Segue, para reflexão, parte da discussão do historiador e sociólogo, Prof. Lázaro Curvêlo Chaves sobre o fundamentalismo evangélico e de mercado. Extraido do texto Reflexões sobre o Fundamentalismo, Revista Espaço Acadêmico, nº 6, 2001, também publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 24/10/2001.
Vejamos um pouco mais de perto o fundamentalismo evangélico. Pratica uma forma de religião que nasce contra o catolicismo especificamente para corroborar e homologar o capitalismo (é a forma religiosa do fundamentalismo de mercado em sua versão mais acabada) e, como todo o fundamentalismo, não aceita argumentações racionais voltadas à viabilização de um diálogo. Se lhes dizemos: “ninguém é dono da verdade, somos, na melhor das hipóteses, buscadores da verdade”, respondem coisas como “a verdade é Cristo e, quem tem Cristo no coração somente vive, fala e pratica a verdade”, ou seja, uma vez que, segundo aquela visão “a salvação não está nas obras, mas na fé”, pode-se praticar o que se quiser desde que a “profissão de fé” esteja dita. (...).
De todas as formas de fundamentalismo hoje vigentes no mundo globalizado pelos norte-americanos, o fundamentalismo de mercado é o mais baixo, vil, cruel e mesquinho. Com o fundamentalismo evangélico a homologá-lo na dimensão religiosa vemos a Nação mais poderosa do mundo a submeter e massacrar todos os povos da terra culminando com uma guerra insana contra uma das mais pobres do planeta sem que possamos fazer absolutamente coisa alguma a não ser deixar o nosso protesto registrado (...).Resumindo:1) Vivemos num mundo em que o fundamentalismo de mercado impõe seus valores a todos os povos. “Tecnicamente” se possível. À bala se necessário.2) O fundamentalismo de mercado apresenta total devoção ao comércio e preocupação social tendente a zero.3) Em todas as formas de fundamentalismo ocorre uma busca de absolutização do “eu”, do “ego”. Diz-se “eu tenho razão”, “sou dono da verdade”, você, se pensa diferente de mim, não tem razão. Tem de ser “globalizado”!4) A marca da globalização de cima para baixo promovida pelos norte-americanos é o não reconhecimento do outro.
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