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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Emir Sader sobre as táticas da Direita nos eventos recentes

"Tudo isso que tá ai!"

texto de Emir Sader





O campo ideológico estava polarizado entre a prioridade do social - encarnada pelo governo - e o antiestatismo - protagonizado pela oposição. Que o Brasil havia mudado, e para melhor, era um dado consensual. O governo buscando aprofundar e estender as políticas sociais, a oposição denunciando que o estatismo é o obstáculo para o Brasil avançar.

Valendo-se das mobilizações das últimas semanas, a direita trata de impor outra visão, mais radical ainda: a de que nada de importante passou no Brasil, que só agora a população "desperta" e que é preciso se opor "a tudo o que está aí". Mais radical porque desconhece todos os avanços no combate à desigualdade, à miséria e à pobreza logrados na última década. Tenta fazer tábula rasa e apagar tudo o que os governos do Lula e da Dilma conseguiram.

Só assim é possível a segunda parte da visão: opor-se "a tudo o que está aí". Neste caso, esse "tudo" se resume ao governo, somando a ele o Congresso. Se absolvem os bancos, os monopólios midiáticos, as grandes corporações econômicas, entre outros, que seriam os beneficiários de uma derrota de "tudo o que está aí".

Se esse consenso chega a se impor - e ele tem uma massa de jovens mobilizados e sensíveis para impô-lo, multiplicado pela ação da mídia -, se apagariam os avanços da última década e se concentraria o fogo no governo como o "velho" que bloqueia o avanço do país.

Nas acusações sobre os gastos da Copa - desde a suspeita de corrupção até o desvio de recursos de setores vitais -, mais além de que o governo tem argumentos contra - como se viu no discurso da Dilma -, o fracasso da política de comunicação fez com que o governo sofresse uma imensa derrota. É como se esses argumentos fossem já um consenso na opinião pública e na juventude em particular.

Essa visão busca invisibilizar o povo - os trabalhadores, os sem terra, todas as camadas populares beneficiadas pelas políticas governamentais -, reivindicando-se para eles a representação do Brasil, com o argumento forte de que eles são os jovens.

Está em disputa assim o consenso geral no país, a partir de uma nova ofensiva ideológica da direita, agora se valendo dos jovens e da sua disposição espontânea de atacar "o poder, a corrupção", "isso tudo que está aí".

Se o governo não mudar políticas fundamentais, a começar pela de comunicações - que falhou estrepitosamente - e desenvolver políticas sobre temas tão caros à juventude - como a ecologia, o aborto, a descriminalização das drogas, a internet -, criando canais de contato e discussão permanente com os jovens, vai ter muita dificuldade para recuperar sua imagem, valorizar o que foi feito e executar seus planos de futuro.




3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Em quem acreditar??? Por que fazem essa "merda" toda com o povo brasileiro? É necessário educação urgente, já, mesmo que tardia!!!

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  3. Pois é... educação permite ter um senso crítico que filtre o bombardeioi midiático, financiado por empresários e conservadores....

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