de forma intencional, para provocar os fenômenos. Cabe salientar que mesmo quando o sujeito aparentemente causador, epicentro inconsciente, é encontrado (geralmente devido ao fato de que a sua ausência dos locais onde ocorrem os fenômenos normalmente se correlaciona com a interrupção destes), este muitas vezes, durante os fenômenos, não apresenta qualquer alteração dos estados psicofisiológicos normais, nem fadiga física ou mental (Andrade, 1989; Playfair, 1975).
3º. – Teorias sobre as causas de um Poltergeist
Nos fala o Engenheiro e Professor Hernani Guimarães Andrade, fundado do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísias, IBPP, em seu livro “Poltergeist, Algumas de Suas Ocorrências no Brasil” que:
Os especialistas com formação cientifica materialista questionam a cerca da causa do fenômeno. Eles acham inadequado o termo poltergeist, o qual insinua a intervenção de entidades desencarnadas, ou melhor, Espíritos de pessoas falecidas, de duendes, etc. A maioria dos investigadores admite que o poltergeist seja provocado à custa de certo tipo ainda desconhecido de energia produzida por determinada pessoa viva presente no local dos fenômenos. O presumível agente humano fornecedor da referida energia é tecnicamente chamado epicentro. Segundo esta hipótese de trabalho, o epicentro não só fornece a energia, como também pode comanda-la inconscientemente. (...) Usualmente atribuí-se tal poder a uma pessoa jovem, portadora de problemas de repressão. O poltergeist funcionaria como um meio de exteriorização ou escape da energia represada, energia esta relacionada com o desabrochar da atividade sexual. Decorreria daí uma estimulação da função psi-kappa (psicocinesia). O epicentro aplicaria inconscientemente suas energias para extravasar seus recalques (Andrade, 1989, pp. 5-6).
Esta é a teoria mais discutida, atualmente, mas que não é aceita, em sua totalidade, por todos os pesquisadores. Em especial, ainda resta esclarecer qual tipo de energia é esta que seria manipulada pelo epicentro e até onde esta está realmente ligada a uma ação aparentemente inteligente do inconsciente ou se a “energia” seria de fato doada pelo epicentro mas manipulada realmente por ele, de forma inconsciente. O mesmo autor acrescenta:
Neste ponto, surge o problema da causa do Poltergeist. Não há, por enquanto, uma opinião unânime. Alguns parapsicólogos negam-se a aceitar a teses espiritualistas, que atribui os fenômenos de Poltergeist à ação de agentes desencarnados usando a “energia” do epicentro para atuarem sobre os objetos materiais. Outros pensam justamente o contrário e acham que o poltergeist é provocado exclusivamente por espíritos de defuntos, por certas categorias de agentes incorpóreos não humanos e, em casos extremados, até mesmo pelo demônio. Finalmente, há aqueles que optam pelo meio-termo e acham que podem dar-se ambos os casos: ação exclusiva psicocinética do epicentro ou a ação combinada compreendendo a iniciativa de um agente desencarnado que aproveita e dirige a “energia” psicocinética do epicentro, provocando os fenômenos físicos (Andrade, 1989, p.7).
Em uma parte considerável dos casos de Poltergeist (mas não em todos), no momento em que se pode, com algum grau de certeza, apontar-se o epicentro do fenômeno geralmente é possível associar a este a uma série características psicossociais encontrados em conjunto:
A) Em grande parte dos casos, o epicentro é um adolescente, na maior parte das vezes do sexo feminino. Há, porém, em menor número, casos de adultos. O sujeito em questão parece estar em atrito com parte dos familiares ou pessoas com quem convive;
B) O epicentro geralmente passa por uma fase de dolorosa instabilidade emocional, ligada às crises normais da adolescência ou responsabilidades da idade adulta;
C) O sujeito (epicentro) é quase sempre reprimido em sua agressividade e/ou sexualidade.
Nestes casos, o tratamento psicoterapêutico ajuda a reduzir ou eliminar o fenômeno, mas não em todos os casos. Em alguns, devido à influência religiosa, a psicoterapia às vezes é substituída por cultos religiosos, exorcismos, etc. Estas também, algumas vezes, funcionam como um tipo de psicoterapia exercendo alguma influência claramente psicológica, cartática, emocional sobre o epicentro, em especial se este se sente apoiado, amado e fazendo parte de um grupo em que se sinta parte integrante, mas novamente nem sempre funcionam a contento em todos os casos. Algumas vezes se utiliza complementarmente tanto um como outro "tratamento", o que ajuda bastante no controle ou extinção do fenômeno, mas novamente existem casos que continuam apesar disto.
Convém também lembrar que o Poltergeist, via de regra, é uma ocorrência geralmente de duração limitada, e só em raríssimos casos podem durar por mais de alguns meses, raramente chegando a anos, e, ainda assim, de forma intermitente. O porquê destas variações ainda está em aberto.
Destaque-se que, se em em geral, é possível determinar um ou mais prováveis epicentros, em certos casos mais complexos de Poltergeist é praticamente impossível achar-se um epicentro definido, ou mesmo mais de um. Com a palavra novamente o Professor Hernani Andrade:
Entre 13 e 16 de agosto de 1980, Karlis Osis e Donna McCormick apresentaram um trabalho da Vigésima Terceira Convenção Anual da Parapsychological Association, em Reykjavick, Islândia: “A Poltergeist Case Without na Identifiable Living Agente”.
Trata-se de um caos de poltergeist ocorrido em um velho casarão ao sul de Nova Jersey, o qual fora convertido em uma loja de artigos para presente, em 1970. durante um período de aproximadamente dez anos, a referida casa manteve-se infestada, observando-se ali vários fenômenos recorrentes: desarranjos e mau funcionamento inexplicáveis das instalações elétricas, movimento de objetos, ruídos audíveis e aparições ocasionais. Pelo menos vinte e quatro pessoas, de vários graus de conhecimento e de idade, puderam testemunhar os eventos mais importantes, sendo que inúmeras ocorrências foram presenciadas coletivamente. Entretanto, não houve meios de selecionar-se alguém que pudesse inambiguamente ser apontado como epicentro. Em muitas ocasiões não havia ninguém na casa e, mesmo assim, o sistema de alarme contra assaltos era acionado (Andrade, 1989, pp. 113-114).
4º. - Diferenças entre Poltergeist e Assombração
Apesar de, normalmente, serem os fenômenos de Poltergeist associados com os de assombração, existem características distintas para ambos. Vejamos algumas:
O Poltergeist geralmente ocorre com a presença de uma pessoa, ou algumas poucas pessoas, geralmente de uma mesma família, e costuma acompanhar estas nos locais onde se estabelecerem. A assombração, ao contrário, tende a se ligar a locais como casas, prédios, fazendas, etc.
O Poltergeist quase sempre aparenta ter um objetivo, qual seja o de pertrubar ou molestar certas pessoas, quebrar objetos, assustar. A assombração geralmente parece indiferente a pessoas ou visitantes dos locais onde atua. Apenas em alguns casos se mostra agressiva. Normalmente, o "fantasma" de uma assombração repete atos de forma aparentemente automática.
A duração de um Poltergeist geralmente varia de poucos minutos a alguns poucos anos, de modo flutuante. A assombração, contudo, pode permanecer por séculos. A assombração, em alguns casos, tenta se comunicar com alguém, mas não demonstra intenção de machucar ou causar dano. Neste casos, ela cessa após conseguir seu intento. Ademais, enquanto no Poltergeist existe claramente fenômenos físicos objetivos, nas assombrações os fenômenos são geralmente subjetivos, reduzindo-se quase sempre à aparições e audições de vozes ou ruídos. Entrentanto, em alguns casos, existem ocorrências mistas de todos estes fenômenos, tanto em Poltergeists quanto em Assombrações.
5. – Algumas estatísticas
Da totalidade dos 500 casos, 152 deles ocorreram envolvendo pessoas com menos de 20 anos, portanto, em 30% dos casos totais. Agentes prováveis com mais de 20 anos totalizaram 19% dos casos (42 casos). Desta forma, dos 197 casos com epicentros conhecidos, 78% das pessoas tinham menos de 20 anos de idade. Mas o numero de pessoas-foco com mais de 20 anos também e significativo (Gauld & Cornell, 1979, p. 226).
Bibliografia
Andrade, Hernani Guimarães, 1989. Poltergeist, Algumas de Suas Ocorrências no Brasil. São Paulo, Editora Cultrix/Pensamento.
Andrade, Hernani Guimarães, 2002. Parapsicologia, Uma Visão Panoramica. São
Paulo, Editora FE.
Flammarion, Camille, 1924. As Casas Assombradas, Rio de Janeiro, FEB.
Gauld, Alan & Cornell, A. D., 1979. Poltergeist. London, Routedge & Kegan Paul.
Playfair, Guy Lyon (1975). The Flying Cow; London, Souvenir Press.
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