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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

20º Encontro da Nova Consciência


Imagine não existir paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
você se juntará a nós
E o mundo será como um só

John Lennon, Imagine


Todos os anos, desde 1992, o sonho do diálogo, da tolerância, da fraternidade e do respeito entre pessoas e pensamentos se concretiza em um dos mais belos eventos transdisciplinares, holísticos e inclusivos realizados no Brasil: O Encontro para a Nova Consciência, que neste ano de 2011 completa vinte edições.

Inicialmente criado para sedimentar o pensamento macro-ecumênico democrático, como um grande retiro espiritual para o diálogo e convivência, a ser efetuado no período de Carnaval, o Encontro para a Nova Consciência superou esse projeto e hoje inclui o debate de temas científicos, da ecologia e da antropologia e física à psicologia e teologia, em um macroevento que se destaca pelo pensamento de paz, de inclusão e partilha. De fato, o Encontro foi um dpos primeiros no Brasil a se sedimentar como harmonioso evento de inclusão e diálogo entre os diferentes, superando os aspectos estreitos da religiosidade institucional para se atingir a espiritualidade da partilha e compartilhamento de idéias e amizade.

Esses 20 anos, que incluiram a presença de nomes famosos do pensamento sistêmico e da crítica social, como Leonardo Boff, Divaldo Franco, Pierre Weil, Dom José Maria Pires, Marcelo Barros, Hermógenes, Augusto César Vanucci, Paulo Coelho, Nando Cordel e tantos outros, viu sedimentar o evento - não sem lutas com um meio externo por vezes apático, por vezes, contrário - como a realização de uma proposta séria de Cultura de Paz. De fato, mesmo o meio arredio saiu ganhando com o evento, já que o Encontro mudou a face da cidade que costumava se esvaziar no período de carnaval. Hoje a cidade recebe turistas de todo o Brasil, lotando a rede hoteleira, restaurantes, bares e serviços, mudando totalmente a economia local, que já funciona hoje com o sistema de hospedagem alternativa, por ser grande o número de pessoas que procuram opções que não sejam a do carnaval, bastante descaracterizado nos dias atuais, padronizado e vulgarizado pela mídia. De fato, na proposta do Encontro, haveria de ocorrer em Campina Grande o Almaval - o Carnaval da Alma; celebração de valores sadios e integrativos que envolvem pessoas em sua totalidade: corpo - mente - espírito.

Contudo este trabalho avançado de cultura de paz e fraternidade causou a reação de certas parcelas ultra-conservadoras exclusivistas e reacionáraias, especialmente do segmento evangélico, que criaram um evento paralelo com o intuito de destroçar o evento da Nova Consciência e garantir a implantação de suas doutrinas no lucrativo mercado religioso, muitas vezes apelando para manobras políticas contra a realização do evento.

Em tudo o evento-cópia evangélico é o oposto do Encontro da Nova Consciência: enquanto a Nova Consciência é democrática, dialógica, pluralista e inclusiva, a 'consciência' dos radicais fundamentalistas é exclusivista, intolerante, burguesa, ideológica, conservadora, obscurantista e belicosa. Infelizmente, a bancada evangélica tem bastante poder político. Lembremos que a característica do fundamentalismo cristão está na ênfase literalista e exclusivista da Bíblia (desconsiderando mesmo os estudos acadêmicos e a interpretação de outras correntes, inclusive judáica, de onde se origina) como sendo autoritativa, não só em matérias de fé, mas na regência da sociedade, que para eles deve ser quase teocrática, e na interpretação da ciência, desconsiderado bastante idéias evolucionistas, paleográficas, antropológicas. E a escuridão das trevas atuando sobre a política local vem retirando as verbas do encontro original para fortalecer a dos "poderosos" fundamentalistas, desconsiderando a constituição que diz que o estado é Laico (o Encontro da Nova Consciência não é de uma religião, nem mesmo religioso, mas de debate de idéias, inclusive religiosas, portanto laico no sentido estrito). Novamente, a violência e a estreiteza do obscurantismo intelectual calcado em dízimos e lucros advindos da mercantilização da fé, em sua contraparte política, se abate sobre os ventos da democracia e do livre pensar...

Apesar desta reação fundamentalista, o Encontro da Nova Consciência ainda existe e floresce. Esperamos que continue assim por muitos anos mais e que lance suas sementes de fraternidade para todo o país.

O Encontro da Nova Consciência é um evento único no mundo conseguindo envolver em um período de cinco dias, as maiores personalidades nacionais e internacionais, para a abordagem de temas de interesse da humanidade, exercitando a tolerância, o diálogo Inter-Religioso, o Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Social.

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